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ANUÁRIO DO MUSEU IMPERIAL VOLUME 36 1975
      Atualizado em 10/06/2025 05:57:00

    
    
    


Agosto de 1875Existe no Arquivo Histórico do Museu Imperial, entre os documentosdoados pelo príncipe d. Pedro Gastão, uma série de apontamentos de d. PedroII escritos em forma de diário durante suas viagens no interior e fora do Brasil.Um deles é o constante do Cat. B. M XXXIX, D. 1059, no 16, no qualdescreve o imperador a sua viagem a São Paulo em agosto de 1875.Divulga o Anuário do Museu Imperial a íntegra desse documentoatualizada a ortografia e pontuação para maior facilidade da leitura.Ao texto de d. Pedro II foram acrescentadas introdução e eruditas notasexplicativas, devidas ao historiador campineiro Celso Maria de Melo Pupo,correspondente do Museu Imperial, que se dedicou ao trabalho com o espíritode pesquisa já revelado em escritos anteriores, elucidando e ampliando os, porvezes, insuficientes apontamentos do apressado imperador itinerante. Vão essasnotas identificadas com as iniciais do autor – M. P.A elas, com permissão do anotador, julgou a redação do Anuário oportunoacrescentar outras, devidamente identificadas com a sigla – M. I.INTRODUÇÃOSuas majestades chegaram a Santos dia 17 e desembarcaram, sendorecebidos pelo presidente da província, Sebastião José Pereira 1, e autoridades,sob aplausos do povo e demonstrações de alegria e entusiasmo. Depois deorarem na matriz, hospedaram-se em casa do barão de Embaré, depois viscondedo mesmo título, Antônio Ferreira da Silva; feito um passeio pela cidade, partirampara São Paulo às 14h15m, onde desembarcaram perante grande multidão depovo que os aclamou com delírio. Hospedaram-se no Palácio do Governo deonde saíram para suas orações na Sé, sendo recebidos pelo cabido.A grandeza de espírito do nosso imperador se revela na forma modesta [p. 67]

principal, a italiana. Vi uma rapariga de Nápoles, doente, muito engraçada.Parece que tem bexigas. Um italiano tocava o hino brasileiro, gaita de paupresa ao peito, sobre a qual passava a boca, zabumba tocada com o cotovelo,pratos e triângulo com uma cordinha presa ao calcanhar direito.Passeio público 29. Plantação aumentada. Torre que lembrou-me o pagodede Kew-Garden. Tem 112 degraus. Vista soberba de cima onde se está muito àlarga. Lanço das escadas, doces. Jardim dos Amores, onde vamos à casa debanhos, para mergulhar e de chuva.Jantar das 6 até às 8. Gente. Te-Déum na matriz pregando o cônegoJustino de Andrade, lente substituto do curso jurídico 30.Teatro Provisório muito pequeno, onde Amoedo e outros representaramsofrivelmente A Filha Única, do autor da Estátua de Carne. É boa peça 31.É 1h 5’ da madrugada de 20; o termômetro marcou, fora da janela, 59°.

20 – 5h10: Term. que ficou toda noite fora da janela, 58°.Partida de São Paulo às 6. Comida na boca do túnel de Pinheirinhos. Nasaída, é o ponto mais alto da estrada, 155 metros acima de São Paulo. Sorocabaestá abaixo daquele ponto 356. Pouco depois do túnel, curva de 80m de raio.Há bastantes e ásperos [sic] na estrada e bastante declive, o maior de 1 em 50.Tem abatimentos nos aterros e os trilhos berram quase a estes, que se fendem.Há 2 túneis além de Pinheirinhos.Chegada a Sorocaba ao meio-dia. Daí a pouco fui à Casa de Caridade 32.Muito pequena e com 7 doentes. Mal cuidada.A Casa da Câmara, boa. Havia 17 presos 33.Máquina de Maylaski 34 de fazer os fardos de algodão, depois dedescaroçá-lo em 3 máquinas. A de comprimir o algodão ainda é movida a mão.Emprega o caroço como combustível da caldeira, tem 30% de abatimentocomparado ao carvão. Já teve ano de enfardar de 80 a 100.000 arrobas dealgodão. É grande produção de [sic] ao redor de Sorocaba.Colégio de meninas de uma sociedade particular. Também Maylaski entranisso. 16 meninas. Há uma mestra alemã que pareceu-me inteligente.Estação da estrada de ferro, que é boa. Fábrica de chapéus de AntônioRogisch 35, meu conhecido de Carlsbad. Casa muito bem arranjada. Associou-se a um Nasel que foi trabalhador com ele. Parece excelente gente. 40trabalhadores. Pode fazer 60 chapéus por dia; a fábrica do Fischer tem umamáquina de formar o chapéu lançando por sopro o pelo sobre a forma que gira,a qual não possui Rogisch.Cemitério em posição alta com bonita vista.Voltei à casa e saímos às 3 ½ para a cascata que é muito pitoresca. Maucaminho para carro.Jantar às 6. O dr. Adams 36 nada adiantou quanto ao terremoto.Assevera que muita gente saiu para a rua espavorida e que caíram muros velhos 37. Ninguém percebeu que o solo tremesse e apenas oscilações de objetos.Os estrangeiros com bandeiras e música saudaram-me da rua falando oMaylaski. Recebi das 7 às 8. Te-Déum, música detestável.11h – Chego do Teatro de São Rafael muito sofrível. Só assistiu [sic] a 2atos da peça. A mesma companhia de Amoedo.O dr. Adams disse-me que fez a operação cesariana por causa de um fetoextra-uterino de 14 meses [sic]. A mulher apesar de ulcerações intestinais ficouboa. Colhi folhas na cascata.11 ½ da noite, fora da janela 61°.21 - 6h: Partida. Chegada a Ipanema 38, de vitória, às 8. Fornos altos eoficinas. Almoço. Em trole à oficina de ustulação e pilões, pelo caminho domato; pedreira de ferro, de cal camadas inclinadas concordantes com as que seacham a 2 léguas do lado de Sorocaba. Nem mesmo com microscópio se temdescoberto vestígios de fósseis. Volta à casa.Saída a cavalo até a Pedra Santa, grande massa de camadas de grés, quenão é do vermelho. Ao pé há uma massa de granito porfiróide, que errou daserra a bastante distância. Debaixo da Pedra Santa dormia o Monge da Gávea.Lanche.Saída de trole. Vi as carvoeiras e os limites das terras da fábrica, 2 léguasquadradas com bons matos, chegando à casa às 7 pela estrada que segue paraPorto Feliz. Vi a escola, que de noite é de adultos, mas onde se reuniram ascrianças que estudam de manhã. Há 47 matriculadas.Cadeia e fundição.Jantar. Discussão sobre a melhor direção da estrada de ferro para a cidadede Tietê, entre mim, o presidente da província e o juiz municipal de Sorocaba,Toledo 39, moço muito inteligente. São 10 ¾. Vou deitar-me. Term., fora dajanela, 64°. Chega no inverno a gelar.22, 4 ¾ da manhã: 61° fora da janela. Parto às 5 para Sorocaba. Chegadaàs 7 a Sorocaba. Falei a um suíço, Budicken, engenheiro que me deu uma vistade Sorocaba e tem carta de recomendação do presidente da Confederação Suíça,Schenk, e a um Luís Delfino que cria abelhas. Tem 800 cortiços e disse-me quea abelha que dá mais cera é a Mumbuca. Disse-me que aprendera a tratar asabelhas na quinta da Boa Vista morando com o pai no Pedregulho. Há outrosem Sorocaba que possuem 200 a 300 cortiços. Referiram-me que São Paulo jánão importa cera.Ouvi missa na matriz e parti às 8 para São Paulo. Chegada ao meio-dia½. Coberto de pó mudei-me e fui ver o Convento de São Bento. Repararam-no. Não achei as pinturas antigas 40.Depois, à fábrica do dr. João Ribeiro 41 de fazer tijolos, telhas,panelas, etc. e pedra artificial com ornatos 42. Os fornos admitem 80.000 e7[p. 71 e 72]caba (VII), São Paulo, Revista de História, v. 76. p. 355, que: “Deram-lhe [ao imperador]um carro aberto à frente da locomotiva e iam-lhe mostrando a construção. [Estrada deFerro Sorocabana] Às vezes descia e ia ver de perto”. Segundo o mesmo autor: “JúlioRibeiro noticiou a visita, pondo a culpa dos males do Brasil nos políticos. Foi levar a PedroII um exemplar do padre Belchior de Fontes, aqui impresso em folhetim e em livro. Muitobem recebido”. Era esta a segunda viagem que o imperador fazia a Sorocaba. A primeirafoi em 17 de março de 1846. A 25 de outubro de 1878, novamente o imperador e a imperatriz“com grande comitiva” reapareceriam em Sorocaba em trânsito para Ipanema (MI).33. Cadeia e câmara no mesmo prédio, como em todas as congêneres coloniais (MI).34. Luís Mateus Maylaski notabilizou-se pelo seu dinamismo e pelas suas grandesrealizações. Nasceu em 1832, devendo-se à sua operosidade, a fundação de cinco estradasde ferro e a construção do porto de Vitória (Aluísio de Almeida e Antônio Francisco Gaspar,biografia); desenvolveu em Sorocaba a indústria algodoeira, pujante na província. Foiagraciado pelo rei de Portugal com o título de visconde de Sapucaí, recebendo do mesmosoberano brasão de mercê nova por carta de 19 de setembro de 1891 (MP).Luís Mateus Maylasky (como vem grafado no relatório da Estrada de FerroSorocabana, de 1874) nasceu em Kassa (Hungria) em 28 de agosto de 1838. Chegou emSorocaba em janeiro de 1866, onde se casou com Ana Franco, filha de Joaquim José deAndrade, chefe local do partido conservador. Faleceu em Nice (França) em 1906 (MI).35. A indústria chapeleira era futurosa e florescente em 1875; encontramo-la em São Paulo,Sorocaba e Campinas, impressionando sua majestade que as registrou e as visitou nastrês cidades. Antônio Rogisch, de quem fala o imperador, fixou-se em Sorocaba e deleficaram membros da família, no mesmo ramo industrial (Antônio Francisco Gaspar, MinhasMemórias, 93) (MP).

Os irmãos José e Antônio Rogisch, ou Rogick, como grafa Aluísio de Almeida, eram húngaros e se fixaram em Sorocaba em 1847, onde Antônio casou-se, em 1869, com Constância Ferreira Leão. A fábrica de chapéus data de 1852, localizada na Rua da Ponte. Associou-se depois ao alemão Venceslau Razzl. Henrique Adams adquiriu a fábrica em 1880. Em 1870 o alemão Teodoro Kaysel, instalou outra fábrica de chapéus em Sorocaba.Em 1883, havia em Sorocaba três fábricas de chapéus: a do dr. Adams, a de José Rogisch e a de Teodoro Kaysel (MI).

36. João Henrique Adams, inglês de Londres, casou-se em 1869 em Sorocaba, com d. Ângela Leopoldina de Oliveira, filha dos barões de Mogi Mirim. Esses titulares hospedaram suas majestades em seu sobrado, nas visitas feitas a Sorocaba, assim como o conde d’Eu; em 1846, foi o sobrado, o maior da cidade, inaugurado pelo imperador, depois de receber rica ornamentação com prataria e fino mobiliário (pesquisas do historiador Carlos Sonetti e Aluísio de Almeida, História de Sorocaba, 240) (MP).

Referindo a João Henrique Adams, Licurgo Castro Santos Filho, História da Medicina no Brasil, v. 2, p. 365, diz: “Médico inglês, natural da colônia do Cabo (África do Sul) onde nasceu em 1822; faleceu em 2 de novembro de 1901 no Rio de Janeiro. Médico, em 1850, pela Universidade de Marburgo”. O dr. Adams clinicou por mais de 30 anos em Sorocaba. Em 1880, adquiriu a fábrica de chapéus de Antônio Rogisch (MI). [p. 88]

37. Sobre o tremor de terra em Sorocaba e circunvizinhanças há, no Arquivo Histórico doMuseu Imperial, os seguintes documentos:D. 7847 M.172: Carta de Joaquim de Sousa Mursa ao presidente da província, JoãoTeodoro Xavier, datada de Ipanema, 10/03/1875;D. 7848 M.172: Carta do barão de Piratininga (Antônio Joaquim da Rosa) aopresidente João Teodoro, datada de São Roque, 22/03/1875;D. 7848 M. 172: Carta de José Leite Penteado ao presidente João Teodoro, datadade Sorocaba, 10/03/1875 (MI).

38. Ipanema teve em 1571 o primeiro estabelecimento siderúrgico do Brasil, instalado porAfonso Sardinha. Depois de 1765, quis o morgado de Mateus, capitão general de SãoPaulo, reerguer o estabelecimento, o que se tentou com fundidor encarregado de recuperara fundição de Sardinha. Seguiram-se outras tentativas de uma regular exploração industrial,destacando-se a de maior vulto na primeira década do século XIX, com diretor, auxiliares emaquinários vindos então da Suécia. Quando diretor de Ipanema o oficial Frederico LuísGuilherme de Varnhagen, aqui nasceu a 17 de fevereiro de 1816, seu filho, FranciscoAdolfo de Varnhagem, futuro visconde de Porto Seguro e um dos maiores historiadoresbrasileiros.

De tentativas em tentativas, chegou o ano de 1865, quando assumiu sua direção oengenheiro Joaquim de Sousa Mursa (depois, membro do primeiro governo republicano deSão Paulo e deputado ao Congresso Constituinte da República). Esse diretor procurou darà fábrica de ferro a necessária situação de estabelecimento produtivo, indo à Europa paraestudos e obtenção de pessoal técnico; durante sua gestão, suas majestades visitaramSorocaba, indo desta cidade, em carruagens, visitar Ipanema, constatando uma significativaprodução que, entretanto, não se consolidou, deixando que hoje Ipanema seja apenas umpatrimônio histórico (Jesuíno Felicíssimo Júnior, História da Siderurgia de São Paulo eMemória sobre a Comemoração do 150o Aniversário da 1a Corrida de Ferro no Alto Fornode Ipanema) (MP).39. Joaquim de Toledo Piza e Almeida, nasceu em Capivari (SP) a 19 de outubro de 1842.Bacharelou-se em novembro de 1866, iniciando sua vida pública como promotor em Taubaté.Em maio de 1874, foi nomeado juiz municipal em Sorocaba sendo transferido para SãoPaulo em novembro de 1875. Ocupou vários cargos de relevo. Quando faleceu, em 24 deabril de 1908, era presidente do Supremo Tribunal Federal (MI).40. É velho em nosso país o vezo de se destruir o antigo (MP).41. João Ribeiro da Silva, proprietário da olaria do Bom Retiro, na Luz, fundada em 1872(MI).42. Indústria florescente em nossa província, veio interromper o uso das paredes de pau-a-pique que se adotavam nas paredes internas das grandes construções e para casas menores;a taipa continuou em uso para as paredes mestras (MP).43. Parece tratar-se de Gustavo Sydow, estabelecido, ainda em 1883, na Rua Conse- [p. 89]



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