Com dificuldade de obter matéria-prima, engenheiros do Laboratório de Ensaios de Materiais, que deu origem ao IPT, desenvolveram equipamentos que nem o Exército tinha. Por José Maria Tomazela estadao.com.br - 08/07/2023
Com dificuldade de obter matéria-prima, engenheiros do Laboratório de Ensaios de Materiais, que deu origem ao IPT, desenvolveram equipamentos que nem o Exército tinha. Por José Maria Tomazela estadao.com.br
8 de julho de 2023, sábado Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
•
•
Quando a Revolução de 1932 começou, o governo requisitou à Escola Politécnica de São Paulo e todos os seus laboratórios para constituir o Serviço de Engenharia da Força Pública, o exército paulista da época. O objetivo era um só: dedicação integral à produção de armas, munições e outros artefatos bélicos para equipar os combatentes constitucionalistas. Em 9 de julho daquele ano, o Estado de São Paulo entrou em guerra com o governo de Getúlio Vargas para exigir uma nova Constituição.
Com a dificuldade de obter matéria-prima por causa dos embargos federais, os engenheiros do Laboratório de Ensaios de Materiais (LEM) tiveram de usar a criatividade para desenvolver equipamentos que nem o Exército federal possuía. Um exemplo era o telescópio de trincheira – aparelho que possibilita ao soldado entrincheirado enxergar os arredores sem alçar a cabeça à borda da trincheira, expondo-se ao tiro inimigo.Para fabricar granadas de mão e munição para artilharia, não se conseguia o trotil (elemento explosivo), o que levou os químicos a usarem o amonal, matéria-prima mais instável e propensa a acidentes. Assim, chegaram a ser produzidas, por dia, até três mil granadas de mão, conhecidas pelos soldados como “abacaxizinhos”, por causa do formato parecido com o da fruta.Como o alcance médio da granada era de 30 metros, os técnicos desenvolveram um bocal para que fosse lançada com o uso de fuzil, passando a alcançar até 180 metros. Na época, a Revista Polytécnica registrou que essa arma “lançava o terror e o pânico” no exército inimigo.A fábrica da Politécnica chegou a ter mil voluntários que, trabalhando em turnos, dia e noite, produziram 150 mil granadas. O laboratório instalou uma linha de montagem para produzir bombas para aviões, morteiros e projéteis de explosão por percussão, além da munição para fuzis e metralhadoras. Foi desenvolvida também uma bomba de fumaça para confundir a tropa adversária e um lança-chamas, capaz de atear fogo em blindados e trincheiras inimigas.O Centro de Memória do IPT preserva exemplares de máscara contra gases, capacetes feitos com ligas leves, e mochilas anatômicas para dar mais conforto aos soldados, além de exemplares desativados do “abacaxizinho”.Alguns desses produtos foram encaminhados para produção em fábricas do Estado, sob orientação do laboratório. “Para o entendimento da nossa história atual, é necessário conhecermos o nosso passado. E, para isso, a preservação de objetos tridimensionais, de documentos e imagens de fatos relevantes é fundamental”, diz a pesquisadora Mirian Cruxen Barros de Oliveira, responsável pela memória histórica do IPT.Trens blindados cruzavam o EstadoCom respaldo da Politécnica, foram construídos os famosos trens blindados que cruzavam o Estado levando tropas, além de carros blindados mais leves, pesando apenas 4 toneladas, e até uma lancha blindada, o que exigiu o desenvolvimento de chapas metálicas mais leves e resistentes.O prestígio da Politécnica por encabeçar a produção de material bélico levou a escola a ser considerada “encarregada da defesa do Estado” e rendeu um salvo conduto ao então diretor, Francisco Maffei, para transitar livremente pelas áreas conflagradas. Os documentos fazem parte do acervo.Conforme a pesquisadora, o aumento nas atividades na época, aliado ao estreitamento do contato com as indústrias paulistas, levou à criação do IPT, em 1934, a partir do laboratório da Politécnica. “O legado deixado ao IPT pela sua participação na Revolução de 32 foi um grande desenvolvimento tecnológico”, diz.“O IPT, que na época era Laboratório de Ensaio de Materiais (LEM), ainda vinculado à Escola Politécnica, passa a produzir armas e munições. Resolve, por exemplo, problemas técnicos com periscópios, elabora mapas detalhados das frentes de batalha”, acrescenta Mirian.Segundo ela, todo esse conhecimento desenvolvido e acumulado nos poucos meses da revolução foram absorvidos pelas equipes técnicas do LEM e posteriormente usados para aquisição de novos conhecimento. Isso alavancou o desenvolvimento das inovações tecnológicas, que passaram a ser utilizadas nas várias áreas técnicas do Instituto.“Dessa forma, o IPT passa a suprir a indústria paulista nas suas necessidades de inovação tecnológica, com atuação interdisciplinar, que é uma das marcas do IPT”, destaca.Explosão de granada durante testes matou três e deixou dois mutiladosDurante a revolução, o Laboratório de Ensaios de Materiais da Politécnica foi palco de um evento trágico particular, em meio às tragédias diárias do conflito sangrento. A explosão de uma granada que estava sendo testada matou os engenheiros Douglas Mc Lean e Joaquim Bohn, e o estudante José Greff Rocha, deixando ainda mutilados o engenheiro Adriano Marchini, na época diretor do laboratório, e o voluntário Mário Bertacini.O laboratório havia desenvolvido o novo modelo de granada, conhecido como “abacaxizinho” e, para instruir sobre o seu uso, criou a Escola de Granadeiros dentro da área da Politécnica. O local era utilizado também como campo de testes para os explosivos.O acidente foi relatado mais tarde pelo engenheiro do IPT Miguel Siegel, responsável pelo laboratório de metalurgia, como uma imprudência. “Havia uma câmara onde a granada era colocada e o detonador era puxado por corda. O detonador não abriu. Marchini foi lá e puxou com a própria mão”, descreveu.No acidente, Marchini perdeu totalmente a mão direita, o que, segundo Siegel, não abateu o engenheiro. Rapidamente o diretor aprendeu a fazer tudo com a mão esquerda. “Na Revolução de 32, no LEM, sob a orientação de Marchini, tínhamos de criar praticamente do nada e aprendemos muita coisa naquelas experiências. Percebemos que éramos capazes de executar praticamente tudo o que quiséssemos”, disse, já em 2002.Sem a mão direita, Marchini continuou prestando serviços relevantes ao Estado, sendo considerado um dos principais criadores do IPT. Em 1939, tornou-se superintendente do Instituto. Foi também um dos responsáveis pela instalação da Cidade Universitária da USP no bairro do Butantã, na zona oeste de São Paulo.Quando a Revolução de 1932 começou, o governo requisitou à Escola Politécnica de São Paulo e todos os seus laboratórios para constituir o Serviço de Engenharia da Força Pública, o exército paulista da época. O objetivo era um só: dedicação integral à produção de armas, munições e outros artefatos bélicos para equipar os combatentes constitucionalistas. Em 9 de julho daquele ano, o Estado de São Paulo entrou em guerra com o governo de Getúlio Vargas para exigir uma nova Constituição.Com a dificuldade de obter matéria-prima por causa dos embargos federais, os engenheiros do Laboratório de Ensaios de Materiais (LEM) tiveram de usar a criatividade para desenvolver equipamentos que nem o Exército federal possuía. Um exemplo era o telescópio de trincheira – aparelho que possibilita ao soldado entrincheirado enxergar os arredores sem alçar a cabeça à borda da trincheira, expondo-se ao tiro inimigo.Para fabricar granadas de mão e munição para artilharia, não se conseguia o trotil (elemento explosivo), o que levou os químicos a usarem o amonal, matéria-prima mais instável e propensa a acidentes. Assim, chegaram a ser produzidas, por dia, até três mil granadas de mão, conhecidas pelos soldados como “abacaxizinhos”, por causa do formato parecido com o da fruta.Como o alcance médio da granada era de 30 metros, os técnicos desenvolveram um bocal para que fosse lançada com o uso de fuzil, passando a alcançar até 180 metros. Na época, a Revista Polytécnica registrou que essa arma “lançava o terror e o pânico” no exército inimigo.A fábrica da Politécnica chegou a ter mil voluntários que, trabalhando em turnos, dia e noite, produziram 150 mil granadas. O laboratório instalou uma linha de montagem para produzir bombas para aviões, morteiros e projéteis de explosão por percussão, além da munição para fuzis e metralhadoras. Foi desenvolvida também uma bomba de fumaça para confundir a tropa adversária e um lança-chamas, capaz de atear fogo em blindados e trincheiras inimigas.O Centro de Memória do IPT preserva exemplares de máscara contra gases, capacetes feitos com ligas leves, e mochilas anatômicas para dar mais conforto aos soldados, além de exemplares desativados do “abacaxizinho”.Alguns desses produtos foram encaminhados para produção em fábricas do Estado, sob orientação do laboratório. “Para o entendimento da nossa história atual, é necessário conhecermos o nosso passado. E, para isso, a preservação de objetos tridimensionais, de documentos e imagens de fatos relevantes é fundamental”, diz a pesquisadora Mirian Cruxen Barros de Oliveira, responsável pela memória histórica do IPT.Trens blindados cruzavam o EstadoCom respaldo da Politécnica, foram construídos os famosos trens blindados que cruzavam o Estado levando tropas, além de carros blindados mais leves, pesando apenas 4 toneladas, e até uma lancha blindada, o que exigiu o desenvolvimento de chapas metálicas mais leves e resistentes.O prestígio da Politécnica por encabeçar a produção de material bélico levou a escola a ser considerada “encarregada da defesa do Estado” e rendeu um salvo conduto ao então diretor, Francisco Maffei, para transitar livremente pelas áreas conflagradas. Os documentos fazem parte do acervo.Conforme a pesquisadora, o aumento nas atividades na época, aliado ao estreitamento do contato com as indústrias paulistas, levou à criação do IPT, em 1934, a partir do laboratório da Politécnica. “O legado deixado ao IPT pela sua participação na Revolução de 32 foi um grande desenvolvimento tecnológico”, diz.“O IPT, que na época era Laboratório de Ensaio de Materiais (LEM), ainda vinculado à Escola Politécnica, passa a produzir armas e munições. Resolve, por exemplo, problemas técnicos com periscópios, elabora mapas detalhados das frentes de batalha”, acrescenta Mirian.Segundo ela, todo esse conhecimento desenvolvido e acumulado nos poucos meses da revolução foram absorvidos pelas equipes técnicas do LEM e posteriormente usados para aquisição de novos conhecimento. Isso alavancou o desenvolvimento das inovações tecnológicas, que passaram a ser utilizadas nas várias áreas técnicas do Instituto.“Dessa forma, o IPT passa a suprir a indústria paulista nas suas necessidades de inovação tecnológica, com atuação interdisciplinar, que é uma das marcas do IPT”, destaca.
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.