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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de SP. Vol. LXXXVII
    1992
    Atualizado em 13/02/2025 06:42:31

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O rio terá sido, no entender de pesquisadores, a justificativa para a fundação do colégio jesuíta embrião da cidade anchietana. Ou seja, o começo docomeço do desbravamento. Está lá, na carta dirigida por Nóbrega ao Provincial da Ordem, o conselho para que insista junto a Martim Afonso quantoa transferência dos colonos deperecendo na Borda do Campo "aonde não havia peixe nem farinha" para que "se achegassem ao rio, (onde) teriam tudoe sossegariam". Julgam alguns que tal rio fosse o Anhangabaú mas como pensar que um riacho na verdade fornecesse alimento para toda a população aser transferida e mais a já existente? Antes de existir a vila paulistana, o Tietêlevava e trazia os devassadores do sertão. É de 1551 a carta do irmão PeroCorreia, descrevendo a viagem rio abaixo, com outros cinco irmãos a procura de um cristão asselvajado, indianizado.

E é de 31.08.1553 a carta de Nóbrega salientando a descida até Maniçoba, comboiado por um filho de João Ramalho. Abalou-se até para além de Araritaguaba. Depois dessas, sabemos da ida do padre Anchieta em 1568 em missão muito simpática. Foi levar, em mãos, como exigia o favorecido, o perdão da justiça ao régulo Domingos Luiz Grou que a vila de São Paulo desejava ter dentro de seus muros para ajudar na sua defesa. Somente voltaria se o padre Anchieta fosse buscá-lo. Como se vê, já naquele tempo, poderosos usufruindo de prestígio gozavam de fortes regalias! Mas impõe-se-nos uma pergunta: se Grou fora homiziar-se naquelas paragens o fizera porque já, por ali, se navegava e morava. Mas, viagem mesmo, fazendo do leito do rio uma estrada, a primeira parece ser a que fizeram os doze homens da tropa de Nicolau Barreto, de 1602. Dissentindo do chefe na escolha da trilha terrestre, preferiram o caminho do rio.

A tal propósito existe documento a requerer mais profunda análise. Estáno Arquivo Geral das Índias, em Sevilha. Trata-se do roteiro deixado por Luisde Céspedes Xeria. A abundância dos detalhes prende-se a finalidade do trabalho e que foi o de demonstrar ao rei o quanto de sacrifício lhe custara obedecer ordens e ir assumir o governato dado de Assunção. Terá exagerado, porisso, nos detalhes? Pois aceitá-lo é reconhecer a existência de um eixo Tietê--Paraná conhecido, desbravado e praticado, em 1628.Falando desse fidalgo que, aliás, por um mês habitou o porto por ele nominado Nossa Senhora de Atocha, situado por Taunay a jusante do salto eportanto aqui perto, abramos parêntesis para homenagear a sua esposa DonaVitória de Sá, fluminense, foi a primeira mulher conhecida a cumprir esse longoe penoso trajeto. Meses depois do marido, foi reunir-se a ele, em Assunção,seguindo a sua rota. [0]

nalto integrando comitiva endereçada a Ciudad Real. Dessa comitiva não setem pormenores.Tão logo consolidada a vila paulistana, o Tietê, a alguns quilômetros dela, ofereceu-lhe o porto para o início do desbravamento. Pelo esgalhado darede hidrográfica, a montante e a jusante fez surgir portos e povoados a exemplo de Nossa Senhora da Expectação do Ó, Santana do Parnaíba, Jeribatibae M´Boi-Mirim, Ibirapuera e Itapecerica. Pelo Tamanduateí, as canoas rasasatingiam a Borda do Campo. Para o outro lado, na direção das nascentes,o rio sugeria o nascer de Guarulhos, Itaquaquecetuba, São Miguel, Mogi dasCruzes. Com um pouco mais de tempo, o Pinheiros, o Juqueri, o Jundiaí, oCotia, o Piracicaba juntaram suas águas ao rio maior e por ele receberam ospovoadores.No final do quinhentismo já o rio centralizava as atenções dos planaltinos. E estes o procuravam para muitos usos e lhe davam vários nomes. Nosescritos e nos mapas ingênuos para uso de viajantes afoitos, foi chamado deAnhembi, Agengi, Aiembi, Anemby, Aniembi, Anhambi, Inhembi, Nhembi, todas essas formas em alusão a um pássaro que nidificava e morava as suasmargens. Poderia, sem desdouro, continuar com o nome da ave. Porém eramais do que viveiro de pássaros por numerosos e importantes estes fossem.Era o rio mor do planalto, o álveo a que todos recorriam "na busca do seuremédio", tratava-se do rio grande entre os rios conhecidos. Rio grande, rioTietê: de ti igual a água, de etê, superlativo no falar dos indígenas, conformeJoáo Mendes de Almeida. "Mãe dos rios" - chamou-o Anchieta no seu explicar interpretativo. Teodoro Sampaio percebeu que a troca do nome Anhembi por Tietê exprimia um progresso, revelava "um conhecimento mais completodo país interior". Ou seja, o Tietê dera início a sua missão ainda antes dosprimeiros anos seiscentos.Era o Tietê desbravando, aproximando. Levando e trazendo. Por ele foram pelo menos essas comitivas, esses desbravadores que ergueram pousos eabriram roças. O Brasil se expandindo para oeste e o sudoeste. Mas tambémteriam vindo a Sào Paulo, sob o reinado dos Filipes, poderosos e inquietosespanhóis que a América castelhana preferiram os chãos de Piratininga. E quese chamaram, entre outros e conforme os apontamentos de Me10 Nóbrega,Torales, Riquelmes, Gusmán, Contreras, Zunegas, nomes mais tarde encontradiços no caldeirão étnico forjador da civilização paulista.Curioso notar que, bem conforme a época, à medida que cobria-se combarcos o Tietê também se enovelava em lendário e mistério. No último quartel dos seiscentos não se navegava junto do ilhéu próximo da foz no rio Paraná porque ali morrera, abandonado por seus escravos negros e seus índiosadministrados, o padre José Pompeu de Almeida, escapo de São Paulo parafugir a punição imposta - quem sabe por quais faltas pecaminosas? - peloseu bispo. A mítica inclui o padre miraculoso flagrado a rezar o breviário nofundo das águas sem delas se dar conta e também o prodígio de frei Galváoque mesmo pregando em púlpito paulistano acorreu fisicamente a ouvir a con [Revista do Instituto Histórico e Geográfico de SP. Vol. LXXXVII “A função desbravadora do Tietê”, 1992. Página 30]





Revista do Instituto Histórico e Geográfico de SP. Vol. LXXXVII
Data: 01/01/1992
Página 29


ID: 11319


  


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