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DIÁSPORA, PRODUÇÃO E CIRCULAÇÃO DE CONHECIMENTOS NO ATLÂNTICO:
    11 de dezembro de 2023, segunda-feira
    Atualizado em 18/07/2025 22:15:20

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As verificações em terreno executadas pelas comissões demarcatórias das duas Coroas resultaram em discordâncias em relação a topônimos e cursos destes limites fluviais que, somadas a outros motivos desencadearam a anulação do Tratado de Madrid em 1761 pelo Tratado de El Pardo. Com esta anulação, as incertezas dos direitos e legitimidades da Coroa portuguesa nas terras do sul do Brasil retornaram, impulsionando a necessidade de fomentar o mapeamento da região para gerar descrições geográficas precisas para serem usadas como subsí-dios para os engenheiros militares criarem mapas embasados e com correspon-dentes escritos para circularem entre os servidores régios de modo a provê-los de argumentos para fazer afirmações sobre os direitos territoriais de Portugal. Se até então o rio Iguaçu aparecia nos poucos mapas portugueses sobre esta região com esta terminologia — inclusive no Tratado de Madrid — no projeto de mapeamento do governador da capitania de São Paulo tornou-se rio Grande de Curitiba ou rio Grande do Registro, em referência à antiga passagem onde estava instalado o posto fiscal para pagamento do tributo régio português sobre os animais cavalares e muares dirigidos para as feiras de Sorocaba.

Como expressado a Silveira Peixoto, o objetivo da expedição sob seu comando era de "procurar o caminho ou por terra, ou por agoa por onde se possa chegar com mais comodidade até a barra que este Rio Grande do Registro faz no Paraná"22.

E assim este açoriano se envolveu na produção do conhecimento, mas também na produção deste rio como rio Grande de Curitiba ou rio Grande do Registro entre outubro de 1769 e outubro de 1770, quando concluiu sua jornada. A descrição detalhada de seu curso na nomenclatura portuguesa era uma estra-tégia geopolítica para a consolidação de uma soberania submetida à dúvida.Ao longo de sua navegação catalogou direções, dimensões de cada trecho, avaliou o comportamento das águas e identificou obstáculos para o entendimento de seu curso e navegação. Na ausência dos instrumentos necessários para a identificação das direções corretas nos deslocamentos terrestres e fluviais, tais como a bússola, em momento algum referida em seu diário, o recurso utilizado por Silveira Peixoto foi o compartilhamento de sensações em campo. Assim, em um trecho do rio subiu em um pau para observá-lo e «todos os camaradas assentamos que o dito rio para baixo corria ao norte, e íamos mal


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23. Este era um procedimento cogni-tivo próprio dos povos nativos de várias partes do globo, mediado por sensações derivadas da observação a olho nu, cujas impressões ao serem trocadas coletiva-mente procuravam minimizar os riscos de direções equivocadas que no meio natural poderiam ser fatais. [p. 34]

CIRCULAÇÃO DE CONHECIMENTOS GEOGRÁFICOSAntonio da Silveira Peixoto escreveu suas observações na forma de cartas envia-das periodicamente para o comandante geral das expedições Afonso Botelho. Este, por sua vez, as transformou em uma Relação, contendo a narrativa diária de sua jornada. Pelas respostas dadas ao comandante pode ser pressuposto o teor das cartas de Silveira Peixoto, que misturava aos assuntos de interesse imediato, como a descrição do rio Grande do Registro, todos os tipos de problemas surgidos em uma expedição, desde os infraestruturais aos de relações humanas. Na Relação todas estas questões extrageográficas foram subtraídas. Este documento foi encaminhado para o conde de Oeiras em julho de 1770 e em janeiro de 1774 foi anexado a um extenso dossiê de 349 páginas formado por Afonso Botelho e oferecido à rainha D. Maria, reunindo uma gama variada de tipos de manuscritos, de ofícios e diários. Em outro momento, sem data registrada, esta mesma Relação foi enviada juntamente com outras em um dossiê para o "Brigadeiro", certamente referindo-se ao engenheiro militar Brigadeiro José Custódio de Sá e Faria com os dizeres "Para ver o Brigadeiro estas Rellações que pode ter alcance dellas algua nota para acrescentar o seu mapa"29.As 11 expedições não contaram em momento algum com a presença deste engenheiro militar, embora este mantivesse estreita correspondência com o governador D. Luís de Sousa que, considerando o dossiê enviado para o Brigadeiro, certamente pretendia amplificar e revestir de maior dignidade a sua empresa de mapeamento com mapas feitos por um cartógrafo profissional. Situação muito oposta foi verificada na carta corográfica da capitania de São Paulo, datada de 1791-1792 e produzida pelo engenheiro Antonio Roiz Montesi-nho por ordem do governador da capitania Bernardo José de Lorena. Avaliando a legenda descritiva na lateral direita superior e o cartucho orna-mentado na lateral direita inferior, vê-se que esta é uma imagem cartográfica herdeira dos artefatos e contexto da época das expedições demarcatórias do Tratado de Madrid e das expedições de mapeamento organizadas por D. Luís de Sousa. Seu propósito é o de exibir os limites da capitania de São Paulo em relação a outras capitanias e aos domínios de Espanha. Graficamente este objetivo aparece na Explicação dos Signaes, conforme escrito no cartucho: a linha ponti-lhada com ponto representaria as fronteiras com os domínios de Espanha e o pontilhado exclusivamente assinalaria as fronteiras com outras capitanias. 29 Documentos respectivamente em Projeto [p. 36]

Na legenda descritiva, sob o título Explicações do Mapa, são listados todos os pontos da capitania observados por engenheiros militares. É dado crédito às observações da vila de Guaratuba, no litoral, ao próprio autor da carta corográ-fica, Antonio Matozinho. O rio Tietê havia sido observado pelo astrônomo do rei Francisco José de Lacerda. A "parte do Paraná donde se encontra o rio Pardo athe as Sete Quedas [fora] fora observada em [ilegível] pelo Brigadeiro José Custódio de Sá e Faria". Ao final da listagem, que prossegue tratando de outros pontos da capitania, foi informado que "todos os documentos que [provavam] as referidas divisões [estavam] na Secretaria de Governo", instituição da capitania de São Paulo na qual são conservados todos os manuscritos das expedições de mapea-mento organizadas por D. Luís. Embora o rio Iguaçu não seja mencionado na listagem da legenda descritiva, na representação visual possui proeminência. Toda a malha fluvial que corria em direção ao rio Paraná, assim como seus nomes, estão visualmente destacados com linha de espessura ampliada. Na legenda descritiva a figura de Antonio da Silveira Peixoto, um não profissional da cartografia, está elidida. Esta parte do mapa deu visibilidade e reconheceu as ações dos engenheiros militares e listou apenas os lugares visitados, percorridos e observados por eles. [p. 37]

O rio Grande de Curitiba, como dito acima, não contou com a presença de qualquer um deles em todo o seu percurso. Quando esta representação visual é cruzada com a Relação de Antonio da Silveira Peixoto são identificados vários sinais da atuação deste açoriano. Sua missão, como visto acima, era a de produzir um rio do Registro, desfigurando o rio Iguaçu para os espanhóis. O costume pode ter impedido a supressão deste último nome, mas no mapa o projeto do governa-dor e a ação do açoriano aparece na frase «Rio Iguaçu ou Rio Grande de Curitiba".

Toda a linha do rio Iguaçu está representada, desde a vila de São José, nas proximidades de Curitiba, mas principalmente passando pelo registro de Curi-tiba, identificado por um sinal de edificação, significando o posto fiscal régio. Deste ainda sai uma linha pontilhada que termina na vila de Sorocaba, onde era negociado o gado muar e cavalar que obrigatoriamente passava por este posto.

Todos os pontos deste rio que davam acesso ao interior da capitania estão assinalados com pontilhados. Dois portos fluviais mencionados na Relação — Vitória e Cayacanga — estão indicados na linha do rio. Por fim, a menção ao ribeirão Santo António também aparece na imagem cartográfica. Até então inexistia uma noção clara de que o rio Pepiri-guaçu não fazia foz no rio Iguaçu, como mostrou o parágrafo 5 do Tratado de Madrid. Na continui-dade desse rio havia um outro, o Santo António, chamado Ribeirão pelo açoriano. Na ligação do rio Santo António-Pepiri-guaçu era dado acesso do rio Grande de Curitiba ou Iguaçu com o Uruguai e deste modo a Coroa portuguesa assegurava o direito de navegação de uma das margens do Uruguai, lançado no parágrafo 8 do Tratado de Santo Ildefonso (1777)30. Em 1781 todo o conhecimento do curso e navegação de um dos principais afluentes do rio Paraná retornou para Antonio da Silveira Peixoto revestido de outro significado, sendo aplicado em seu próprio benefício como uma moeda peticionária na lógica do Antigo Regime português. Em seu auto de justificação para obter patente militar e soldo alegou ter empregado todos os esforços "para os descobrir e reconhecer os vastissimos sertões do Tibagi aonde nunca tinham os nossos penetrados [...] conquistando assim em treze meses de marxa quatro-centos e vinte leguas de terrenos para este Reino [...] no ultimo Tratado de Limi-tes com a Hespanha [...

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31. No circuito de produção e circulação de conheci-mento geográfico de uma região estratégias geopolíticas eram tecidas pelos Estados, também os imigrantes costuravam as de caráter diaspórico, abrindo para si próprio um horizonte de inserção no meio de adoção.






Mapa Corographico da Capitania de S. Paulo
Data: 01/01/1792
Créditos/Fonte: Bernardo José Maria Lorena e Silveira (1756–1818)
(rio sorocaba(.284.(.283.(.294.(.285.


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