pelo pai a fazer o caminho dos Guaianases, que ia de Angra dosReis a Cananéia (do Rio de Janeiro à região de São Paulo), com ointuito de apresamento de indígenas e reconhecimento local e deseu gentio. Nesse momento, o objetivo era retornar à Ilha Grande,onde estavam fixados, e após o contato com os Puris próximo àMantiqueira, quarenta dias depois de dobrar o rio Paraíba, retornouà Ilha Grande.No inventário mencionado de Sá, já é sem tempo relatada aescassez de indígenas, mesmo aqueles que eram ligados aocomércio escravo, chegando a vender seus filhos e mulheres.Quando Knivet seguia viagem verificava que a disponibilidade deescravos cativos diminuía, por isso a incursão ao interior do territórioda colônia.Na entrada de 14 de outubro de 1597, com a bandeira emregra, seguiram juntamente a Sá e Knivet, o também inglêsHenrique Banaway, além de um capelão, muitos moradores ecolonos do Rio de Janeiro. Knivet comenta que, partindo de Paratipara o sertão, a oeste verificava um grande número de canoas anavegar entre as ilhas e a terra firme, o que leva a crer em umcomércio entre os moradores do Rio de Janeiro e as cidades dolitoral norte paulista e o vale do rio Paraíba.3 RIO PARAÍBA COMO TRAJETO NOS RELATOS DE KNIVETO rio Paraíba está localizado entre as serras do Mar e daMantiqueira, no corredor chamado vale do rio Paraíba. Por suaposição de destaque, serviu de rota para muitas incursões aoterritório, sendo utilizado por muitos aventureiros desde 1560 para anavegação rumo ao sertão, onde haveria rumores da presença deouro.Embora as datas sejam ainda imprecisas, podemos destacaralgumas incursões como a comandada por Brás Cubas em 1561.Há dúvidas quanto ao seu local de saída, se seria de Santos ou SãoPaulo, mas sua rota segue passando por Mogi das Cruzes, emseguida descendo pelo rio Paraíba até a paragem de Cachoeira,onde encontrou o caminho que atravessava a serra da Mantiqueira,rumo ao sertão dos Cataguás. A entrada funcionava como parte naguerra e caça ao indígena e interesses da coroa na possíveldescoberta de metais (LIMA, 2011, p. 56).Já na década de 1580, depois de muitas incursõesconhecidas ou não, a “conquista” da região do vale foi finalizada,mas isso não significa que a exploração da região tinha chegado ao fim, como apontado por Santos (2011):Uma vez amenizado o problema dos ataques inimigos, buscou-seconhecer cada vez mais as potencialidades naturais do local visitadoe de suas redondezas. Talvez por isso que se ainda mantinham emalta as incursões (LIMA, 2011, p. 57).
E com isso, passam pela região outras entradas com o intuitode verificar se procediam os rumores de haverem sido encontradosmetais nos sertões dos Cataguás, como a de 1596, com JoãoPereira de Sousa Botafogo. No ano seguinte, em 1597, o corsárioinglês Anthony Knivet e Martim de Sá também percorreram a regiãoaté o sertão. Essa entrada perdurou mais tempo, enquanto asanteriores com a participação de Knivet funcionavam como umaespécie de prospecção da região.
É interessante ressaltar que por conflitos de datas e depossíveis entradas, poucos fatos foram afirmados. Como citadoanteriormente, ao decidirmos tratar da viagem de Knivet ao vale dorio Paraíba, levamos em consideração os dados que chegaram aténossos dias para a orientação geográfica do período e o relato deviagem como instrumento de governabilidade, neste caso, servindoà Inglaterra.Retomando o rio Paraíba e sua utilização durante a entrada eocupação do território, vale lembrar que por sua posição geográficaestratégica entre as serras e por cortar grande parte das terras daregião, se tornou um rio muito importante e carregou esse “título”durante muitos anos.A importância deste rio foi creditada à considerável influênciaexercida na ocupação da área – o que se verá a seguir – e que,aliás, muitos anos mais tarde, ainda era tido como um dos rios demaior relevância. Vale lembrar que a referência dada aqui àocupação diz respeito tanto aos silvícolas, que há muito habitavam olocal, quanto aos brancos que progressivamente foram se instalandologo depois da década de 1620. Porém, antes mesmo de qualquerindício de fixação da população branca no médio vale do Paraíba, aatração exercida por este território chamou atenção de muitosaventureiros que por aí transitavam (LIMA, 2011, p. 55).Essa importância pode ser vista nos relatos de Knivet, quandoeste segue ao encontro dos indígenas que possam ser levadoscomo escravos em outras vilas, inclusive em Piratininga, justamenteem razão da escassez de mão de obra em torno da vila. [p. 113, 114]