Gaspar da Gama: um judeu no descobrimento de Brasil
18 de dezembro de 2019, quarta-feira Atualizado em 24/06/2025 02:19:47
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São 6 horas da manhã do dia 23 de abril de 1500, o sol acaba de nascer saindo das águas do oceano Atlântico iluminado a costa brasileira a frente.
As 13 embarcações da esquadra se dirigem lentamente, cerca de 10km/h. Por volta das 10 horas, cerca de 2km da praia, lançam a âncora, que pousa no fundo arenoso, a 19 braças, ou 14 metros, de profundidade.
Um batel (a maior das embarcações miúdas que serviam aos navios antigos, naus e galeões) da nau Capitânia, e nela estão Nicolau Coelho, um veterano que havia viajado á Índia com Vasco da Gama dois anos antes, 4 remadores, sendo um escravizado angolano e um grumete da Guiné, e um homem alto, misterioso, de barba branca, também vestido de branco, com a cabeça coberta com uma touca.Este homem vinha da Índia, mas não era indiano. Falava, se supõe, ao menos dez línguas.
E assim, num barco, os portugueses conseguiram reunir homens de três continente. Nicolau Coelho, que era português, os africanos de Angola e de Guiné, e esse misterioso homem vindo da Índia. Ao todo eles falavam 12 línguas. Talvez mais de 12, porque só um deles falava 10, como eu disse.
Mas nenhum deles falava tupi, então não houve entendimento com aqueles nativos tupiniquins nas praias do sul da Bahia.Pela primeira vez na história um judeu chega ao Brasil. É o homem de branco, o poliglota, é o homem alto, com essa vasta barba.
O Gaspar da Gama faz a sua entrada na história portuguesa, na história ocidental, em setembro de 1498, e de um jeito inacreditável. Mais inacreditável que este que contei, que se deu no dia em que os portugueses pisam, pelo menos oficialmente, pela primeira vez no Brasil.
Em setembro de 1498, Vasco da Gama já estava a vários meses na Índia, ele havia chegado no dia 29 de maio de 1498, enfim descobrindo, após anos, anos e anos de tentativas portuguesas de descobrir um novo caminho marítimo pada as Índias.
Ele teve "mil" problemas em Calicute, então ele foi mais para o sul, numa ilha chamada Angediva. E quando ele está ancorado nas proximidades da ilha de Angediva, vejam o que acontece, está narrado pelos cronistas oficiais:
Estávamos ancorados na ilha de Angediva, 12 léguas da cidade de Goa, quando um homem velho, todo dr branco, grande de corpo e grande de barba, aproximou-se a bordo de una fusta (pequena embarcação da época) e gritou para nós, os portugueses, em castelhano: Dios salve las naves e los señores capitanes cristianismo e toda la compania que nelas vieram.
Os portugueses ficaram surpresos, era inacreditável um homem falando castelhanos (espanhol) onde estavam, em Angediva, na Índia. Ele sempre vestia-se de branco. Vasco da Gama convida-o para subir a bordo e o prende.
Antes de ser preso ele havia dito que viera de Granada, na Esoanha, sua terra natal, e que estava há 40 anos da Índia e tudo o que mais queria era que aparecesse naus dos cristãos para o levarem de volta.
Vasco da Gama era uma pessoa "horrorosa", de uma crueldade boçal, tanto é que ele prende imediatamente Gaspar da Gama, tira sua roupa e o tortura "pingando-o", que quer dizer pingar óleo fervente em sua pele. Afim de saber a verdade, que aparentemente Gaspar da Gama não dizia.
Primeiro ele diz ser nativo de Granada, que depois mudou-se para Alexandria, depois para Jerusalém. Ele vai contando uma história cada vez mais louca. E o tempo inteiro agradecendo por estar apanhando.
Em nenhum momento ele esboça defesa ou ataque, ele se comporta totalmente cordato, e após 12 horas de tortura, Vasco da Gama deu-lhe dois pães e um queijo.
A história desse homem foi registrada por todos os grandes cronistas da Índia. Essas viagens portuguesas foram descritas com detalhes, com minúcias de detalhes, pelos cronistas oficiais do reino.
Fernão Lopes de Castañeda, Damião de Góes, Zurara, que escreveu antes, Gaspar Correia, que é quem escreveu o trecho que acabei de ler aqui. E o grande João de Barros, cronista oficial da Corte, que depois virou donatário do Maranhão.
Todos estes cronistas descrevem a figura de Gaspar da Gama, porque ele realmente era uma pessoa muito impressionante. Estes cronistas, claro, contavam a versão oficial, mas minuciosa do que aconteceu. Então se descobre, ao longo do tempo, que ele
Vasco da Gama descobre que, apesar de aparentar ser um "falastrão", na verdade era uma pessoa que conhecia muito do comércio da Índia, que conhecia todo o Oriente, e resolve leva-lo de volta para Portugal.
Imediatamente não, mas ele logo em seguida é recebido pelo Dom Manuel e passa a frequentar a corte! E olha o que o Dom Manuel escreve sobre ele, cara, é um texto inacreditável.
"Trouxeram muitas especiarias, e ouro e diamantes, mas sobretudo trouxeram um judeu que agora já está tornado cristão, homem de grande descrição e muito engenho, nascido em Alexandria, grande mercador e lapidário (né, lapidava pedras), o qual mais de 40 anos tratava na Índia, e sabe, assim, esmiuçadamente tudo quanto nela há, e assim todas as terras que a cercam e todas as coisas delas, desde Alexandria para lá até o sertão da Índia e da Tartária para lá... E é graças aos conhecimentos dele e para o santo serviço e para o bem da cristandade que vamos descobrir, graças a esse homem, tudo que cerca aquela terra. Deus seja louvado. E esse homem sabe falar hebraico, caldeu, arábico, alemão e polonês, além de falar também italiano misturado com espanhol, mas fala de forma tão clara que para nós soa como se fosse português".
Cabral Data: 01/01/1900 Oscar Pereira da Silva - Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro, 1500, Acervo do Museu Paulista da USP
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