25 de fevereiro de 1862, terça-feira Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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nos Autos do processo, e diante das circunstâncias, não se tem como assegurar que o escrivão tenha registrado o que, de fato, a escrava relatou. Benedita era analfabeta, assim também nunca leu o que escreveram a respeito de suas declarações, porém, ela sabia da sua condição e reputação, conhecia as suas inimizades e seus aliados.
Do dia da denúncia a autuação foram mais de cinco meses. Era 25 de fevereiro de 1862 quando Benedita foi convocada para prestar novos depoimentos. Na ocasião a escrava reafirmou que sofria castigos violentos e declarou que:
Várias pessoas assistiam os castigos [...] que foi castiga várias vezes, de manhã e a tarde em diferentes épocas. Que a lesão da mão e do joelho foi porque apanhou tanto e deu-lhe um ataque e caiu no fogo. Que teve uma criança a pouco tempo, mas morreu, bem pequena, sem estar batizada. E que toda a vizinhança sabe desses maus-tratos [8].
O depoimento de Benedita assegura a violência desmedida praticada pelo seu senhor e ainda assistida pelas pessoas que se encontravam em volta. Sabe-se que a perpetuação da escravidão ocorria também pela gestação de novos escravinhos. E atitudescomo essas cometidas contra escravas não estava de acordo com os códigos de leis do período. Maus tratos e castigos desmedidos afetavam as relações entre senhores e escravarias. Além, disso, castigos violentos tocavam na estrutura do sistema escravista.Luis Carneiro Araújo também prestou depoimentos e na ocasião afirmou que:
Sabe que está sendo acusado por uma escrava, de ter sido surrada. Que por diversas vezes tinha castigado sua escrava e que sempre com moderação. Que a escrava não era desobediente, mas fujona, saindo de casa sem causa, mas que nunca aplicava castigos rigorosos. Que sempre recebera em casa quando vinha apadrinhada sem lhe administrar castigos algum. Que as vezes castigava a escrava com relhada quando era preciso [9].
Observa-se no relato de Luis Carneiro Araújo que os castigos sofridos pela escrava são confirmados, porém, conforme o indiciado, tais castigos eram administrados de acordo com os códigos das legislações da época. Nesse contexto, os senhores não eram proibidos de castigar seus escravos, mas era necessário conhecer a lei para saber identificar até onde poderia avançar com suas medidas coercitivas para não praticar
8 CASA DA CULTURA EMÍLIA ERICHSEN. Processo s/n.. Caixa/ano: 1862. Lesões corporais.
9 CASA DA CULTURA EMÍLIA ERICHSEN. Processo s/n.. Caixa/ano: 1862. Lesões corporais.
castigos desmedidos. E nesse caso, os castigos desregrados cometidos contra a escravaBenedita levaram Luis Carneiro Araújo a prestar esclarecimentos as autoridades locais.O depoimento do acusado centrou principalmente nas questões comportamentaisda cativa. Enfatizou que a mesma não “era desobediente” mas “era fujona, o que leva aimaginar que as escapadas de Benedita demonstrasse insatisfação pela condição de cativa.A desobediência de Benedita, da qual o senhor se refere não fica claro na documentação,talvez se referisse a alguma atitude agressiva por parte da escrava.A denúncia feita por Benedita ao juiz municipal a respeito do tratamento querecebia de seu senhor acabou movimentando a delegacia local, pois, a escrava no seudepoimento apresentou nomes de várias pessoas que presenciavam frequentemente asatitudes de seu senhor, inclusive o irmão do acusado, Francisco Carneiro de Araújo, quefoi chamado para apresentar sua versão dos fatos.Desse modo, as autoridades locais ouviram as versões de todos os intimados. Eem 25 de fevereiro de 1862, após decisão do tribunal de júri, sentenciou o veredito final.O juiz Domingos Martins de Araújo optou em acatar a decisão do júri, ou seja, absorveuLuis Carneiro de Araújo. Os autos do processo afirma que o tribunal do júri absorveu“por unanimidade de votos que o réu não pregou castigos brutais e rigorosos a escrava”10.Infelizmente nessa documentação não consta o que aconteceu com Benedita, quais osnovos encaminhamentos na sua história.As histórias de Damásia e Benedita apresentadas no decorrer deste ensaio versamsobre a questões de liberdade. E mostram que viver como escrava no oitocentos eraenfrentar diversas agruras, sem falar dos abusos e das humilhações dos domíniossenhoriais. Apesar dessas histórias estarem situadas em fatos individuais elas englobamcontextos muito mais amplos, pois, suas experiências lançam feixes de luzes sob as açõese reações das mulheres no cativeiro. Como vimos, ambas histórias tem em comum asrelações envolvendo senhores e escravas. A condição de escrava não impediu dedemonstrar suas vontades, cada uma a seu modo, demonstrou seu descontentamento aosdomínios senhoriais.REFERÊNCIAS10 CASA DA CULTURA EMÍLIA ERICHSEN. Processo s/n.. Caixa/ano: 1862. Lesões corporais.
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.