Ainda em 1910 tinha-se “como certo, haver minérios de prata no município, pois, por tradição dos mais antigos habitantes da cidade, sabe-se que, em princípios do século passado, havia nos campos de Itapeva uma mina de prata de que o precioso metal era extraído em grande quantidade pelas famílias dos capitães-móres de Sorocaba”. [25038]
Durante os dias 2, 3, 4 e 5 de março de 1803, Martim Francisco Ribeiro de Andrada (1775-1844) fez a Jornada para a fazenda do capitão-mor, sita na distância de légua e meia de Sorocaba, junto às margens do rio do mesmo nome. Assim descrita por ele:
No tempo em que Portugal e suas colônias estiveram debaixo do jugo dos Felipes, Espanhóis, que vieram estabelecer-se nesta capitania, sempre cheios de riquezas de suas minas de prata do Peru, e desejosos de achar iguais aqui, fizeram diversos socavões, e entre estes um grande buraco perpendicular com treze braças de altura num banco 1/4 de légua distante da mencionada fazenda, talvez enganados por ser o terreno um barro avermelhado muito talcoso.
Desci a ele, e entre muitas escavações, que fiz, só obtive quartzo comum: não posso deixar de espantar-me do modo, por que deram começo a este trabalho, sem acautelar o grande risco de desabarem as paredes sobre os trabalhadores.
Afonso Sardinha também encontrou alí um vieiro de prata, de cuja extração tomou conta o governo; mas como fossem grandes as despesas, tudo foi em breve posto de parte, e ficaram aqueles sítios despovoados até o ano de 1803, época em que alguns naturalistas, explorando as serras do distrito de Sorocaba, vieram no conhecimento da verdadeira importância das minas de ferro da serra de Guaraçoiava.
Martim Francisco, na viagem de 1803, fôra até a fazenda dos Madureira onde lhe mostraram um poço de exploração abandonado da prata, e que devia datar de 1684, quando certo frei Pedro de Souza, religioso mercenário, tentou encontrar aquêle metal em tôda a zona. Em seu diário refere-se à figueira do Cerrado, que existiu até aí por 1950, já aleijada, à beira da avenida General Carneiro.