Quem foi Maria Madalena? Os historiadores ainda estão a tentar descobrir. - nationalgeographic.pt
9 de abril de 2024, terça-feira Atualizado em 05/11/2025 05:49:04
•
•
Por Parissa DJangi - É uma das figuras mais reconhecidas da Bíblia – e talvez a mais incompreendida. Talvez seja por isso que os académicos não conseguem deixar de perseguir a verdade sobre Maria Madalena.
Maria Madalena é uma das mais reconhecíveis e incompreendidas figuras da Bíblia. Os académicos passaram centenas de anos a cruzar textos religiosos e escavações em cidades antigas em busca de provas da sua vida.
Foi dito que era uma mulher possuída por demónios, trabalhadora sexual e esposa de Jesus: a história de Maria Madalena foi escrita e reescrita inúmeras vezes ao longo de 2.000 anos, desde que se tornou seguidora de Jesus de Nazaré.
É possivelmente uma das figuras mais reconhecidas da bíblia, mas muito do que sabemos sobre Maria Madalena permanece envolto em mistério. O que é verdade sobre ela – e que evidências arqueológicas têm os académicos sobre a sua vida e o seu mundo?
SEPARANDO OS FACTOS DA FICÇÃO
As evidências textuais sobre Maria Madalena vêm sobretudo dos evangelhos canónicos atribuídos a Mateus, Marcos, Lucas e João. Eles identificam-na como parte do círculo de Jesus e alguém que foi ao seu túmulo para ungir o seu corpo na manhã da Páscoa.
No entanto, nem sempre os quatro autores concordam sobre os pormenores da sua vida. Lucas, por exemplo, alega que estava possuída por demónios, enquanto outros afirmam que assistiu à crucificação de Jesus.
Além disso, os evangelhos não-canónicos – escritos dos primeiros tempos do cristianismo que não integram o Novo Testamento – fornecem relatos diferentes da relação de Maria Madalena com Jesus, incluindo insinuações a uma ligação forte. Alguns destes textos sublinham que “os discípulos homens desdenham dela por ser mulher”, dizem James R. Strange, Charles Jackson Granade e Elizabeth Donald Granade, professora de Novo Testamento na Universidade de Samford, no Alabama.
Que outras informações podem os académicos obter destes textos? Elizabeth Schrader Polczer, professora assistente de Novo Testamento na Villanova University, observa que “o nome de Maria Madalena nunca surge associado a um homem, como o de muitas outras mulheres. Isto sugere que era uma mulher independente.”
A Lamentação de Cristo, uma pintura a óleo de Sandro Botticelli, retrata Maria Madalena aos pés de Cristo após a sua crucificação. Os evangelhos discordam sobre o facto de ela ter efectivamente assistido à crucificação e a ausência de evidências sobre a sua vida deu rédea livre aos artistas para a imaginarem.
Esta falta de certezas sobre Maria Madalena nos textos bíblicos tem alimentado mitos, equívocos e especulação. Um dos principais: que era uma trabalhadora sexual. Este mito remonta a 591, quando o Papa Gregório I confundiu erroneamente Maria Madalena com uma figura identificada como “pecadora” no Evangelho de Lucas. Não existem provas de que seja verdade – mas tem sido uma ideia difícil de abandonar.
EM BUSCA DE EVIDÊNCIAS ARQUEOLÓGICAS EM TERRAS BÍBLICAS
Contudo, os académicos não dependem apenas de evidências textuais para examinar o passado. A arqueologia já fez descobertas significativas sobre o mundo descrito na bíblia, embora apresentem os seus desafios.
Strange sublinha: “As evidências arqueológicas sobre a existência de uma figura antiga têm de ser uma inscrição, por exemplo, no pavimento em mosaico de uma sinagoga ou num sarcófago. Como pode imaginar, costumamos encontrar nomes de pessoas ricas ou poderosas, ou ambas, inscritos em objectos antigos.”
Ocorreu tal descoberta sobre Maria Madalena?
Outro ponto de partida lógico para uma exploração do mundo de Maria Madalena seria escavar o seu local de origem.
Tradicionalmente, muitos presumiram que o nome Madalena significava o local de Nascimento de Maria, Magdala. Como tal, ela é frequentemente mencionada como “Maria de Magdala.” E onde era ao certo Magdala? Os primeiros teólogos não sabiam.
Deveria ser perto do Mar da Galileia. A arqueóloga Marcela Zapata-Meza, directora do Magdala Archaeological Project entre 2010 e 2024, destaca que “há histórias sobre peregrinos que afirmam ter estado na casa de Maria Madalena, nas margens do Mar da Galileia”, a região onde Jesus foi activo.
No século VI, os primeiros cristãos começaram a referir-se a um local específico como “Magdala”: as ruínas de uma cidade antiga situada no lado ocidental do Mar da Galileia.
Contudo, Schrader Polczer, e a historiadora Joan E. Taylor, afirmam que não existem evidências de este local ter sido a terra natal de Maria Madalena.
“Durante o século I, este local era conhecido como Tarichaea [o seu nome grego]”, diz Schrader Polczer. “Não era conhecido como Magdala durante o tempo de vida de Jesus.”
Ela acrescenta: “É um equívoco referirmo-nos a ela como Maria de Magdala porque nenhum autor dos evangelhos se refere a Maria Madalena desta forma. Em vez disso, os autores dos evangelhos chamam-lhe consistentemente ‘Maria a Madalena’ ou ‘a Madalena Maria’. ‘Madalena’ também poderia indicar um título honorífico (‘Maria a Torre’) e não a sua cidade natal.”
As evidências arqueológicas poderiam, teoricamente, pôr fim a estas questões. E as escavações em Magdala revelam informações úteis sobre o mundo de Maria Madalena. Em 2009, os investigadores descobriram uma antiga sinagoga no local, juntamente com uma pedra gravada com uma menorá, ilustrando como os residentes de Magdala poderiam praticar a sua religião no século I. Também foram descobertas instalações de água com degraus em espaços públicos e privados, que podem ter sido utilizadas para purificação ritual na comunidade judaica – e que seriam certamente um luxo. “Todos estes locais recebem água subterrânea e isso torna-os os mais puros de Israel”, diz Zapata-Meza.
No entanto, “não existem evidências arqueológicas sobre Maria Madalena”, diz Zapata-Meza. E embora alguns investigadores tenham afirmado que rastrearam os restos mortais de Maria Madalena até França ou um túmulo século I em Jerusalém, estas afirmações têm pouca credibilidade na comunidade académica.
PREENCHENDO AS LACUNAS
Apesar de tudo, os académicos continuam a descobrir novas e fascinantes pistas sobre a vida e o trabalho de Maria Madalena sempre que encontram um texto antigo há muito perdido.
No final de 2023, foi publicado P.Oxy 5577, um fragmento de papiro do Egipto que pode revelar algumas informações fundamentais. “Maria Madalena pode ter sido um dos discípulos mais próximos de Jesus”, diz Schrader Polczer, “e este fragmento de papiro recentemente publicado sustenta essa possibilidade porque Jesus ensinou uma mulher chamada Maria a tornar-se uma imagem da incorruptível luz eterna’”. No entanto, o papiro não identifica explicitamente a mulher como Maria Madalena.
Schrader Polczer acrescenta que os pormenores mais essenciais sobre a sua vida permanecem esquivos. “Há muita coisa que nunca saberemos sobre Maria Madalena. Não podemos ter a certeza de onde nasceu, quem era a sua família, a idade que tinha aquando da crucificação, ou o que lhe aconteceu após os acontecimentos da manhã da Páscoa.”
Porque continuam, então, os investigadores a perseguir o mistério de Maria Madalena? Porque a sua história oferece vislumbres da história do cristianismo – e porque ela foi incompreendida durante tanto tempo. Embora a escassez de evidências sobre a sua vida tenha dado origem à proliferação de mitos durante centenas de anos, Schrader Polczer diz que “o lado bom é que Maria Madalena se tornou a santa padroeira dos trabalhadores sexuais e das ‘mulheres caídas’ ao longo dos séculos”.
Com efeito, Maria Madalena veio a ser associada com pessoas historicamente marginalizadas, como leprosos, e leprosários da Idade Média e do início da Idade Moderna receberam por vezes o seu nome. Muitos continuam a considerá-la alguém que defende as pessoas negligenciadas, rejeitadas ou ignoradas pela sociedade.
“Maria Madalena ressoa profundamente com muitas pessoas que sentem que as suas vozes e histórias não foram ouvidas ou valorizadas”, diz Schrader Polczer. “Ao darmos a conhecer Maria Madalena, poderemos recuperar aspectos fundamentais e menosprezado da visão de Jesus para a Humanidade.”
ME|NCIONADOS• Registros mencionados (1): 01/01/591 - *O Papa Gregório I confundiu erroneamente Maria Madalena com uma figura identificada como “pecadora” no Evangelho de Lucas EMERSON
Sobre o Brasilbook.com.br
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.