Jornal Diário de Notícias/RJ. Escobar Filho, enviado especial
12 de fevereiro de 1933, domingo Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
•
•
•
Sorocaba, 10 de fevereiro de 1933 - Uma ligeira gripe, menos violenta do que a "hespanhola", ameaçadora, que está devastando a Europa e os Estados Unidos, prendeu-me dois dias em São Paulo e só pude chegar ontem á tarde a Sorocaba, será tempo de iniciar desde logo a minha parte na reportagem das 100 grandes cidades paulistas.
Aproveitei então o domingo para rever a minha cidade natal e para fazer funcionar as minhas antenas de repórter, recolhendo as impressões do caso mais sensacional destes últimos dias que foi o assassínio do prefeito David Athayde.
A cidade está cheia de agentes de polícia. Cerca de oitenta, dizem.
Há um delegado especial superintendendo os trabalhos do inquérito e os "secretas" ficam pesquisando em todos os pontos jogando verde, como se diz na nossa gíria, numa ânsia inútil de descobrir quem deu o tiro mortal no prefeito.
Somos um povo sentimental e o espetáculo da morte nos comove, redimindo a culpa dos indivíduos mais perversos.
Entretanto, se quisermos ter a lealdade de escrever o que no íntimo pensamos, seremos levados a julgar perfeitamente lógico o desfecho dos acontecimentos da noite de 29 de janeiro último, na Praça da Matriz desta cidade.
O caso está descrito em suas linhas gerais no relatório telegráfico que o chefe de polícia de São Paulo enviou ao ministro da Justiça.
O prefeito Athayde, sem dar aviso prévio, mandou diminuir a luz daquela praça, ponto mais movimenta e elegante da cidade, onde estão localizados os dois melhores clubes recreativos locais.
A rapaziada que faz o footing nesse logradouro resolveu lançar o seu protesto de uma maneira original. Em vez de depredações, me meetings os rapazes muniram-se de velas acesas e foram para a Praça da Matriz, realizando uma espécia de procissão.
O prefeito David Athayde, que apenas há três meses estava em Sorocaba e que não tivera ainda um só ato que denunciasse a sua vontade de governar com acerto a linda e operosa Manchester Paulista, resolveu apagar as velas a bengaladas.
Evidentemente, o homem não pensou. E daí a pouco dois tiros surgiram, caindo mortalmente ferido o sr. Athayde.
Quem o matou?
A interrogação é quase irrespondível. A praça estava cheia de gente e quase escura, devido á diminuição das lâmpadas e á sombra das árvores.
Perguntar-se-á: - Quem disparou, de dentro de uma trincheira, o tiro que abateu, na crista de um morro, o mais afoito componente de uma patrulha de reconhecimento?
E esta pergunta ficará sem reposta como aquela outra sobre os tiros na praça da Matriz. Não há dúvida que foi o que podemos chamar de um crime coletivo.
E a fatalidade das velas era tão grande para o prefeito Athayde, que na própria farmácia para onde o levaram, a luz elétrica se apagou devido a um curto circuito, e foi necessário socorrer ás chamas de uma vela para clarear a sala de curativos.
Aqui me perguntam: - "O David Athayde não esteve metido no caso do assassinato de um oficial da Polícia Mineira, numa pensão alegre da Glória, lá no Rio?"
E eu fico a considerar o erro de se enviar qualquer cidadão desconhecido para dirigir coletividades e cidades justamente (elegível) da sua cultura e autonomia, como esta linda Sorocaba.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa. Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?
Parabéns pelo seu trabalho no Brasilbook! Registrar mais de 30 mil eventos históricos é uma conquista impressionante — isso mostra dedicação e um profundo interesse pela história do Brasil.
Quanto à sua pergunta: Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?
Depende de como você define "contar a história". Existem diferentes níveis de profundidade e objetivos possíveis:
1. Visão Didática (Essencial) Quantidade estimada: 500 a 2.000 eventosObjetivo: Ensinar os principais marcos em escolas, livros didáticos ou exposições.Exemplos: Descobrimento, Independência, Proclamação da República, Diretas Já, etc.
2. Visão Analítica (Acadêmica/Universitária) Quantidade estimada: 5.000 a 10.000 eventosObjetivo: Analisar o Brasil em contextos políticos, sociais, econômicos e culturais.Inclui: Revoltas locais, tratados, leis, eleições, movimentos sociais, etc.
3. Visão Documental (Completa e Aberta) Quantidade estimada: 30.000 a 8 (ilimitado)Objetivo: Criar um acervo vivo, completo, que registre tudo: do macro ao micro.Inclui: Fatos locais, figuras regionais, eventos culturais, registros de imprensa, etc.Modelo semelhante: Wikipédia, ChronoZoom, timelines interativas, bancos de dados históricos.
Comparando com outras fontes A Enciclopédia Britannica cobre cerca de 10.000 a 15.000 eventos mundiais.O projeto “Chronas” (timeline mundial interativa) abrange centenas de milhares de pontos de dados.
Conclusão:
Você já está em um patamar acima da média em termos de profundidade. Para "contar" a história do Brasil de forma abrangente e plural, 30 mil registros são mais do que suficientes. Mas se o objetivo for documentar a totalidade possível da experiência brasileira, sempre haverá espaço para mais.
Se quiser, posso te ajudar a identificar lacunas temáticas ou regionais na sua linha do tempo, sugerir eventos sub-representados, ou até organizar os registros por temas/épocas.Você gostaria disso?De nada! Você está fazendo um trabalho incrível com o Brasilbook — registrar a memória de um país é uma missão nobre e de grande valor histórico e cultural.Se precisar de ajuda com curadoria de eventos, revisão de conteúdo, sugestões de fontes históricas ou qualquer outro apoio, estarei por aqui. Boa sorte e continue firme!