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1 de dezembro de 2002ver ano
  
  
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Dois aspectos físicos indicam o papel da imagem como objeto de culto. O primeiro concerne aos olhos de vidro presentes nas esculturas maissofisticadas. A verossimilhança do olhar da figura de devoção era um aspecto essencial para que a escultura pudesse comover o fiel, de acordo comas diretrizes da Contra-Reforma. Ademais, os orifícios nas cabeças esculpidas revelam que Anna e Maria eram adornadas com coroas e resplendorestípicos da cultura barroca ibero-americana. Podiam ser feitos em metaispreciosos e doados como ex-votos. O afeto que permeava a comunicaçãopelo olhar e o adorno revela a razão de ser da escultura: aproximar o fiel deSant’Anna.O objetivo deste estudo é compreender a iconografia da imagem à luzdesta sua função cultural: ser um objeto de devoção. A história das idéiaselucida as metáforas atribuídas a Anna, centradas nos papéis de mãe educadora e esposa santa. A primeira parte do texto trata da iconografia dasSantas Mães (figura 1) e a segunda da devoção a Sant’Anna nas Minas Gerais.A terceira parte analisa a iconografia de Sant’Anna Guia e Sant’Anna Mestra (figura 2). Em Minas, Anna foi representada sobretudo como Mestracujo atributo essencial é o livro.Sant’Anna, Mãe de MariaO culto da Virgem Maria tornou-se importante no Ocidente a partirdo século XII, com a valorização da genealogia e da infância de Cristo.Anteriormente, o Cristianismo era centrado nas figuras de Cristo adulto ede santos. Maria tornou-se uma figura de destaque, em particular na Europa católica e na América Latina. A mariologia passou a desenvolver ostemas da vida da Virgem.O primeiro episódio da vida de Maria foi sua concepção no ventre desua mãe, Sant’Anna. Uma festa conhecida como a “Concepção de Anna”era celebrada em Constantinopla desde meados do século VIII e no Ocidente um século mais tarde.1 A devoção a Sant’Anna era estreitamente vinculada a este papel de concepção da Virgem.Anna e seu esposo Joaquim são figuras ausentes das Escriturascanônicas. Seus nomes são documentados pela primeira vez em um evangelho apócrifo composto no século II. O Evangelho de Tiago, ou evangelho da infância da Virgem e de Cristo, é o que mais fala da concepção deMaria.2 Ele conta como Anna e Joaquim viram suas ofertas recusadas noTemplo por causa da esterilidade do casal, considerada uma maldição nojudaísmo. Após a separação do casal e muitas orações, o anjo exorta-os a seencontrarem na Porta Dourada de Jerusalém onde Maria seria concebidapelo abraço dos dois. O Evangelho de Tiago foi muito difundido no Ocidente em livros hagiográficos, na liturgia e na iconografia.O tema da vida de Maria inspirou a primeira manifestação conhecidada devoção a Sant’Anna no Brasil. Trata-se do primeiro poema escrito naAmérica portuguesa, obra-prima de José de Anchieta (Tenerife, 1534 —Espírito Santo, 1597). Foi composto em 1563, ano da conclusão do Concílio de Trento, que tentava frear o culto de Sant’Anna. A obra começa coma concepção de Maria. Graças à pureza de sua filha, Anna deu à luz semdores.3 O jesuíta exalta todas as funções maternais que Anna assumiu,mesmo as mais comuns, como a amamentação. Os papéis mais importantes de Sant’Anna foram a concepção de Maria, sua educação e sua preparação ao voto de virgindade, ao ser consagrada no Templo. O valor do poema, além da propagação pioneira de certas idéias teológicas no Brasil, é ode traduzi-las em um modelo de comportamento para os fiéis, onde as virtudes da virgindade e da castidade ganham relevo. Embora o maior religioso da colônia pregasse a contemplação e a imitação da “imagem” deMaria, seu manuscrito em latim dificilmente poderia ser divulgado entreos leigos. As artes visuais iriam se encarregar da criação de imagens quefossem eloqüentes em sociedades majoritariamente analfabetas, como asda América portuguesa. [p. 2, 3 do pdf]

Sant’Anna, a raiz“Que a raiz seja Santa Anna,Maria Santíssima a vara, e Christo Bem nosso a flor”.João Evangelista, 17394A história da iconografia de Sant’Anna segue os passos da história dasidéias religiosas e do culto. No Ocidente, a partir do século XII, a iconografia de Anna torna-se mais complexa, podendo abarcar formas alegóricas e narrativas. Os principais temas representados são os papéis de Anna e Joaquim como progenitores na genealogia messiânica, mesmo quando afigura de Maria está ausente. Estes papéis já eram predestinados no pensamento de Deus, como indica o tema iconográfico Anna [e Joaquim]contempla[m] em êxtase a imagem de sua filha já santificada por Deus antesde ser concebida, do qual conhecemos raras variantes dos séculos XVIe XVIIno mundo luso-brasileiro.Os artistas podiam representar os pais de Maria para evocar a sua concepção. Trata-se de uma alegoria, quer dizer, de uma representação que evocauma realidade outra5. Alguns temas alegóricos eram baseados no Evangelho de Tiago, como o encontro de Anna e Joaquim na Porta Dourada deJerusalem. A Contra-Reforma veio a desvalorizar este tema na arte; Inocêncio XI chegou a bani-lo em 1677.Outros temas alegóricos evocam a genealogia messiânica de forma aprivilegiar os avós de Cristo. O tipo iconográfico mais alegórico da figurade Anna encontra-se em variantes da Árvore de Jessé (inspirado em Isaías11:1-2). Ele representa uma árvore que sai do tórax ou da orelha de Jessécom figuras em número variável. Na sua origem, no século XII, este tipoiconográfico era cristológico. Às vezes, os profetas da Encarnação eram representados dos dois lados da árvore. Sobre os galhos há reis que foramancestrais de Cristo. No alto da árvore se situa a Virgem, e no galho superior seu Filho. Em algumas variações posteriores, o tipo iconográfico tornou-se mariológico. Ressaltava-se a genealogia da Virgem mais do que a deseu Filho, que era excluído. Neste caso, os pais de Maria ganham destaque:há árvores compostas apenas com Anna e Joaquim. Apesar de restringidapela Contra-Reforma, a iconografia da Árvore de Jessé ainda inspirou obrasem Portugal. No Brasil, no entanto, ela é muito rara.6As Santas MãesO quam pulcra estcasta generatio cumclaritate.(“Festo S. Annae Matris”, 1760)7Como a “gloriosa matriarca” era mais valorizada do que o “gloriosopatriarca” — termos encontrados nos textos da Contra-Reforma para invo [p. 3, 4 do pdf]

Sant’Anna, protetora das Minas Gerais e de seusdesbravadoresSant’Anna “he a mysteriosa Arca, que teve em si a MariaSantíssima, urna de ouro”.Frei Francisco da Madre de Deus, 179811Os eclesiásticos foram os primeiros propagadores da devoção à mãede Maria na América portuguesa. No século XVIIII, seus gestos e suas idéias indicam que esta devoção se intensifica. Por exemplo, em 1759, a pedidodo bispo Antonio do Desterro, Clemente XIII proclama Sant’Anna padroeira do Rio de Janeiro. Em 1782, Pio VI declara Sant’Anna “padroeira eprotetora” de São Paulo. As publicações setecentistas do clero brasileiro eportuguês testemunham a vitalidade da devoção a Sant’Anna. Havia livrosque abordavam sua vida e seus milagres,12 outros de natureza mística,13bem como modelos para sua novena.14Em Portugal e no Brasil, Sant’Anna foi objeto de vários sermões, umgênero literário enriquecedor para a cultura barroca e essencial para os propósitos da Contra-Reforma. Um tema de destaque na parenética era o papel de Sant’Anna como “o tesouro escondido no campo” da parábola sobreo reino dos céus (Mateus 13). Esta parábola deve ter sido particularmenteeloqüente em Minas, pois ela evoca o homem que, tendo achado o tesouro, vende tudo que possui para comprar o campo onde ele se encontra.Havia também uma analogia entre Anna e o campo que contem o tesouro.“A pureza é um tesouro escondido”:15 quando Sant’Anna oferece Maria aoTemplo, o voto de virgindade da filha representa o tesouro escondido damãe. Em 1646, este gesto é imitado pelos pais da noviça Anna Maria, quando deixam seu tesouro para tornar-se Clarissa no Mosteiro de Sant’Annano dia da festa da padroeira. O dote da religiosa é composto de seus trêsvotos: a obediência é uma “pérola” (Sant’Anna é comparada ao mar) e acastidade é “o tesouro do Evangelho”.A exegese bíblica e o imaginário vieram reforçar a mesma idéia e darlhe uma tradução na prática. Sant’Anna tornou-se padroeira de mineradores— tradição já corrente na Espanha — e de “moedeiros”. Assim como asminas, Anna escondia ouro em seu ventre: Maria Imaculada. A analogiateve ressonância no mundo rural das Minas Gerais, alvo das esperanças quecolonizadores nutriam há séculos. No âmbito urbano, os moedeiros realizavam festas anuais em homenagem a Sant’Anna. O sermão pregado nafesta dos moedeiros na catedral de Salvador — bem como aquele pregadotrês anos antes na Sé de Lisboa — é fundado na analogia entre Anna e otesouro do evangelho.16 [p. 6, 7]

Vejamos dois exemplos de leigos que também associavam Anna aotesouro bíblico. Em 1770, o governador de São Paulo — capitania que muito contribuiu para o povoamento de Minas — exprimiu sua gratidãopela descoberta de ouro a Sant’Anna, homenageando-lhe em grandes festas. É notável o testemunho documentado por uma escrava que se prostituía em Minas, Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz (1719 — após 1765).Ao converter-se, Rosa tornou-se devota de Sant’Anna e sua família e criouum rosário no qual — assim como no rosário mariano — quinze mistériosda vida de Sant’Anna eram meditados. Em um deles, a mãe de Maria “eracofre em que o Altíssimo depositou o tesouro da pureza suma, sem misturanem macula, a Virgem Intacta”.17 A experiência religiosa desta alforriadaera composta de conhecimentos teológicos sofisticados, idéias populares,manifestações de afeto e visões típicas da cultura barroca.18Em Minas Gerais, capelas foram consagradas a Sant’Anna desde oinício do povoamento. No culto como na iconografia, a “gloriosa matriarca”ocupava uma posição de destaque em relação a seu esposo. Por exemplo,entre os 52 padroeiros de irmandades, Anna foi a sétima; havia uma únicairmandade dedicada a Joaquim.19 Entre os 33 padroeiros de 74 paróquias,Anna foi a terceira mais importante.O “glorioso patriarca” Joaquim era, em geral, associado a sua esposa.Ainda no século XVIII, insistiu-se para que Joaquim fosse apresentado comoo único esposo de Anna, contrariamente à lenda difundida nos séculos XVe XVI segundo a qual ela teria tido três maridos.20 Tratava-se de uma precaução prudente para que Anna e Joaquim pudessem se tornar um modelo para doutrinar uma sociedade onde a bigamia era freqüente.21 Evocarlaços familiares de Sant’Anna além daqueles com Maria e Joaquim era razão para ser denunciado ao Santo Ofício da Inquisição.22Assim, compreende-se por que a esposa de Joaquim é invocada como“protetora das viúvas” em uma litania anotada por Rosa Egipcíaca. A ladainha invoca suas virtudes e seu papel em relação aos homens da sagradafamília:“Sant’Anna, espelho de obediência, ora pro nobis !Sant’Anna, espelho de paciência, ora pro nobis !Sant’Anna, proteção das viúvas, ora pro nobis !Sant’Anna, mulher forte, ora pro nobis !Sant’Anna, avó de Cristo, ora pro nobis ! [p. 7, 8] • 1° fonte: 01/01/1578
Evidências de que Afonso Sardinha teria "descoberto" o “Araçoiaba”





• 2° fonte: 01/01/1997
Araçoiaba e Ipanema. José Monteiro Salazar





• 3° fonte: 13/07/2012
\\windows-pd-0001.fs.locaweb.com.br\WNFS-0002\brasilbook3\Dados\cristiano\registros\28733titulo.txt

"Em 1º de agosto de 1865 com o efetivo de 759 homens, o 7o levantou acampamento e seguiram para Santos, onde embarcaram no “Princeza de Joinville” com destino final no Rio Grande. Em Porto Alegre o batalhão teve instrução e treino por pouco mais de um mês, infelizmente tempo suficiente para vitimar 33 praças e um oficial, mortos por varíola. No dia 7 de outubro, o 7º batalhão embarcou no “Vapor São Paulo” iniciando a longa viagem rumo a Corrientes. Durante os próximos quatro meses o 7º acampou em diversos pontos da fronteira paraguaia e se juntou com o 42º também de São Paulo. Teve a honra de ter sido passado em revista pelo venerável General Osório que afirmou: “Esses são soldados! E devem selos, pois os paulistas, seus antepassados, foram bravos, como certifica a história”




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