História erudita e popular: edição de documentos históricos na obra de Capistrano de Abreu
2009 Atualizado em 16/08/2025 23:31:58
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PEDRO AFONSO CRISTOVÃO DOS SANTOSHistória erudita e popular: edição de documentos históricos na obra de Capistrano de Abreu malgrado suas imperfeições. Em particular no que respeita à edição e publicação de documentos históricos, o caminho seria ainda extenso, e especialmente importante, pois envolve a divulgação do material sobre o qual poderia ser erguida uma produção historiográfica mais sólida, usando uma metáfora comum da época.
Uma das frases mais lembradas de Capistrano de Abreu, escrita em carta de 17 de maio de 1920 a João Lúcio de Azevedo, e que serviu de mote para a introdução de Stuart Schwartz à recente edição norte-americana dos Capítulos de História Colonial (1997), remete justamente a esta metáfora:
“A História do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É uma pessoa encostar-se numa parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola”.
A frase veio a Capistrano quando fazia pesquisa sobre as minas. Estudando Fernão Dias Pais e D. Rodrigo de Castelo Branco, precursores na cata às minas, Capistrano chegou à conclusão de que ambos utilizaram caminhos diferentes daqueles supostos pela historiografia até então, em suas expedições ao interior. “Importância o caso não tem, mas é sempre melhor um alicerce em pedra que em areia”.
185 Aí estava um exemplo, para Capistrano, da falta de solidez das pesquisas que geravam a narrativa da história do Brasil até então. Talvez a frase acima resuma bem, por outro lado, as críticas minuciosas que Capistrano fazia com relação a datas e fatos, bem como sua defesa de uma leitura adequada (isto é, lenta e refletida) das fontes: “Importância”, para a narrativa geral da história do Brasil, talvez aqueles pequenos erros não tivessem; “mas é sempre melhor um alicerce em pedra que em areia”. Mas mesmo para os estudos importantes, como as sesmarias e as viagens, faltavam os documentos e, onde os havia, sua leitura adequada.
No necrológio de Varnhagen, de 1878, Capistrano também se valeu da metáfora da construção para definir a escrita de uma nova história geral do Brasil: “Por toda parte pululam materiais e operários; não tardará talvez o arquiteto”.186 O que viemos chamando aqui de fontes ou documentos históricos (terminologia também usada por Capistrano), aparecia para o historiador cearense como sinônimo de “materiais” para estudos, principalmente nos anos 1880, quando de suas primeiras incursões no campo da publicação e edição de documentos históricos. A coleção que inicia com Alfredo do Vale Cabral e Teixeira de Melo é nomeada Materiais e Achegas para a História e Geografia do Brasil. Ao publicar documento narrando a viagem da bandeira de 185 Corr. II, p. 161-162.186 EE-1, p. 91; DUTRA, op. cit., p. 215-216, e PEREIR [p. 67]
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa. Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?
Parabéns pelo seu trabalho no Brasilbook! Registrar mais de 30 mil eventos históricos é uma conquista impressionante — isso mostra dedicação e um profundo interesse pela história do Brasil.
Quanto à sua pergunta: Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?
Depende de como você define "contar a história". Existem diferentes níveis de profundidade e objetivos possíveis:
1. Visão Didática (Essencial) Quantidade estimada: 500 a 2.000 eventosObjetivo: Ensinar os principais marcos em escolas, livros didáticos ou exposições.Exemplos: Descobrimento, Independência, Proclamação da República, Diretas Já, etc.
2. Visão Analítica (Acadêmica/Universitária) Quantidade estimada: 5.000 a 10.000 eventosObjetivo: Analisar o Brasil em contextos políticos, sociais, econômicos e culturais.Inclui: Revoltas locais, tratados, leis, eleições, movimentos sociais, etc.
3. Visão Documental (Completa e Aberta) Quantidade estimada: 30.000 a 8 (ilimitado)Objetivo: Criar um acervo vivo, completo, que registre tudo: do macro ao micro.Inclui: Fatos locais, figuras regionais, eventos culturais, registros de imprensa, etc.Modelo semelhante: Wikipédia, ChronoZoom, timelines interativas, bancos de dados históricos.
Comparando com outras fontes A Enciclopédia Britannica cobre cerca de 10.000 a 15.000 eventos mundiais.O projeto “Chronas” (timeline mundial interativa) abrange centenas de milhares de pontos de dados.
Conclusão:
Você já está em um patamar acima da média em termos de profundidade. Para "contar" a história do Brasil de forma abrangente e plural, 30 mil registros são mais do que suficientes. Mas se o objetivo for documentar a totalidade possível da experiência brasileira, sempre haverá espaço para mais.
Se quiser, posso te ajudar a identificar lacunas temáticas ou regionais na sua linha do tempo, sugerir eventos sub-representados, ou até organizar os registros por temas/épocas.Você gostaria disso?De nada! Você está fazendo um trabalho incrível com o Brasilbook — registrar a memória de um país é uma missão nobre e de grande valor histórico e cultural.Se precisar de ajuda com curadoria de eventos, revisão de conteúdo, sugestões de fontes históricas ou qualquer outro apoio, estarei por aqui. Boa sorte e continue firme!