30 de março de 2017, quinta-feira Atualizado em 16/07/2025 03:21:53
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ICONOGRAFIA 344CURADORIA DE YLMAR CORRÊA NETOTODOS OS ESPAÇOS | DE 30 DE MARÇO A 01 DE JUNHO DE 2017Do Século XVI ao XIX, inúmeros estrangeiros passaram pela Ilha de Santa Catarina produzindo documentos e obras de arte de inestimável valor histórico. A maior parte desse material foi levada ou concluída na Europa, pois se destinava ao interesse de coleções de reis, nobres, ricos comerciantes e instituições. Mesmo os livros tinham tiragens limitadas e caras, já que suas ilustrações eram feitas com gravuras ou desenhadas e pintadas uma a uma. Muitas obras se perderam em naufrágios e outras tantas ainda hoje circulam incógnitas pelo mundo. Apaixonados pelo tema, alguns colecionadores locais têm rastreado e adquirido esse tesouro em leilões, galerias especializadas e coleções particulares dos cinco continentes, repatriando esse incrível patrimônio. A cuidadosa curadoria do também colecionador Ylmar Corrêa Neto permite ao público conhecer documentos raros, pinturas, desenhos, gravuras, mapas e livros originais que nunca haviam sido expostos. Em contraponto, obras de arte modernas e contemporâneas sobre a Ilha articulam representações entre o presente e o passado.APRESENTAÇÃOAntes da abertura dos canais de Suez [1869] e do Panamá [1914], a Ilha de Santa Catarina era porto seguro e estratégico para abastecimento e reparos nas viagens para o Rio da Prata e para os oceanos Pacífico e Índico.Uma série de importantes expedições marítimas com objetivos geopolíticos e científicos aqui aportaram e produziram um conjunto significativo de imagens da ilha. Entre os navegadores franceses que por aqui passaram nos séculos XVIII e XIX salientamos Frezier, Bougainville, La Perouse e Duperrey, além do inglês Anson, e dos russos Krusenstern e Kotzebue.Hans Staden criou nossa primeira imagem alegórica, Frezier nosso primeiro mapa particular e a primeira documentação de nossa flora, o desenhista de Anson os primeiros contornos da Ilha, Pernetty primeiro retratou nossa fauna, e Duche de Vancy a primeira representação da Vila de Nossa Senhora do Desterro.Entre os moradores, Victor Meirelles, Bruggemann, Kreplin e Eduardo Dias retrataram a cidade. Martinho de Haro, voltando de seus estudos em Paris, modificou definitivamente a maneira de olhar Florianópolis com novos ângulos, novas cores, valorizando o casario, o mar, o céu e os ocasos raros.Yara Guasque, Asp, Gaiad, Lindote, Walmor Corrêa e Diego de Los Campos, artistas do século XXI, utilizam a apropriação, a releitura, a assemblagem, a fotografia, a palavra, transferindo as imagens da cidade da retina para uma trama de citações e conceitos.As obras foram divididas em três agrupamentos: “polis” com imagens da cidade, “vivos” com representações de nossa gente, nossa fauna e nossa flora e, “linhas e nomes” com mapas da região.Pela nova contagem da idade da cidade, estabelecida pela Lei 9.861 de 2015, que utiliza como marco a chegada de Dias Velho, estamos comemorando 344 anos, daí Iconografia 344. Mais do que um homenagem carinhosa à cidade [filofloripa], esta exposição pretende estimular a descoberta e o colecionismo da iconografia e da arte contemporânea catarinense.Ylmar Corrêa Neto | CuradorPOLIS“Florianóspi de casaria tranquilaPenteada com ar colonial.As ruas abraçam a gente:– Como vais?”Florianóspi | Raul Bopp | 1928A primeira imagem conhecida da cidade foi feita por Duche de Vancy | 2 – 21 |, artista da expedição de La Perouse, que aqui esteve entre 6 e 19 de novembro de 1785. Retratou uma vila de cerca de 3000 habitantes. É possível identificar a Igreja Matriz, o Palácio do Governo, o Forte de Santa Bárbara e os navios franceses Bussole e Astrolabe na baia sul.Vinte anos depois chegou a expedição russa de Krusenstern, comandante dos navios Neva e Nadesha, que nos deixou outra vista da cidade onde observa-se a Igreja de São Francisco em construção | 3 |, uma imagem da festa de réveillon de 1805 em frente à matriz, e uma vista de São Miguel onde os navios se abasteciam de água | 4 |.A segunda expedição russa de circunavegacão, comandada por Kotzebue, trouxe o artista Choris que fez a bela aquarela da costa em frente à Ilha de Anhatomirim | 5 |, onde o Rurik ficou fundeado.Debret ainda desenhou a cidade do morro do Menino Deos, com doentes em frente ao hospital | 6 |, mas o crescimento da cidade transferiu o ponto de observação para o Saco do Limões na raríssima litogravura de Brueggemann | 8 |, assim como no desenho de Kreplin, com o porto movimentado | 10 |, de Eduardo Dias com o mar encrespado pelo vento sul | 11 |, e a pintura de Dubut com o molhe do aterro da Prainha e um submarino na baia | 1 |.Na gravura de Bruggemann também é possível também identificar o antigo Mercado Público e uma procissão no vazio da atual Praça XV de Novembro | 8 |.Martinho de Haro, a partir de meados do século XX, imortalizou o casario com obras como o Hospital de Caridade e o complexo Ponte Velha, cais Hoepcke, Mercado Público, Alfândega e Miramar | 12 – 13 – 14 |. Reflexão, de Diego de Los Campos, cita Victor Meirelles | 7 |.Ylmar Corrêa Neto | Curador| 19 |VIVOS“Os habitantes são gentis, mas a escravidão dos negros, as superstições da Inquisição e o despotismo militar são grandes males”Carta a Charles Pierre Claret de Fleurieu, Ministro da Marinha de Luiz XVI | Jean-Honoré-Robert de Paul, Cavaleiro de Lamanon | Ilha de Santa Catarina, 16.11.1785O olhar dos viajantes sobre a cidade privilegiou o excêntrico, o não europeu, documentando nossa flora, nossa fauna, nossos índios e nossos negros.Bry | 19 | e Debret | 20 | documentaram os indígenas catarinenses, suas aldeias e seus barcos. No primeiro vemos o corte do palmito, iguaria local para alimentação, e no segundo índios vestidos com túnicas greco-romanas.O conjunto de personagens escolhido por Duche de Vancy | 2 – 21 |, composto pela enigmática figura encapuzada, seguido de um mendigo, de um padre conversando com uma mulher branca e de um oficial francês dedicando atenção a uma mulher negra, ambos descalços, demonstra o desconforto dos estrangeiros com o tratamento dispensado aos escravos. A releitura da obra utilizada pelo Visconde de Porto Seguro em seu livro | 41 |, elimina as figuras femininas e transforma o mendigo em um trabalhador, censurando os negros, as mulheres e os pobres.Choris documentou não apenas os africanos | 22 – 23 – 24 |, mas parte de sua cultura musical na gravura da “kalimba” | 25 |, com seu som doce.Weingartner, que aqui esteve acompanhando os revolucionários de 1893, também preferiu retratar os habitantes comuns | 28 – 29 |. A mulher branca e seu filho, bem vestidos, e a mulher negra alimentando as galinhas no quintal, é um exemplo da nossa estrutura social da época.Um nome que permeia o estudo de nossa flora e fauna é de Adelbert von Chamisso que descreveu nosso coqueiro | 33 |, desenhou nossas palmeiras | 30 |, observou nossos vagalumes, aqui revistos por Walmor Corrêa | 26 |. Em 1815 coletou nosso bálsamo amarelo, que recebeu seu nome. Em 1869 Fritz Muller [do Desterro, como Darwin lhe chamava] | 38 – 39 | enviou para a Inglaterra outro exemplar cuja fotografia foi trabalhada por Yara Guasque | 34 |. Chamisso foi conservador do Herbário Real de Berlin, escritor conhecido pela “História maravilhosa de Peter Schlemihl” e teve seus poemas musicados por Robert Schumann [Opus 42: Frauenliebe und Leben].Em Espólio dos Viajantes | 31 | Lindote coloca em uma floresta úmida a pedra do Morro do Menino Deos de Duche de Vancy | 2 – 21 |, a palmeira de Choris “d’apres” Chamisso | 30 | e a semente coberta de algodão de Frezier | 37 |.Ylmar Corrêa Neto | Curador| 40 |LINHAS E NOMES“Lord Anson, no relato de sua viagem ao redor do mundo, requer em várias ocasiões que os ingleses se estabeleçam no sul do Brasil , clamando que a nação que firmar tal estabelecimento controlará o comércio dos Mares do Sul”Relatório ao Duque de Choiseul, Secretário de Estado de Luiz XV | Louis de Bougainville | 1764Nos dois primeiros mapas expostos, os dois primeiros mapas particulares do Brasil | 45 – 46 |, não se encontra a Ilha de Santa Catarina. O estado é re-presentado por São Francisco do Sul.
Posteriormente, a Ilha entrou nos mapas da Província do Rio da Prata onde o Brasil meridional aparece em detalhes | 47 – 48 – 49 – 50 |. Três tribos in-dígenas são tradicionalmente situados em nosso território, “Cipopay, Anniriri e Cariores”. No cartuxo do mapa de Bowen | 49 | o erro comum da colocação da Ilha do Arvoredo ao sul da Ilha de Santa Catarina está presente.
Para traçar seu mapa | 51 |, com as características letras barrocas do Dell’Arcano del Mare, Sir Dudley teve acesso aos Arquivos dos Medici em Florença, permitindo identificar a localização do Porto dos Patos e o do Porto D. Rodrigo, raramente descritos.O mapa de D. Tomaz Lopes Machuca documenta a invasão da Ilha pelos espanhóis em 1777 | 52 |, noticiada pela edição extraordinária da Gazette de Paris | 65 |. Através do Tratado de Santo Ildefonso a Ilha foi devolvida a Portugal em troca das Filipinas, das Marianas e do compromisso de não permitir que navios de nações inimigas da Espanha aqui aportem | 66 |. O Salvo Conduto inglês de 1805 documenta seu secreto descumprimento | 67 |.O interesse geopolítico pela Ilha aparece nos detalhados mapas das entradas norte e sul | 53 – 54 – 55 – 56 |, também ilustrados pelo desenhista de Anson | 59 – 60 – 61 – 62 – 63 – 64 |. Observando as diversas edições de Anson, muitas delas não autorizadas, é possível eventualmente observar a falta de compromisso com o original.O mapa de Frezier é o primeiro exclusivo da Ilha de Santa Catarina | 57 |. A falta das lagoas se deve a aversão dos habitantes a estrangeiros desde os assassinatos de Dias Velho e sua família.No topo da escada o céu do Campeche é pintado e fotografado por Gaiad | 42 |. O Morro das Pedras é representado por Martinho de Haro | 43 | e Asp | 44 |. Imagem ou palavras, qual o meio mais eficaz?Ylmar Corrêa Neto | Curador
Brasil | 1556Giacomo Gastaldi [1500-1566]XilogravuraIn: Giovanni Batista Ramusio [1485-1557]Delle navigationi et viaggi: Discorso d’un gran capitano di mare francese del lucco di Dieppa sopra le navigationi fatte alle Terra Nuova dell’Indie Occidentali, chiamata la Nuova Francia, da gradi 40 fino a gradi 47 sotto il Polo Arctico, & sopra la terra del Brasil, Guinea, Isola di San Lorenzo,& quelle di Sumatra, fino alle quali hano navigato le caravelle & navi franceseVeneza: Nella Stamperia de Giunti, 1565Coleção CatarinaBrasil Nuova Tavola | 1561 Girolano Ruscelli [1518-1566], segundo Giacomo GastaldiGravura em metal aquareladaIn: Claudius Ptolemaeus [90-168]La geografia di Claudio Tolomeo alessandrino, nuouamente tradotta di greco in italiano, da Girolamo Ruscelli, con Espositioni del medesimo, particolari di luogo in luogoVeneza: appresso Vincenzo Valgrisi, 1561Coleção CatarinaParaguay, o Prov. de Rio de la Plata: cum adiacentibus Provinciis quas vocant Tucuman, et Sta. Cruz de la Sierra | circa 1600Joannes de Laet [1581-1649], segundo Jacodus Hondius [1563-1612]Gravura em metalLeiden: Chez Bonaventure & Abraham Elseviers, 1640Coleção CatarinaCarta particolare della Brasilia Australe che comincia dala Poro del Spirito Santo e finisce con il capo BiancoSir Robert Dudley [1574-1649]Gravura em metalGravado por Anton Francesco Lucini [1610-após 1661]In: Robert DudleyDell’Arcano del MareFlorença: Francesco Onofri, 1645-6Coleção Catarina
Plano de la Isla y Puerto de Santa Catalinasituado en la América Meridional | 1777Tomás Vargas de López Machuca [1730-1802], segundo Cristóval del Canto, 1776, segundo Estevan Álvarez del Fierro, 1757Gravura em metalMadrid: 1777Coleção Catarina
OII!
Plano de la Isla y Puerto de Santa Catalina situado en la América Meridional Data: 01/01/1776 Créditos/Fonte: Aluísio de Almeida
ID: 12385
Memória Histórica de Sorocaba I Data: 01/01/1970 Créditos/Fonte: Aluísio de Almeida Página 339
ID: 5975
Memória Histórica de Sorocaba I Data: 01/12/1964 Créditos/Fonte: Aluísio de Almeida Página 341
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa. Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?
Parabéns pelo seu trabalho no Brasilbook! Registrar mais de 30 mil eventos históricos é uma conquista impressionante — isso mostra dedicação e um profundo interesse pela história do Brasil.
Quanto à sua pergunta: Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?
Depende de como você define "contar a história". Existem diferentes níveis de profundidade e objetivos possíveis:
1. Visão Didática (Essencial) Quantidade estimada: 500 a 2.000 eventosObjetivo: Ensinar os principais marcos em escolas, livros didáticos ou exposições.Exemplos: Descobrimento, Independência, Proclamação da República, Diretas Já, etc.
2. Visão Analítica (Acadêmica/Universitária) Quantidade estimada: 5.000 a 10.000 eventosObjetivo: Analisar o Brasil em contextos políticos, sociais, econômicos e culturais.Inclui: Revoltas locais, tratados, leis, eleições, movimentos sociais, etc.
3. Visão Documental (Completa e Aberta) Quantidade estimada: 30.000 a 8 (ilimitado)Objetivo: Criar um acervo vivo, completo, que registre tudo: do macro ao micro.Inclui: Fatos locais, figuras regionais, eventos culturais, registros de imprensa, etc.Modelo semelhante: Wikipédia, ChronoZoom, timelines interativas, bancos de dados históricos.
Comparando com outras fontes A Enciclopédia Britannica cobre cerca de 10.000 a 15.000 eventos mundiais.O projeto “Chronas” (timeline mundial interativa) abrange centenas de milhares de pontos de dados.
Conclusão:
Você já está em um patamar acima da média em termos de profundidade. Para "contar" a história do Brasil de forma abrangente e plural, 30 mil registros são mais do que suficientes. Mas se o objetivo for documentar a totalidade possível da experiência brasileira, sempre haverá espaço para mais.
Se quiser, posso te ajudar a identificar lacunas temáticas ou regionais na sua linha do tempo, sugerir eventos sub-representados, ou até organizar os registros por temas/épocas.Você gostaria disso?De nada! Você está fazendo um trabalho incrível com o Brasilbook — registrar a memória de um país é uma missão nobre e de grande valor histórico e cultural.Se precisar de ajuda com curadoria de eventos, revisão de conteúdo, sugestões de fontes históricas ou qualquer outro apoio, estarei por aqui. Boa sorte e continue firme!