CARTOGRAFIA DAS RELAÇÕES - As condições da produção intelectual e os percursos da escrita histórica de Jaime Cortesão no Brasil (1940-1957) - 01/01/2015
CARTOGRAFIA DAS RELAÇÕES - As condições da produção intelectual e os percursos da escrita histórica de Jaime Cortesão no Brasil (1940-1957)
2015 Atualizado em 30/06/2025 04:07:12
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CARTOGRAFIA DAS RELAÇÕES - As condições da produção intelectual e os percursos da escrita histórica de Jaime Cortesão no Brasil (1940-1957)verdadeiro prólogo à penetração nos sertões”. As Atas da Câmara de São Paulo são apresentadas então na exposição como importantes documentos a respeito do surgimento dessa criação de gado, difundida então nos “campos” do planalto. Da criação da Câmara, em 1560, diz-se que a sua instalação, ao lado do Colégio, faz dela “baluarte do espírito de liberdade e autonomia e defesa do sentido de vida independente e expansionista, que havia de caracterizar o bandeirismo”.O texto introdutório indica sobre a preparação dos documentos para a exposição ao mencionar que das dezenas de mapas resultados das primeiras entradas nos sertões, quase todos inéditos, dois tinham sido selecionados: o de Bartolomeu Velho (1562) e o de Luiz Teixeira (c. 1584). No primeiro, o Brasil é figurado como uma ilha, limitada pelos rios Paraguai e Tocantins, unidos pela lagoa Eupana. Apresentam-se também os rios Paraná, Piqueri, o Salto do Guairá e os rios que levam a Assunção “resto evidente das viagens comerciais dos vicentistas àquela cidade”. O segundo, de Luís Teixeira, registra a “região explorada por Jerônimo Leitão”, apresentando “pela primeira vez segundo cremos”, o vale do Paraná e os seus afluentes da margem esquerda: “Imbi (Anhembi); Parapenem (Paranapanema); Ubay (Ivaí); Pequiri e o Guaiçu (Iguaçu)”. De acordo com o texto, o documento que provavelmente apresenta “um primeiro traçado hidrográfico, tão importante para a história da formação do Brasil”, pode também ser o primeiro a mencionar e a situar, “com relativa exatidão, o Anhembi ou Tietê”.
Continuando sobre os mapas da seção, as únicas peças destacadas no texto introdutório, Cortesão lembra o mito geográfico que também deu à lagoa do interior do continente o nome de Dourado ou do Ouro, chamando a atenção “para a fotocópia dum alvará de nomeação, por el Rei D. Sebastião, de Domingos Garrucho para ‘mestre do Campo Geral da jornada de descobrimento da lagoa que chamam do Ouro’”. O documento de 1576 pode indicar “o primeiro projeto de descobrimento da Lagoa do Ouro, que foi, alguns anos volvidos, o alvo, conforme o testemunho de frei Vicente do Salvador, da entrada de Gabriel Soares de Sousa”. No texto, Cortesão lembra que Garrucho era morador da capitania vicentina.
O processo descrito, discutido nos seus pormenores em A fundação de São Paulo: capital geográfica do Brasil (1955), foi então apresentado em 14 painéis e dez vitrines na terceira seção da exposição.258 A seção foi aberta com um mapa da Vila de São Vicente, reproduzido do original de Alonso da Santa Cruz, cosmógrafo espanhol que esteve na região em 1530. A legenda identifica o autor da carta, registrando também o que disse sobre a região: “um povoado de dez ou doze casas, uma feita de pedra com seu telhado e uma torre para defesa contra os índios e, tempo de necessidade”. A legenda comunica também que no local viviam náufragos, entre eles Gonçalo da Costa e que “nessa povoação e nesses povoadores afunda suas raízes a futura vila de São Paulo de Piratininga”, identificando assim uma “pré-fundação”de São Paulo, um marco inicial do processo que se estendeu pelas décadas seguintes e que não se encerra na data de 25 de janeiro de 1554.
Os primeiros povoadores de São Vicente são representados por Manuel Lapae na sequência por painéis ou destaques especiais para cada um deles: João Ramalho, Gonçalo da Costa e Antônio Rodrigues. Na legenda, um trecho selecionado do Diário de Pero Lopes de Sousa (1532) deu sentido às três figuras, narrando as determinações do capitão Martim Afonso e de seu grupo: “A todos nos pareceu tão bem esta terra que o capitão determinou de a povoar e deu a todos os homens terras para fazerem fazendas”, fazendo uma vila na ilha de São Vicente e outra “nove léguas dentro, pelo sertão, à borda de um rio que se chamava Piratininga”, repartindo as pessoas nas duas povoações e dotando-as das estruturas pertinentes de então. Um retrato de Martim Afonso também por Manuel Lapa, é apresentado em destaque na sequência, outorgando-lhe, junto ao rei de Portugal, “a glória (...) de ter fundado a vila de Piratininga, na consciência das suas vantagens de posição como base da formação territorial do Brasil”, glória esta baseada na Carta da Imperatriz. Comunicava-se assim o sentido da fundação de São Paulo em relação à história da formação territorial do Brasil, fruto de determinações da Coroa.Nas vitrines a seguir, documentos expostos, emprestados do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, apresentavam registros relacionados às ações de Martim Afonso, Pero Lopes e João Ramalho concernentes ao processo de povoação, deslocamentos, sesmarias. Duas pedras quinhentistas também complementam o quadro dos anos iniciais da colonização: do Museu Paulista, ambas fazem parte do acervo permanentemente exposto pelo museu na atualidade.[p. 148, 149]
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