O morador, o estante e o proibido: flamengos em São Paulo no contexto da Monarquia Hispânica (1580-1640), 2021. José Carlos Vilardaga
22 de dezembro de 2021, quarta-feira Atualizado em 05/07/2025 04:18:39
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capitania, os Schetz possuíam nos jesuítas, estabelecidos também no litoral vicentino,importantes aliados desde meados do século XVI, inclusive José de Anchieta. Por outro lado,as autoridades locais, incluso o longevo capitão-mor Jerônimo Leitão e seus herdeiros, apropriavam-se gradativamente das propriedades fundiárias do engenho (Stols, Cordeiro,2014).
Não se sabe o resultado dos pleitos, mas o engenho seria destruído pelo compatriota de Vandale, Joris von Spielbergen, em 1615, ao longo de sua viagem que assombrou a costa chilena, peruana e mexicana. Segundo Meurs, “não é conhecida a decisão final da justiça,mas ao que parece os Schetz abriram mão da propriedade” (2006, s.p.).
Quanto a Vandale, Kellenbenz (1968) o localiza dois anos depois, em Antuérpia. Este historiador transcreve uma procuração de uma viúva, Anna van Pelquen, feita em cartório de Antuérpia, de novembro de 1614, na qual Vandale apareceu como testemunha. Neste documento, a viúva delegava a um tal Pedro Tacq (Taques), morador em São Paulo, na capitania de São Vicente, que cobrasse uma dívida de uma negra da Guiné e seus filhos, que seria de direito sua herança, de outro morador da capitania, o alemão Geraldo Bethinque (Kellenbenz, 1968, p. 297).
Este Taques era o mesmo que ficara responsável por cobrar umas letras de câmbio em Pernambuco no inventário de Vandale. Pedro Taques descendia do tronco da família flamenga Tacq que, vindo de Brabante, Flandres, se estabelecera em Portugal no início do século XVI. Pedro veio ao Brasil acompanhando o governador-geral,Francisco de Souza, em 1591, e dele foi seu secretário de Estado. Taques acompanhou o governador na sua descida a São Paulo em 1598-1599 para averiguar as riquezas minerais e ali permaneceu, casando-se com uma integrante da elite local.
Foi juiz de órfãos na vila,proprietário de fazenda, e faleceu em 1644 (Leme, 1905, p. 222-223).O documento permite inferir que orbitava em torno do governador Francisco de Souza,uma série de personagens flamengos e alemães, com relações entre si, como Taques, Bethinque e Arzam, assim como o próprio Vandale, que vivera na Bahia durante o governo geral de Souza. De todo modo, Vandale deve ter ficado com a procuração para trazer ao Brasil, objetivando ir à capitania de São Vicente. Em 1615, o mesmo Kellenbenz (1968) indicaa presença de Manoel em Lisboa. O certo é que ele estará na Bahia em 1624, quando da tomada holandesa da cidade de Salvador. As acusações de cumplicidade com os invasores devem ter lhe rendido alguns dissabores iniciais, obrigando-o a deslocar-se para São Paulo,vila acantonada para além da Serra do Mar, situada na capitania que ele já conhecia.Ademais, encontraria na vila alguns personagens e compatriotas com os quais seguramente travara contato, como Pedro Taques, Geraldo Bethinque e Cornélio de Arzam, este último bem estabelecido na vila. Em São Paulo, Vandale terminaria seus dias e seu périplo pelos espaços da Monarquia, nos quais circulou como estrangeiro, morador, estante e pleiteante à naturalidade. [p. 9 do pdf]
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