Naufrágio na Grécia foi tratado “como sendo desprovido de protagonistas e heróis”, diz professora. Paula Adamo Idoeta Role,Da BBC News Brasil em Londres - 23/06/2023
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Naufrágio na Grécia foi tratado “como sendo desprovido de protagonistas e heróis”, diz professora. Paula Adamo Idoeta Role,Da BBC News Brasil em Londres
23 de junho de 2023, sexta-feira Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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Em 14 de junho, começou a se desenrolar um dos naufrágios mais mortais da história recente do Mediterrâneo: um barco superlotado com estimados 700 migrantes - a maioria do Paquistão, Síria e Egito, e incluindo estimadas 100 crianças - afundou perto da costa grega, sem que houvesse interferência da Guarda Costeira do país, agora acusada de negligência.
Centenas de pessoas seguem desaparecidas, enquanto a ONU pede investigação do caso.Quatro dias depois, em 18 de junho, o submersível Titan, que levava cinco tripulantes para uma missão exploratória turística aos destroços do Titanic, perdeu contato com sua base, desencadeando operações da Marinha americana e das guardas costeiras dos EUA e Canadá.Foram cerca de dez embarcações empregadas nas buscas, acompanhadas passo a passo no noticiário por milhões de pessoas ao redor do mundo - até o anúncio de que o Titan provavelmente implodiu, tirando a vida dos seus tripulantes.Agora, a diferença na cobertura midiática e o interesse global mobilizados pelas duas tragédias marítimas têm sido alvo de discussões, tanto entre especialistas quanto nas redes sociais - com críticas à atuação da imprensa e ao destaque desigual dado Titan em comparação ao drama dos imigrantes que se arriscam no mar.Priyamvada Gopal, professora de estudos pós-coloniais da Faculdade de Inglês da Universidade de Cambridge, é uma dessas críticas, argumentando que certas vidas individuais têm ganhado destaque enquanto outras são “relegadas às margens da história humana”.“Acho que a imprensa certamente tem de dar um passo atrás e se questionar a respeito de quais histórias deseja contar e o que trata como sendo ou não de interesse”, diz.“Anônimos sem rosto” x “protagonistas heróicos”Sob sua perspectiva de estudiosa de crítica literária, Gopal acha que alguns elementos-chave contribuíram para consolidar o que chama de “anonimato sem rosto” dos refugiados no Mediterrâneo, contra o “protagonismo” concedido aos cinco tripulantes do Titan.“Pensando a respeito de quais histórias nos interessam e por quê, e nas histórias que nos são entregues pela mídia, acho que a grande diferença entre os dois casos é que um deles (o dos migrantes) foi tratado essencialmente como sendo desprovido de um protagonista, desprovido de heróis”, diz Gopal à BBC News Brasil.“Então só temos uma espécie de número vago - centenas, talvez 600 ou 800 - de pessoas que estavam a bordo desse navio que afundou e elas morreram. E vimos muito pouco interesse em quem essas pessoas eram como indivíduos. Vimos pouco interesse ou evocação de suas famílias a respeito do seu luto e do que aconteceu.”Em contrapartida, argumenta ela, “nas notícias a respeito do Titan, houve um grande interesse a respeito de quem seus passageiros - agora lamentavelmente mortos - eram como indivíduos, como pessoas com um rosto, um nome, uma história, com interesses e paixões. Em apenas 24 horas, fomos alimentados com muitas informações sobre eles.”Ela conclui:“Os que morreram no Mediterrâneo na semana passada também são indivíduos, com interesses e histórias de vida provavelmente muito interessantes, que simplesmente não ficaram disponíveis para nós. Como crítica literária, me interesso a respeito de como nossas histórias são construídas e quem decidimos tratar como indivíduos e quem simplesmente se torna parte de uma massa anônima”.Suspense e "reality show"Mas será que a diferença de atenção às duas tragédias não se deve ao elemento do suspense da história do submersível Titan?O mesmo, aliás, aconteceu com duas enormes operações de busca que se desenrolaram praticamente em tempo real: o desastre dos mineiros chilenos, em 2010, e a história dos meninos presos em uma caverna na Tailândia, em 2018.Lembrando que, agora, se tratava de uma expedição ao naufrágio mais famoso da história, o do Titanic - e que o público pôde acompanhar em detalhes a corrida contra o tempo para tentar resgatar a tripulação do Titan antes que seu estoque de oxigênio chegasse ao fim.“Obviamente que esse é, sim, o caso - eu também me vi clicando em ´refresh´ (nas notícias do caso) para saber o que estava acontecendo. Nós estamos muito acostumados a reality shows e a testemunhar coisas em tempo real. Então há esse elemento de suspense, esse ´o que será que vai acontecer?´ no estilo Hollywood. Mas isso também é fabricado”, defende Gopal.Ela argumenta que o navio naufragado no Mediterrâneo também havia passado várias horas no mar sob escrutínio das autoridades, assim como acontece com outros barcos semelhantes levando migrantes - mas, na sua visão, “são histórias das quais não escutamos” as individualidades.“O que teria acontecido se a cobertura aérea do navio no Mediterrâneo tivesse sido feita ao vivo? Não sabemos exatamente qual foi a conversa entre os passageiros e a Guarda Costeira (grega), que afirmou que o barco não queria ser ajudado e que rumava para a Itália. O que teria acontecido se tudo isso - o suspense e a fascinação - tivesse sido mobilizado para as 700 pessoas naquele navio? (...) Também é interessante (a diferença) entre quando nos decidimos tornar testemunhas e quando decidimos virar nossas costas.”No caso da tragédia com o barco de refugiados, uma investigação do BBC Verify colocou em xeque o relato oficial da Guarda Costeira grega, que alegou que o barco recusou ajuda e não estava em perigo até pouco antes de afundar.Uma análise da BBC sobre a movimentação de barcos na área da tragédia indica que o pesqueiro superlotado ficou ao menos sete horas sem se mover antes de ter afundado.A Guarda Costeira, porém, sustenta que durante esse período o barco estava a caminho da Itália e sem precisar de resgate."Vida das pessoas ricas"A BBC Urdu, serviço paquistanês da BBC, tem feito uma cobertura extensa do ocorrido, uma vez que a maioria das vítimas era do Paquistão. O país declarou luto nacional pela tragédia.Para Farah Zia, diretora da Comissão de Direitos Humanos do Paquistão, é natural que a notícia do submersível tenha recebido tanta atenção global, se tratando de um grupo de tripulantes financeiramente influente - entre eles havia bilionários e exploradores marítimos.“Ao redor do mundo, quando uma tragédia acontece com pessoas ricas, isso ganha muita importância, porque as pessoas se interessam pelas vidas delas e é natural que a imprensa cubra isso”, disse ela à BBC Urdu, agregando que a tragédia deveria servir de oportunidade para "vozes mais diversas" serem incluídas nas coberturas.Ao mesmo tempo, o comentarista paquistanês Zarrar Khuhro destacou as manifestações de rua registradas em Atenas depois da tragédia, em protesto contra a atuação da Guarda Costeira. Outras cidades também registraram protestos diante de embaixadas gregas.“Talvez pela primeira vez, vemos uma demonstração grande puramente para condenar a perda de vidas de migrantes”, disse Khuhro ao serviço Urdu. “Depois de uma tragédia, simultaneamente vemos o melhor e o pior que a humanidade tem a oferecer.”A comissária de Direitos Humanos do Conselho Europeu - principal órgão de direitos humanos do continente -, Dunja Mijatovic, por sua vez, se disse “chocada pelo nível alarmante de tolerância a graves violações de direitos humanos contra refugiados e migrantes pela Europa”.O naufrágio do Mediterrâneo, ela agregou, “é mais um lembrete de que, apesar de muitas advertências, as vidas das pessoas no mar continuam sob risco diante da capacidade insuficiente de resgate e coordenação, da falta de rotas seguras e legais, de solidariedade e da criminalização de ONGs que tentam oferecer assistência”."Noções pré-concebidas"Nessa linha, Gopal, de Cambridge, acha que as histórias dos imigrantes que tentam a sorte no Mediterrâneo são encaixadas em narrativas pré-concebidas, que também limitam o interesse por histórias individuais.“Achamos que já conhecemos seus relatos: ´bem, são pessoas desesperadas ou imigrantes econômicos gananciosos´, que é uma das histórias que os governos nos dizem, pelo menos aqui no Reino Unido”, diz.“Então achamos que não há nada de interessante nisso e os encaixamos em embalagens de histórias já conhecidas, em vez de histórias únicas. Mas cada um daqueles 700 passageiros tinha uma história e um contexto próprio. (...) E, mais uma vez, voltamos à questão de o que decidimos tornar parte de uma história sem rosto ou de uma história que mereça ser contada. Me pergunto, se tivéssemos uma cobertura parecida à do Titan, se haveria uma mudança no discurso público relacionado a imigrantes - e que talvez não haja um investimento em mudar o discurso público relacionado aos migrantes.”Um exemplo que fugiu dessa norma, destaca Gopal, foi o caso do menino sírio Alan Kurdi, de 2 anos, encontrado sem vida em uma praia turca em 2015, depois de sua família tentar escapar da guerra na Síria.“Esse caso se destaca justamente porque foi a exceção - quanto se trata de migrantes, ele é literalmente o único que tem nome. É a exceção que prova a regra. Acho que se deve à forte imagem de como ele foi encontrado e à crença de que crianças não deveriam morrer assim. Porém, para a maioria dos imigrantes mortos no mar, tratamos isso como normal, cotidiano, e não merecedor da nossa atenção.”
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.