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A Religião dos Tupinambás
    1950
    Atualizado em 25/08/2025 02:09:19

  
  


Os tupinambás eram, como se sabe, uma das mais importantes greis ou tribus primitivas do Brasil (secs. XVI e XVII). Aos tupinambás estavam filiados quase todos os povos aborigenes do litoral, - os tamoios do trato costeiro entre a baía Formosa e a angra dos Reis; os tomiminós, ou temiminós, do Espírito-Santo, da margem esquerda do baixo Paraíba e do sul do Macucu; os tupiniquins, localizados no trecho que vaidas imediações de Vitória a Camamu, de onde migraram para as cabeceiras o Tieté; os caetés, que viviam entre o São Francisco e Itamaracá; os tabajaras, ou tob!ajaras, que imperavam no territorio encravado entre as lindes septentrionais da extinta capitania de Itamaracá e o rio Paraíba, de onde se transportaram para a serra de lbiapaba e o Maranhão; os petigul1res, ou potiguares, ou ainda pitiguaras, da região do rio Jaguaribe; e os guajajaras do vale do Pindaré.

DiziaVarnhagen 1 que, se alguem perguntasse a um indioa que "raça" pertencia, fosse esse índio do Maranhãoou do Pará, da Bahia ou do Rio de Janeiro, a resposta era invariavel - indio tupinambá. Tupinambáera, assim, como um nome geral, que se modificavalogo que havia o fracionamento do grupo. Os tamoios,por exemplo, segundo Hans Staden, chamavam-se. a siproprios tupinambás. Tal nome, no dizer de RodolfoGarcia, significava etimologicamente "a gente atinenteou aderente ao chefe dos pais," os "pais principais",ou melhor, os descendentes dos fundadores da nação,- o que vem colocar o termo no mesmo pé de igualdade do nome latino patricia. Todavia, os tupinambás propriamente ditos eram aqueles localizados nabaía da Guanabara, no trecho entre o Camamu e o[p. 10, 11]

rio Real, no baixo Paraguaçu, nas margens do SãoFrancisco (tais como os amoipiras), nas costas doMaranhão (acima da serra de lbiapaba), nas praiasdo Pará (do Gurupi ao Guajará) e na ilha de Tupinambarana, que atingiram já na epoca da colonização.Embora atualmente extintos, ou mesclados, 1 ostupinambás são os incolas sul-americanos entre nósmais conhecidos e estudados, conforme observa o proprio Métraux. Isso devido não só à extensão do grupo, como à sua localização geografica. O fato de ostupinambás ocuparem grande parte da zona litoraneafez com que esses povos estivessem em estreito contáto com os colonizadores portugueses e com as duas.expedições francesas ao Brasil. Entre esses colonizadores vieram alguns letrados, sobretudo sacerdotes, amantes das cronicas e memorias. algumas delasescritas quase que com o objetivo de tratar dos tupinambás.Julga Métraux que são tais as analogias existentes entre a civilização dos guaranis e a dos tupinambás que é bem possível que os dois grupos tivessemsido, outrora, cultural e linguisticamente homogeneos.Até nas mais diferenciadas greis tupicas vamos encontrar os traços culturais característicos dos tupinambás [p. 12]

(a maloca, a rêde, a mandioca amargosa, a tinguijada, a canoa de casca, a ceramica envernizada, o ralador, a tipoia de carregar crianças, õ moquem, o tipiti,o escabelo, as plumas coladas com almecega, o mantoe o boné de plumas, o abano de palha entrançada etantos outros mais)!.Em suma, os tupis da costa, principalmente ostupinambás, representavam, à semelhança dos hebreus,segundo uma frase feliz d~ João Ribeiro, o povo cosmogenico, ao qual estavam reduzidas todas as demaispopulações primitivas do país.Os tupi-guaranis, dos quais a familia tupinambáformava o maior estoque, constituíam, primitivamente,um só grupo, localizado, segundo a lição da etnografia classica, nas proximidades do istmo de Paraná, região dos caraíbas, de onde, rumando para o sul, foram ter .às margens do medio Paraná-Paraguai; dessenovo habitat, depois, empreenderam uma verdadeiraremigração, que tomou três principais direções: a) umdos ramos subiu o litoral e atingiu a foz do Amazonas; b) outro ramo estendeu-se para o noroeste; c)um terceiro ramo, enfim, desceu os cursos do Tapajoz, do Madeira e do Ucaiali.A migração litoranea, pelo menos, parece liquida,pois foi presenciada pelos proprios colonizadores; verifica-se, por outro lado, que as massas tupicas do sul(os guaranis) possuíam lingua mais primitiva e contracta, ao contrario do que ocorria com as massas tupicas do septentrião, cuja impureza atestava, na frase [p. 13]

A RELIGIÃO DOS TUPINAMBASINTRODUÇÃOConstituem o objetivo da presente obra as crençase ritos dos tupi-guaranis que, no seculo XVI e começos do segqinte, assenhorearam quase toda a extensãoda costa oriental do continente americano, desde a embocadura do Amazonas à foz do rio da Prata.Esses aborígenes, cuja lingua e civilização material apresentam uma profunda unidade, estavam divididos em numerosas nações, que se combatiamencarniçadamente. Muito embora cada uma dessasnações <>u tribus usasse seu proprio nome, eramtodas, geralmente, cha_madas de tupinambás. Na realidade, porém, tal designação, que semelhantes indígenas se davam a si mesmos, historicamente cabia apenas aos tupis estabelecidos no reconcavo do Rio dejaneiro, na região da Bahia e na província do Maranhão. Quis o acaso que fosse precisamente sobre essas três tribus tupinambás que possuíssemos o maiornúmero de documentos.

Apesar de sua total extinção, os tupinambás sepodem considerar os aborígenes sul-americanos, na atualidade, mais bem conhecidos. De 1499 aos meados do seculo XVII, aqueles silvícolas foram visitadospor inumeros viájantes e missionarios de diferentespaíses, que deixaram de sua vida e dos seus costumesrelatos extremamente fieis. Varios desses cronistasmostram notavel poder de observação e cuidadoso interêsse pela verdade, circunstâncias só reconhecidas nasobras dos sabios modernos. Estamos, pois, em condições muito favoraveis em relação ao estudo dos tupinambás.

Nossas melhores fontes informativas, no que concerne· .às idéias religiosas dos tupinambás, encontramse, sem nenhuma contradita, nos livros de Thevet, oqual, em 1550 e em 1554, fêz duas viagens ao Brasil (a): Esse "cosmografo", de consideravel erudição,não era, entretanto;- dotado de um espírito critico comparavel ao de varios dos viajantes dele contemporâneos. Mas é justamente essa deficiencia intelectualque torna excelentes as suas informações. A Thevetnada escapa e, como tudo lhe causa espanto, anota asmesmas particularidades, sem perceber as contradiçõesou absurdos das informações assim obtidas. A obraprincipal do referido frade, a Cosmografia Universal,é, infelizmente, devido à sua raridade, pouco conhecida. Desse modo, esforcei-me, no curso do presenteestudo, em extrair de tal obra tudo o que a .mesmacontinha de precioso na esperança de que semelhantesinformações pudessem aproveitar aos que venham a.consultá-la.Examinando, por indicação de Mauss, os originais ineditos de Thevet, existentes na Biblioteca Nacional de Paris, tive a felicidade de encontrar a copia de um livro manuscrito do referido cronista, qué,até hoje, vem escapando à atenção dos eruditos. Esse [p. 31, 32]

de pai dos dois irmãos Aricoute e Tamendonare, osprovocadores do diluvio. Note-se que o diluvio, causado por uma querela entre -aqueles manos, teve comoconsequencia, segundo se diz mais adiante, a morte deMaire-monan. Há, desse modo, uma relação entre ambos os mitos, que, provavelmente, são identicos. Devoconfessar, todavia, que essa verificação seria insuficiente para justificar tal identidade, se, nas cronicasportuguesas, Sommay, ou Sumé, não aparecesse inves-·tido das mesmas características peculiares a Mairemonan. O proprio Thevet tem vaga idéia do errocometido, ao distinguir os dois, pois estabelece entreambos liames de parentesco, fazendo do segundo umdescendente do primeiro.Existe outro dos grandes caraibas ou "profetas"no qual se pode reconhecer Maire-monan e, por consequencia, Sommay. E´ Maire-atá. Tambem este sótem lugar na cosmografia de Thevet 1 por sua situação de pai dos dois gemeos míticos. Depois de os.ter formado, Maire-atá abandonou a mãe e retirou-sea uma taba proxima do Cabo Frio, onde passava porum feiticeiro de muita autoridade, o qual, com o auxilio dos seus demonios familiares, tornou-se habil empredizer o futuro. Logo que seus dois filhos, apósinumeras vicissitudes, conseguiram encontrá-lo, o paiimpôs-lhes diversas provas, de que falarei mais adiante. Esses elementos do mito, referentes a Maire-atá,torná-lo-iarrt uma personalidade independente, se passagens de outros textos não fizessem dele um sinonimo de Sumé e do heroi-civilizador dos tupinambás. Aexemplo ·de outros herois-civilizadores, Thevet r ela [p. 45]

viajante ter fundido, em um só, diferentes mitos oudiferentes versões do mesmo mito, considerando comofiguras distintas o mesmo deus, cujo nome vem seguido de epitetos varios, ou muda em função das açõesa ele atribuídas.Os chipaias ainda hoje assim procedem, designando seu herm-ctvilizador, o demonio Kumãr;ári, sob quatro diferentes nomes, ou seja, ora Sekárika, "nosso vcriador", ora Semãwár;a, ora, enfim, Marusawa (quando é considerado pai dos gemeos). 1· Passando, agora, ao exame de outras fontes, verifica-se, em primeiro lugar, que se trata realmente deum só heroi-civilizador, que certos autores chamamSumé, Çumé ou Maire-Humane, ao passo que outros odesignam pelo nome de Maire-atá, ou simplesmenteMaire.

"Nossos pais (diz Yves d´Évreux, reproduzindo as palavras de um indígena, ensinaram, por tradição transmitida de bôca ém bôca, que apareceu, antigamente, um grande maratá de Tupã, isto é, um enviadode deus, que andou por suas terras, transmitindo-lhes o conhecimento de varias coisas. Foi esse maratá (g), por exemplo, que lhes deu a mandioca, que é a raiz com a qual se faz o pão (pois, até então, só se alimentavam nossos pais çom as raizes silvestres). É verdade que o maratá, ao perceber que os nossos avós não levavam em conta a sua palavra, resolveu afastar-se deles, deixando-lhes, entretanto, o testemunho de sua passagem, isto é, imprimindo na rocha, pormeio de sinais escritos, os seus ensinamentos, imagens diversas e a forma de seus pés, assim como o feitio dos pês dos que õ seguiam, gravados na parte inferior do mesmo rochedo. Tambem deixou o maratávestígios das pegadas dos animais, que conduzia consigo, 1 assim como os buracos deixados por seu bastão, sôbre o qual se apoiava ao marchar. Com oque, depois de assim proceder, atravessou o mar embusca de outros países, e, embora os nossos pais, arrependidos e convictos da sua santidade, o tivessemprocurado bastante, nunca mais. tiveram dele noticias.Pelo que, desde então, nenhum maratá de Toupan jámais ret;ornou a visitar-nos".

Diz Vasconcelos 2 que, segundo a -tradição corrente entre os tupinambás, haviam estes recebido, outrora, a visita de homens brancos, vestidos e barbudos,que "diziam coisas de um Deus, e da outra vida, umdos quais se. chamava Sumé, que quer dizer Tomé; eque estes não foram admitidos de seus antepassados,e se acolheram para outras partes do mundo; ensinando-lhes contudo primeiro o modo de plantar, e colher o fruto do principal mantimento de que usam, chamado mandioca" (h).

Os indios (escreve o padre Nobréga) s dizem "que S. Tomé, a quem eles chamam Zomé, passou por aqui, e isto lhes ficou por dito de seus passados e que suas pisadas estão sinaladas junto de um rio; as quais eu fui ver por mais certeza da verdade e vi, com os proprios olhos, quatro pisadas mui sinaladas com seus dedos, as quais algumas vezes cobre o rio quando en che; dizem tambem que quando deixou estas pisadasia fugindo dos indios, que o queriam frechar, e chegando ali se lhe abrira o rio e passara por meio dele · a outra parte sem se molhar, e dali foi para a India. Assim mesmo contam que, quando o queriam frecharos índios, as frechas se tornavam para eles, e os .matos lhe faziam caminho por onde passasse: outros contam isto como por escarneo. Dizem tambem que lhes prometeu que havia de tornar outra vez a vê-los" (i).

Tradição semelhante existia entre os tupis da região da Bahia: Santo Tomás (Sumé) tê-los-ia visi-.tado, ensinando-lhes a conhecer as virtudes da mandioca; mas os índios, em lugar de agradecer-lhe, quiseram devorá-lo. O santo, acossado contra o mar,teve, para salvar a vida, de dar um extraordinariosalto, indo cair na ilha da Maré e deixando, no localonde tomara o impulso, traços de seus pés. 1 Esseepisodio da vida do heroi-civilizador, tal como é relatado pelos dois missionarios acima referidos, constituiuma fiel variante da passagem de Thevet, 2 na qual omesmo conta a crescente hostilidade dos homens paracom Maire-monan e do artifício a que recorreram paraeliminá-lo. No texto de Thevet, o heroi, na iminenciada morte, é forçado a dar um salto. O motivo é identico, embora difiram sensivelmente os detalhes.O autor anonimo (j) da Informação do Brasil 3é induzido a erros devido aos dois nomes correntesdo heroi-civilizador: em lugar de ver em Çumé e Malrauma unica e mesma pessoa, aquele autor não só dis [p. 50, 51, 52]

Os tupinambás, interrogados por Acuiia1 a respeitoda situação das tribus circunvizinhas, falaram-lhe deÚma nação de anões, que viviam ao sul, assim como deoutra tribu de índios, cujos pés eram voltados para trás.Acufia atribuiu o fato a personagens fabulosos, que possuíam traços dos espíritos ou dos monstros florestais.Tais personagens, entretanto, de· pés invertidos, talveznão fôssem outros senão os Kurupira, que, como já seviu, são frequentemente representados dessa maneira.

Os chipaias são os únicos indigenas tupi-guaranis, modernos, entre os quais foi adotada a crença em Kurupira. Chamam-no Kururpira, e, em suas narrativas, figuram-no como um monstro antropófago, que, todavia,é facilmente logrado. 2 Os indios modernos (observe-sea proposito), .que, com a lingua geral, adotaram a crença em Kurupira, representam-no como um ogre, ao qual se pode escapar pela astucia.

Com Yurupari, Agnan e Kurupira não se esgota a nomenclatura demoníaca, de que tratam os antigos textos. Marcgrave3 cita ainda Macachera, de quell) traça rapidamente os atributos. "Macachera (diz) é o espírito das estradas, que marcha adiante do viajor (d). Os potiguares consideram-no o mensageiro de toda boa nova, ao contrario dos tupinambás, que vêem nele o inimigo da saude humana". É inutil dizer que o papel, conferido por Marcgrave aos espíritos, frequentemente está imiscuído de reminiscencias classicas, -sendo as suas informações, portanto, de relativo valor. Duas outras categorias- de espíritos são menciona das por ·cardim,´ os Ouaioupia e os Taguaigba. Mas [p. 128]

o barulho que fazem alguns pica-paus, eanndo o alimento pelostroncos, ruído que ecoa surdamente pelas matas, querem que sejatambem o curupira a causa dele. Dizem os credulos, quandoisso ouvem, que é o curupira com seu machado, feito de cascode jaboti (Tapajoz), que anda batendo pelas sapopemas das arvores, para ver se estão seguras e podem resistir às tempestades.No alto Amazonas dizem que bate com o calcanhar e, no baixo,em Obidos, que com o penis, que é de tamanho extraordinario"(Barbosa Rodrigues, o.c., p. 4).A etimologia da palavra curupira é muito controvertida. Onumen mentium de Marcgrave, traduz Mons. dr. José Procopiode Magalhães ( ed. do Museu Paulista, de 1942, p. 279) por "divindade dos desígnios". O autor do Vocabulario da Conquistaensina que curupira vemede curub (sarna) e pir (pele). Na giria existe, realmente, o vocabulo curupira- com o sentido de sarnento, leproso (cf. M. Viatti, Dicionario da Gíria Brasileira, p.112, São Paulo, 1945).( d) O trecho de Marcgrave é assim traduzido por Mons.dr. José Procopio de Magalhães: "Temem demasiadamente os espíritos maus, os quais chamam ... Macachera, divindade dos caminhos, guiando os viajantes. Os petiguares ornam o portadorda boa noticia; pelo contrario os tupiguais e os corios, o feiticeiro inimigo da saude humana" (o.c., ps. 278-219). Desse modo,Marcgrave não se refere aos tupinambás propriamente ditos, masaos tupiguais, tambem mencionados por Cardim ( o.c., p. 197),que Rodolfo Garcia supõe tratar-se dos mesmos potiguares. Corio/! é erro de revisão, por Caryo11 (como está no original). Aliás,carijó11.De acordo com Plin1o Ayro!a, Machacera !ignifica "coisaque abrasa, que queima". O fogo-fatuo. Cf. Teodoro Sampaio(o.c., p. 241), que o identifica com o bCUJtatá de Anchieta, -"coisa de fogo", "o que é todo fogo".(e) Trata-se de um lapso de Métraux. Cardim só fala deTaguaigba (Taguain na coleção Purchcu hi• Pilgrime1), que é, 1e- [p. 134]

Em 1549, os habitantes da ciqade de Chachapoyas, no Peru, aprisionaram trezentos selvagens, reconhecidos como sendo povos tupis do trato costeiro do Brasil. Tanto quanto o seu itinerario pode serreconstituído, através das informações contraditariasdas fontes, 1 esses indios, subindo o Amazonas, a partir da .sua embocadura, atingiram o rio .Maranhão; em seguida, remontando o Huallaga, teriam chegado a Chachapoyas. A narrativa, que fizeram da sua aventura, despertou profundo interesse no Peru; referiam-se os mencionados índios a uma região fabulosa, o reino dos omaguas, onde abundavam o ouro e as pedras preciosas. Essa descrição contribuiu, em larga escala, para a formação da legenda de El Dorado, queprovocou a tragica expedição de Pedro de Ursúa (1558).

A maioria dos cronistas, que relatam a migração em especie, assinalam como sua causa o insaciável desejo de guerras e aventuras, tão característico dos povos tupinambás. Segundo outros, o fato não passou de ,uma tentativa para escapar da dominação portuguesa. Gandavo , que viveu longos tempos na costa do Brasil e conhecia muito bem a mentalidade e as crenças desses silvícolas, é o único a indicar a sua verdadeira razão. Segundo esse autor, o feiticeiro Viaruzu e seus companheiros teriam partido com o objetivo de encontrar a terra da "imortalidade e do descanso perpetuo".

A migração teve lugar de este para oeste. A escolha da diretriz corresponde, provavelmente, a uma concepção particular da situação da"terra sem mal". Perdendo a esperança de atravessarem o oceano, a cujas margens se tinham estabelecido há tantos anos, o feiticeiro revelador do mundo ideal persuadiu-se, sem duvida, de que deveria procurá-lono rumo do oeste. Fato idêntico se passou nos dias atuais: um dos feiticeiros apapocuvas, que conduzira esses índios até as bordas do Atlântico, dando-se conta da impossibilidade de franquear o obstaculo, não hesitou em retomar o caminho, atribuindo o fracasso a uma falsa interpretação das lendas tradicionais e aderindo, assim, aos partidarios da teoria da localização da "terra sem mal" no amago da terra.

Os dirigentes das duas outras migrações místicas, das quais fazem menção os antigos autores, permaneceram fieis à opinião geral referente ao local da Yvýmarãeý. A primeira dessas migrações teve lugar aoexpirar o seculo XVI. Claude d´ Abbeville, que deixou o relato do acontecimento, não lhe explica os fins: os oito ou dez mil indios, cujas aventuras narra, deixaram em massa a região de Pernambuco afim de acompanhar certo feiticeiro português ( ?), que havia conseguido assenhorear-se da personalidade e dos atributos dos "caraibas". "A fadiga de tão longa e penosa caminhada (conta Claude d´ Abbeville) 2 não parecia existir para esses pobres retirantes, tanto era a admiração tributada ao condutor da caravana: seu renome

prio essa migração, completando a bibliografia de Jiménez dela Espada. Cf. Métraux (1), ps. 21-22.2 P. 148: "E seu intento nam seja outro senam buscarsempre terras novas, afim de lhes parecer que acharão nellasinmortalidade e descanço perpetuo". [p. 343, 344]





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Os habitantes da cidade de Chachapoyas, no Peru, aprisionaram treze...
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