Faculdade de Direito do Largo São Francisco, consultado em 87.251.77.29: 16852/9e37533a.html

Nas primeiras décadas do século XIX, Alexandre I, Czar de Todas as Rússias, abriu um a luta contra as sociedades secretas que acendiam pela Europa as faíscas das revoluções.

Um de seus grandes auxiliares nessa cruzada era o escritor Augusto de Kotzebue, alemão de nascimento, Consul Geral do Império Moscovita em Koenigsberg. fundador da famosa "Semana Literária".

Atacavam veementemente as idéias avançadas e os homens de letras que as propagavam, sobretudo os venenos espirituais inoculados nos estudantes pelas confrarias secretas das universidades.

Tamanho ódio de Goethe por esta campanha, que o profetizou a morte. O que de fato aconteceu após ele se mudar para Mannheim.

No dia 10 de maio de 1819, um jovem estudante chamado Carlos Luís Sand, natural de Wunsiedel na Francônia, que havia sido sorteado pela Burschenchaft, uma sociedade secreta, assassinou o Consul com um punhal. Luís Sand tentou imediatamente se suicidar após ter apunhalado o Consul, pois sabia que dali, não teria como fugir. Porém, não conseguiu e foi preso em flagrante, com ferimentos leves, causados por ele mesmo.

Seu julgamento foi realizado as portas fechadas no dia 10 de novembro de 1819, numa verdadeira atmosfera de terror crida pela sociedades secretas.

Os juízes o condenaram a morte. No entanto, adiaram a execução, o que motivou enérgicos protestos e por fim um verdadeiro ultimato do Imperador da Rússia.

Os trabalhos em favor do réu continuaram cada vez mais intensos, de forma que se decidiu fingir uma execução, a fim de contentar Alexandre I.

Anunciaram a execução para as nove horas da manhã de 20 de maio de 1821, num campo às portas da cidade, quando o povo ali chegou para assisti-la, teve a noticia de que fora feitas ás seis em ponto e somente encontram algumas manchas de sangue. E um enterro foi realizado.

Em 14 de julho de 1821, segundo registros do Arquivo Nacional, desembarcava no Rio de Janeiro um jovem passageiro clandestino, vindo num barco do porto de Hamburgo com o nome de Júlio Frank.

Depois ficar um tempo preso, foi posto em liberdade e empregou-se numa estalagem. Em 13 de novembro de 1823, chegava á Guanabara a fragata Russa "Enterprise", destinada a explorar os mares austrais, sob o comando de Oto de Kotzebue, filho do escrito assassinado em Mannheim, e ficou 25 dias na cidade, hospedado em Botafogo.

Assombrado por essa presença, Júlio Frank foi para o interior, chegando a miséria em Sorocaba, onde se fez "caixeiro" numa venda e mais tarde obteve a proteção do Senador Vergueiro e do Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar.

Nomeado Professor de História do Curso Anexe da Faculdade de Direito, sem nenhuma evidência de seus conhecimentos ou virtudes, sendo descrito como beberrão inveterado e praticante de magia negra. Se tornou líder prestigioso da mocidade.

Julius Frank foi um criador da "Bucha", uma sociedade secreta que chegou a ter presidentes e ministros como afiliados.

Faleceu em 1881. Seu túmulo, em forma de um pequeno obelisco é um monumento inusitado em um pátio interno da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, no Largo São Francisco, centro da cidade.

O historiador Felício dos Santos em "Casos reais a registrar" afirma: "a maçonaria acadêmica de São Paulo, a misteriosa bushhafft, fundada pelo professor de História, Dr. Frank, jacobino alemão emigrado para o Brasil depois do célebre assassinato de Kotzebue.