Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume XIII, 1908
1908 Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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Tivesse ou não sido o padre Rodrigues o soldado desertor que alcançara Schmidel no segundo dia da sua viagem, é inegável, porém, que ele conhecia o caminho do Paraguay e poderia servir de guia a Nóbrega e voltando atrás, repisando as pegadas, mostrar-lhe os trechos por que passou e a aldeia que o seu companheiro chamou de Biesaie, cujos nativos lhe forneceram os viveres para a viagem, e onde talvez escolhessem o lugar para a sua primeira povoação. A cronica, porém, o que narra é que Nóbrega, partindo em companhia do noviço Antonio Rodrigues e de alguns nativos catecúmenos de Piratininga, chegara até á aldeia de Japyhuba ou Maniçoba, onde tratou de realizar o que tinha em mente.Erigiu uma pequena igreja e começou a ensinar a doutrina, dando assim princípio a uma residência que durou anos, com grandes proveitos para a religião. A fama de Nóbrega se estendeu por todo o sertão do Paraguay (Era assim chamada toda a região de Piratininga para diante) donde se abalaram grandes levas de Carijós em busca dele para serem doutrinados na nova aldeia que lhes ficava mais perto.Uma ocasião, quando uma dessas "levas" de Carijós se achava nas proximidades da igreja, foi atacada á traição sendo mortos muitos nativos por uma horda de Tupis seus contrários e moradores em Paranaitú.Entre esses Carijós vinham alguns espanhóis que na ocasião do encontro se esconderam na mata e, depois de terminada a luta, foram ter, parte á aldeia de Maniçoba, parte á aldeia dos Tupis no Paranaitú que os aprisionaram, mas que foram soltos por intervenção do Padre Pedro Correa.
A dispersão e chegada áquela aldeia, bem como a facilidade com que Pedro Correa obteve a liberdade, dão a entender que as aldeias eram próximas uma da outra. O nome Paranaitú é muito sugestivo na sua significação de "salto de rio grande". Rio Grande era o primitivo apelido do rio que, ao depois chamado Anhembi, tem hoje o nome de Tietê.
A denominação de Rio Grande deve preceder da tradução imediata do nome Paraná, pelo qual parece ter sido conhecido antes da entrada dos portugueses no Brasil. Paranaitú, "salto do rio Grande" ou salto do Tietê, não pode ser identificado com outro senão o salto de Itú, na vila da comarca deste último nome, e que hoje ainda conserva a grafia da sua primitiva denominação; traduz e repete a palavra traduzida.
Nas vizinhanças de São Paulo, ou nas 40 léguas de exploração que fez Nóbrega não ha outro rio Grande que dê salto que mereça aquela definição. Maniçoba ou Japyuba é possível que seja o local onde está situada a atual cidade de Itú. Maniçoba não teve vida muito duradoura, parecendo que pouco depois de sua fundação foi abandonada.
Simão de Vasconcellos diz que em 1554 os mamelucos filhos de João Ramalho foram até essa aldeia, perturbaram tudo e conseguiram que aqueles catecúmenos abandonassem os padres convencendo-os que os mesmos eram estrangeiros que foram degradados para a colonia como gente sem ocupação e que seria o mais honroso obedecer a quem fosse tão valente no arco e na flecha como eles.Acrescenta em seguida "não só disseram como fizeram; porque os pobres nativos, suposto que mansos por natureza enganados da eloquência e eficácia dos mamelucos, em cujos corpos parece falava a diabo, assim se foram embravecendo e amotinando que houveram os padres de deixá-los em quando não esperava mais fruto. [Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume XIII, 1908. Páginas 173 e 174]
Além desses elementos e da excelência das condições topográficas locais, Itú está situado em meio de uma vegetação baixa que devia ser naquela época uma das condições excepcionais para fundação de povoações. Demais, qual outro povoado poderia ter sido sido reconstruído sobre os escombros de Maniçoba?
Parnahyba, Baruery, Araçariguama, Porto Feliz e Sorocaba são os povoados mais velhos que poderiam disputar a honra de ter sido a primeira residência de jesuítas construída serra acima.
Qualquer delas, porém, não só pela distância em que ficavam de Paranaitú, como por terem a sua origem bem historiada não poderia ter sido a continuação daquela aldeia.
Referindo-se aos Carijós que se vinham doutrinar em Maniçoba, diz o cronista que eles eram acompanhados de alguns espanhóis, não sendo provável por isso que eles viessem de outro ponto que não fosse Cananéa. Ai é que se moravam os espanhóis e era a habitação desses nativos.
Não é possível que a cronica se refira aos espanhóis e carijós de Santa Catarina, porque no ano antecedente (1552) Thomé de Souza mandou obstruir o caminho de Santa Catarina ao Paraguay.
É provável que essa obstrução se estendesse somente até ás proximidades do Iguassú porque o caminho de São Vicente ao Paraguay por Santo André ainda continuava frequentado.
Dai se infere que da aldeá de Maniçoba ou de Paranaitú o caminho deveria seguir, aproveitando quando possível a vegetação de cercados que veste a região de Itú, e que dai para diante se definha em campos que estendem por Sorocaba e Sarapuhy até a proximidade de São Miguel Arcanjo, povoação situação na direção de Cananéa, para onde deveria prosseguir pelo vale da Ribeira. [Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume XIII, 1908. Página 175]
Ligeiras notas de viagem do Rio de Janeiro á capitania de São Paulo, no Brasil, no verão de 1813, com algumas notícias sobre a cidade da Bahia e a ilha Tristão da Cunha, entre o Cabo e o Brasil e que ha pouco foi ocupada. De Gustavo Beyer
Jaraguá, que pertence ao ex-governador Orta (Horta), é conhecido pela quantidade excepcional de ouro ali extraído ha 200 anos, quando era considerado o Perú brasileiro. Hoje, porém, não é assim, apesar de continuar a extração. O terreno ao redor é montanhoso e desigual; a própria montanha parece composta de gneiss com hornblenda cuja superfície é vermelha e contém ferro. O ouro é encontrado em "stratos" de pedregulho com ouro, chamados "cascalho" que se retira do morro com uma picareta chamada "amocafre". [Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume XIII, 1908. Página 291]
Viajando pelos arredores de Itú é impossível não notar que toda a gente da classe baixa tinha os dentes incisivos perdidos pelo uso constante da cana-de-assucar, que sem cessar chupam e conservam na boca em pedaços de algumas polegadas. Quer em casa, quer fóra dela, não a largam e é possível que esta também seja a causa de haver aqui mais gente gorda do que em outros lugares.
Ao pé da cidade há a grande montanha calcarea denominada "Arara Itaguaba",nome este que conserva do tempo dos índios e quer dizer: "comer cal", porque, nos meses de janeiro e fevereiro chegam aqui milhares de papagaios e outros pássaros americanos que comem cal antes de porém os ovos. [Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume XIII, 1908. Páginas 292 e 293]
Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume XIII Data: 01/01/1908 Página 293
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