Os seis primeiros documentos da História do Brasil, 1874. Carlos Arthur Moncorvo de Figueiredo (1846-1901)
1874 Atualizado em 15/06/2025 01:53:29
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A 1 de setembro de 1531, de Cananéa mandou o mesmo Martim Afonso de uma tropa de quarenta besteiros e quarenta espingardeiros, de Pero Lobo, a descobrir pela terra dentro. Levou-o a dar este passo Francisco de Chaves, companheiro de João Ramalho, que se obrigou a tornar dentro de dez meses com quatrocentos escravizados carregados de ouro e prata. Tudo quanto se sabe do destino ulterior desta expedição é que foi completamente destroçada pelos Carijós. [Página 126 do pdf]
OS SEIS PRIMEIROS DOCUMENTOSDAHISTORIA DO BRAZIL
CARTA A EL-REI D. MANUEL Escripta por Pero Vaz de Caminha, de Porto Seguro da Ilha de Vera- Cruz, no dia 1o de Maio do anno de 1500
Desta carta que se pode considerar como o auto do nasci- mento do Brazil, bem como de outra que abaixo menciona- mos, foi portador Gaspar de Lemos, que por ordem de Cabral regressou a Portugal, para communicar a nova da importante acquisição que fizera o navegador para a corôa desse Reino.Por mais de tres seculos esteve tão precioso documento, o primeiro de nossa historia, entregue ao mais absoluto es- quecimento e ignorancia, até que o erudito Padre Manuel Ayres do Casal, pesquisando e esmerilhando memorias e ma-1 Pero Vaz de Caminha ia na armada de Pedro Alvares Cabral, que se dirigia á India, na qualidade de escrivão da feitoria que ferião de estabe- lecer em Calicut, junctamente com Gonçalo Gil Barboza.* J. Norberto de Souza e Silva. Mem. sobre o descobrimento do Brazil publicada na Revista do Instituto Historico. Tomo IV, 9a serie, pag. 128.Digitized byGoogleOriginal from CORNELL UNIVERSITY[p. 7]
IICARTA DO MESTRE JOÃOÁ El-Rei D. Manoel, escripta de Porto-Seguro, da Ilha de Vera-Cruz, nodio 1 de Maio do anno de 1500.
Com a precedente foi levada a El-Rei pelo capitão Gaspar de Lemos, que por ordem de Cabral voltou á metropole, com o já citado fim.Á guisa do Mestre Paulo Toscanelli, ia o bacharel Mestre João na armada de Cabral como astronomo e chirurgião‘, e como tal dá noticia tão somente das observações astronomicas que, segundo elle, forão quasi impossiveis, em vista dos óbices que passa a expôr.Assim, de sua narrativa rapida e concisa, se póde tirar argumentos para provar que o desco- brimento do Brazil não foi mais do que obra do mero acaso. Éra defendendo esta opinião que em, 1851, o mui erudito Sr. Dr. J. Caetano da Silva nessa carta se apoiava, como uma das provas que corroboravam seu tão valioso juizo.1 Segundo se deprehende de sua propria carta que começa: O bacharel mestre Johan fisico e cirurgyano de vossa alteza beso vossas reales manos... etc. Rev. do Inst. Tomo 5, pag. 342.2 Appendice ao parecer do Sr. D. Soares da Silva Bivar sobre o In- dice chronologico do Sr. Dr. A. M. Perdigão Malheiro. Rev. do Inst. Tomo 20, 3a serie, pag. 90.A proposito, cumpre-nos lembrar que o Sr. J. Norberto de S. e Silva pro-[p. 11]
12A carta do bacharel mestre João appareceu pela primeira vez impressa na Revista do Instituto Historico e Geographico Brazileiro em 1843, no tomo 5o, pag. 342, segundo uma copia que enviou de Lisboa o zeloso investigador o Sr. F. A. de Varnhagen, que mais uma vez a deu a luz, inserindo-a na sua Historia geral do Brazil (Tomo 1o, pag. 423, nota 6"); devendo-se observar que esta reimpressão foi melhorada, achando-se nella decifrada a assignatura (Johannes Emene- laus), que na primeira ficara ainda incognita pela obscuridade. da lettra.(Vide: Varnh. Tom. I, p. 466, nota 4O seu original existe no Real Archivo da Torre do Tombo. (Corpo chronologico, Past. 9, Maço 2.o, Documento 2.)Foi tudo quanto pudemos colher acerca de tão antigo ma- nuscripto.cura encontrar n‘um dos topicos dessa carta materia sufficiente para funda- mentar a sua opinião em contrario, desinvolvida na sua citada memoria so- bre o descobrimento do Brazil. Rev. do Inst. Tomo 2, 2 serie. Pag. 169.Digitized byGoogleOriginal from CORNELL UNIVERSITY ;[p. 12]
IV - CARTA D‘EL-REI D. MANUEL datada de 9 de Julho de 1501, dirigida á el-rei e rainha de Castella
Viu pela primeira vez a luz esta carta na obra de D. Martin Fernandez de Navarrete, intitulada : — Coleccion de los viages y descubrimentos que hicieron por mar los españoles, em cinco volumes-1825 a 1837, no tomo 3o, pag. 94. Esta trans- cripção foi feita segundo uma copia tirada por D. Joaquim Traggia.
Foi depois novamente reproduzida pelo Visconde de San- tarém, chronista-mór do Reino, no seu — Quadro Elementar das relações politicas e diplomaticas, no tomo 2o, pag. 398.Dizem que foi esta carta escripta em Santarem, reputada por alguns patria de Cabral, e Navarrete é um dos que tal afiançam.
Entretanto, a tal respeito nos diz o Sr. Varnhagen o se- guinte, na sua Historia geral do Brazil 1:<< Pelo que respeita á carta de D. Manuel aos Reis Catholi- cos, publicada por Navarrete (Viajes II, 94, doc. 13), estamos hoje convencidos que não foi ella escripta de Santarem, como julgou Navarrete, ao encontrar uma copia na Collecção1 Historia geral do Braz. T I, pag. 424, nota 7aDigitized byGoogleOriginal from CORNELL UNIVERSITY-16de Muñoz que dizia S...nt..a. Quanto a nós devia ler-se Syn- tra (assim se escrevia antigamente Cintra), pois ahi segundo Goes (160) estava el-rei D. Manuel quando Cabral recolheu da Asia, justamente no mez de Julho de 1501, que vem na data deste documento. Uma copia desta carta que possuia Rich tinha a tal terra em claro e dizia só: « Escripta em.....
Tambem o dia do mez era 9 e não 29 como traz Navarre- te. Vej. Catalogue of Manuscripts principally in Snish, relating to America, in the p ss ssin of Fich;-pag. 39e 40. »O seu original conserva-se no archivo da antiga deputação de Aragão, em Saragoça e que foi destruida na guerra da independencia.
Em um jornal que publica o Sr. Dr. Mello Moraes, sob a denominação de Brazil Historico, encontra-se ainda transcripta esta carta.
A carta d‘El-Rei D. Manoel de Portugal aos Reis catholi cos, dando-lhes conta de todo o succedido na viagem de Pedro Alvares Cabral pela costa d‘Africa até o mar Vermelho, toca ligeiramente no descobrimento do Brazil, dizendo só- mente que Cabral "chegou a uma terra que novamente descubriu, á qual pôz o nome de Santa-Cruz, em que encontrou gente núa como na primeira innocencia, mansas e pacificas; e parece que Nosso Senhor quiz milagrosamente que se achas- se esta terra, porque é muito conveniente e necessaria à navegação da India, porque ali reparou seus navios e se refez de agua; e pela extensão do caminho que ainda tinha que andar não se deteve para informar-se das cousas da dita terra, só- mente me enviou d‘ali um navio a me participar como a encontrou e continuou seu caminho na direcção de Boa-Espe- rança."[p. 16]
Eis tudo quanto relativo ao Brazil nos refere a carta que deixamos indicada; os demais periodos della versam apenas sobre instrucções á Cabral e a administração de Calicut que dever-se-hia de estabelecer. [p. 17]
- 21 -VIAs quatro navegações do pilato Florentino Americo VespucioA carência de documentos incontestaveis, a variedade de juizos, a nossa incompetência, eram motivos de sobra para tornarem tarefa menos facil a discussão das controvérsias suscitadas acerca das obras, das viagens e do mérito ainda do infatigavel viajor florentino.
Não nutrimos a pretenção de haver illuminado tão nebu- loso assumpto patrio, resta-nos, entretanto, a convicção de que tentamos tornar patente o que de verdadeiro existe acerca da vida de Americo Vespucio e das suas quatro navegações.Aguardamos dos nossos preclaros historiadores, os quaes muito folgamos de invocar neste capitulo, novas luzes que consigam por uma vez firnar a verdade sobre tão debatidas questões da nossa patria historia.Discordes, como avançamos, se mostram os historiadores e chronistas acerca da epocha da publicação das viagens do navegador florentino Americo Vespucio, como ainda da pessoa a quem dedicára elle o fructo de tantas lucubrações.Á tal respeito, acreditam uns que dirigiu elle as suas cartas a Renato, Rei de Jerusalém e da Sicilia, Duque de Lorena e de Bar; pensam outros que foram ellas dedicadas ao seu com-22patriota e amigo Pedro Soderini, gonfaloneiro da republica de Florença, e que enviára depois alguns exemplares a diver- sas pessoas gradas da mesma cidade de Florença, chegando então um delles ás mãos do referido Duque de Lorena.Segundo o texto da edição de 1509, reproduzida na sua Collecção de viagens e descobrimentos, diz o sr. Navarrete que não se pode aceitar a ultima das duas pretenções aponc- tadas.
Assim, explica-se elle: Canovai, enthusiasta apaixonado de Americo Vespucio, propõe como não repugante a conjectura de que os editores de suas viagens, encontrando frequente- mente as iniciaes V. M., lèssem l‘ossa Magestade em vez de Vossa Magnificencia, que era o tractamento correspondente a Soderini; conjectura, prosegue o mesmo, que está em oppo- sição com o texto presente, onde algumas das vezes que se dá o titulo de Rei á pessoa com quem se falla, lê-se outras mui- las com todas as suas letras Tua Magestas, Vestra Magestas, Vestra Magestas regis.Não encontramos argumentos que nos decidam a abraçar uma das duas pretenções, por isso que não prestamos grande credito á citada edição, reputada por Navarrete a mais veridica, e ninguem nos poderá contestar que es editores traduzissem algumas vezes as iniciaes V. M. por Vossa Ma- gestade e outras as conservassem, sem explicar o sentido.Obscuras sombras envolvem ainda as primeiras publicações das viagens do piloto florentino; entretanto, parece-nos terem ellas apparecido ainda em vida deste, e na verdade, Randiui contemporaneo e panegerista de Vespucio nos dá noticia de um pequeno folheto publicado em vida daquelle, mas não declara, infelizmente, em que lingua estava escripto, nem tão pouco a dacta de sua impressão.Enat L et latILDigitized byGoogleOriginal from CORNELL UNIVERSITY
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