Temer, Haddad, Maluf: como descendentes de libaneses chegaram aos mais altos postos da política brasileira - bbc.com
8 de agosto de 2021, domingo Atualizado em 27/09/2025 11:52:28
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Por Mariana Alvim - A partir de pequenos e humildes vilarejos no Líbano, parentes com o mesmo sobrenome de políticos que chegaram a cargos importantes no Brasil acompanham estas trajetórias como quem segue uma novela — como fazem os Temer de Btaaboura, povoado de onde emigraram os pais do ex-presidente Michel Temer (MDB).
Lá, a chegada de Temer ao Planalto foi comemorada com festa organizada pelo então prefeito — e parente distante do emedebista — e rendeu uma grande placa para a rua com nome de Michel Tamer, conforme a grafia original do sobrenome.
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O jornalista e pesquisador brasileiro Diogo Bercito viu a placa e a empolgação dos parentes de Temer com seus próprios olhos: ele já viajou diversas vezes para o Oriente Médio e, em 2018, foi para o Líbano fazer entrevistas especialmente para o livro que acaba de lançar, Brimos: Imigração sírio-libanesa no Brasil e seu caminho até a política (Editora Fósforo).
Mestre em estudos árabes pela Universidade Autônoma de Madri, na Espanha, e pela Universidade Georgetown, nos Estados Unidos, Bercito cultiva há anos relações com famílias libanesas envolvidas na política brasileira e conhece "por nome e rosto" parentes destas personalidades no Líbano.
As viagens e conversas foram uma das formas de investigar a íntima e pouca conhecida relação entre o Líbano e o Brasil, onde está provavelmente a maior comunidade de nascidos e descendentes de libaneses fora do país no Oriente Médio, segundo estimativas dos respectivos governos. São os "brimos", como os imigrantes que ainda aprendiam o português se chamavam, trocando o "b" pelo "p" de primos.No livro recém-lançado, o autor conta as histórias de famílias cujos descendentes chegaram à política, como os Boulos, Feghali, Haddad, Kassab, Maluf e Temer, e busca responder como aconteceu esta bem-sucedida ascensão ao poder.O símbolo universal que conecta Jesus, Buda e Apolo"Em relação ao percentual de libaneses no Brasil, o percentual de políticos (nessa comunidade) é alto. É um grupo migratório que investiu na política de uma maneira excepcional", explica o autor, atualmente doutorando na Universidade Georgetown e ex-correspondente do jornal Folha de S. Paulo em Jerusalém e Madri.
"Sempre achei interessante que há políticos de origem sírio-libanesa de direita, esquerda, centro, extremos. Não é minha área de pesquisa, mas minha impressão é que os italianos, por exemplo, ficaram muito marcados em movimentos sindicais no começo do século 20. Já para os sírio-libaneses, não existe tanto um padrão (de orientação política)", afirma Bercito em entrevista à BBC News Brasil.
A migração destas e outras milhares de pessoas trouxe o Brasil ao número de 7 a 10 milhões de pessoas de origem libanesa, segundo seus governos. Bercito diz que pesquisadores consideram essa cifra exagerada, mas afirma que ainda assim o Brasil é onde provavelmente está a maior comunidade com esta origem fora do Líbano.
Argentina e Estados Unidos foram também destinos importantes destes imigrantes.
Para o livro, o autor tentou entrevistas com todos os principais personagens políticos, conseguindo efetivamente conversar com Gilberto Kassab (PSD), Guilherme Boulos (PSOL) e Jandira Feghali (PCdoB). Além da política, porém, o livro aborda também as histórias de intelectuais como a síria Salwa Salama Atlas, de dezenas de periódicos e jornais produzidos pela comunidade no Brasil, e também de instituições de renome como o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Investimento na educação
A maior parte dos libaneses que chegaram ao Brasil nos principais anos de migração eram cristãos, sobretudo de vertentes orientais como os maronitas e greco-ortodoxos. Segundo explica o livro, imigrantes muçulmanos tiveram em geral uma experiência diferente, com integração mais lenta e menos êxito econômico.
E, diferentemente de outros grupos de imigrantes, como os italianos, os sírio-libaneses não chegaram ao Brasil com apoio dos respectivos governos, deixando de ter, portanto, suporte na busca por abrigo, empregos e propriedades. Mas isso foi também uma certa vantagem: eles conseguiram se espalhar pelo país com relativa liberdade.
Assim, esparramando-se pelo Brasil e atuando inicialmente no comércio ambulante, os imigrantes construíram a fama de que, "por menor que fosse uma vila, os ´turcos´ estavam ali" — a alcunha pejorativa se formou uma vez que os imigrantes viajavam com um passaporte do Império Otomano na época em que o Líbano não existia como Estado.
Depois dos mascates, o próximo passo para estas famílias foi abrir suas próprias lojas e negócios, como ocorreu com as famílias de Fernando Haddad (PT) e Paulo Maluf (PP).
O ex-prefeito e governador de São Paulo representa uma outra história típica: teve a educação priorizada pela família, o que às vezes era viável para apenas um dos filhos. O irmão mais velho de Maluf assumiu os negócios do pai enquanto aquele estudava.
Paulo se formou como engenheiro na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), instituição de prestígio que impulsionou diversas personalidades e políticos de origem libanesa, formados também em outras faculdades.
"Os primeiros migrantes fizeram um esforço excepcional em colocar os filhos primeiro em escolas de elite; depois em universidades de elite, principalmente em profissões liberais como direito, medicina, engenharia. Foi de caso pensado: era um investimento que toda família fazia — nem todo mundo podia estudar, às vezes tinha o filho que ia estudar. Era algo que trazia muito orgulho", explica Bercito.
A inclusão de Paulo Maluf no livro, aliás, desagradou outros entrevistados e membros da comunidade, por seu histórico de acusações, condenações e prisões por corrupção.
"Na época das entrevistas, Maluf estava preso, então as pessoas apontavam para toda a controvérsia que ele representou para a comunidade. Mas eu acho que era impossível escrever esse livro sem o Maluf; o livro poderia ser só sobre o Maluf, inclusive, porque acho que ele é o grande personagem dos libaneses — mesmo não tendo chegado à Presidência", diz o autor.
"A maneira com que ele usou a etnia, como trouxe pessoas de origem sírio-libanesa para o entorno dele, e a maneira que outras pessoas usaram isso para condená-lo, é uma pessoa que representa todo o livro. Mas ele é o que traz mais consenso, entre a esquerda e a direita, de que foi alguém que causou dano para a comunidade", afirma Bercito, que aborda também no livro os estereótipos que ao longo dos anos associaram os libaneses à corrupção.
´Brimos´ célebres visitaram o Líbano
Já no vilarejo de Hadath, origem de sua família, Maluf foi recebido como um "messias" em suas visitas, quando foi carregado no ombro de brimos e foi motivo de festanças, segundo conta o livro. Temer e Haddad também visitaram os povoados de origem dos pais e foram recebidos com honrarias.
Diogo Bercito diz que, embora Maluf e Temer tenham suas histórias e presenças celebradas, o nome Haddad ressoa no povoado de Ain Ata de uma forma diferente: lá, o avô do petista, o padre greco-ortodoxo Habib al-Haddad, é venerado por um ato considerado heroico. Ele demoveu o Exército colonial francês de bombardear o vilarejo conversando, ao lado de outros anciãos, com o general.
Enquanto traça as trajetórias de nomes célebres no Brasil de origem sírio-libanesa, Bercito tenta também encontrar pistas sobre sua história pessoal: há indícios de que ele é descendente de um parente libanês — assunto que ele detalha no livro, mas não vamos contar na íntegra para não estragar a surpresa.
Isso, segundo ele, talvez esclareça seu interesse "inexplicável" e antigo pela cultura e história árabe, algo que ele diz pretender explorar por toda a vida.
"Vejo essa parte do livro como um apelo: tenho a esperança de que alguém que tenha informações, ou tenha ouvido falar deste meu parente possa entrar em contato", diz o escritor sobre a busca por sua própria história.
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.