O FORTE DE NOSSA SENHORA DOS PRAZERES DO IGUATEMI: DEFESA E POVOAMENTO NAS FRONTEIRAS DA AMÉRICA PORTUGUESA (1765 - 1777)

pubertárias.188 Com idade superior a 50 anos a existência é diminuta, apenas 3 (3,19%)mulheres eram casadas, e superior aos 60 anos, inexistente.A característica de uniões entre maridos mais velhos e esposas novas, a nosso ver, está ligada à questão da fecundidade feminina. Era importante que os casamentos gerassem filhos, tendo em vista que o núcleo familiar era a base do trabalho. Casar demasiadamente nova, entre 12 e 15 anos, não significava que a mulher fosse imediatamente fértil, porém comparada às demais mulheres e permanecendo mais tempo casadas, essas poderiam superar a fecundidadedaquelas casadas tardiamente. 189

Vejamos um exemplo em que as idades dos cônjuges são díspares, sendo a mulher bem mais nova que o marido: O Fogo 96 era composto por Ângelo de Matos, de 30 anos, natural de Mogi das Cruzes. Ele desempenhava a função de soldado da expedição e era casado com Maria Pedrosa, de 13 anos, natural de Araritaguaba. O casal, no entanto, não tinha filhos, possivelmente em razão de ser uma união recente, considerando a idade de Maria.190

Assim, podemos compreender que a maioria dos casais era formada por pessoas entre12 e 30 anos, cônjuges relativamente jovens, enviados para o Iguatemi para povoar a fronteira oeste da América Portuguesa. E como se verá posteriormente, o casamento era um imperativo,o que evidencia a política de povoação da fronteira oeste por núcleos familiares.

2.2 Outros povoadores livres

Outros casos de povoadores livres numericamente inexpressivos foram observados na documentação. Um exemplo é o indivíduo definido como “camarada”, localizado junto ao fogo de José Fogassa de Almeida, de 30 anos, natural de Sorocaba, casado com Maria de Jezus Sylveira de 18 anos, oriunda de Parnaíba. O domicílio era composto por 1 escravo de 09 anos e outra de 20 anos, 1 agregado da mesma idade e o referido camarada, de apenas 11 anos, também natural de Sorocaba.191

Esse tipo de indivíduo fazia parte da categoria social de pobres livres. Eles eramencontrados, por exemplo, na Capitania de Mato Grosso. Os pobres livres foram notados em vários momentos distintos no século XVIII, dos quais destacamos a chegada de paulistas nas Minas de Cuiabá no ano de 1721, as expedições anteriores que partiam de São Paulo com a 188 BACELLAR, C. A. P., Viver e sobreviver em uma vila colonial: Sorocaba, séculos XVIII e XIX, 2001, p. 58.189 Ibidem, p. 64190 Iguatemy. 07 set. 1769. Povoador 96. Documentos Interessantes para a História e Costumes de São Paulo, v. 10, p.102.191 Iguatemy. 07 set. 1769. Povoador 115. DIs, v. 10, p. 121. [p. 69]