NOVAS, ANTIGAS E EXTRAORDINÁRIAS: OS JORNAIS CEARENSES E A CONSTRUÇÃO NARRATIVA NOS FAITS DIVERS CRIMINAIS (1850-1890) - NICODEMOS ZACARIAS OLIVEIRA DA SILVA - 01/01/2024
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NOVAS, ANTIGAS E EXTRAORDINÁRIAS: OS JORNAIS CEARENSES E A CONSTRUÇÃO NARRATIVA NOS FAITS DIVERS CRIMINAIS (1850-1890) - NICODEMOS ZACARIAS OLIVEIRA DA SILVA
2024 Atualizado em 29/10/2025 19:45:38
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Escapava, todavia, pelas frestas dessas tramas, exageradamente construídas sobredetalhes sanguinolentos e perturbadores, a notória percepção do quão distante ainda estava amaior parte daquela sociedade do ideal de ordem e de civilidade apregoados naqueles mesmosjornais. Fortaleza não era uma “cidade do crime”, a população talvez tivesse uma percepçãosobre a violência muito próxima das de outros centros, noutras províncias. Entretanto, assimcomo muitas outras cidades, ela constituiria um imaginário extremamente rico sobre o crime,agora margeado também pela escrita jornalística.O sangue é, sem dúvida, a essência dessas ardilosas tramas. Ele flui através dessasinsólitas narrativas, carregado de brutalidade, pavor e infâmia. Mas afinal, o que revela eledaquela sociedade cearense ou mesmo da fortalezense de fins do século XIX? Essas notíciasrepletas de atos indefensáveis fazem perceber que, sob o manto enganador do discursoordenador, ocultava-se também, um jogo bem estabelecido entre jornais e seusleitores/ouvintes:Críme (sic) Horroroso. – Lê-se no Diario de Santos; de 29 de janeiro:« De uma carta de pessoa de Sorocaba, dirigida a outra d’esta capital, tiramos oseguinte trecho: «...Soube agora de um assassinato horrivel que se deu para os ladosde Capivary. Um cometa70 chegou a uma casa, muito molhado, a pedir pousada; nãoestava o dono, e só a mulher; esta lhe deu um quartinho, onde o cometa se arranchoue tratou de enchugar-se; e como o dinheiro que trazia tambem se molhasse, tratou deseccal-o, para o que a dona da casa emprestou-lhe uma peneira.« Já a noite ia adiantada quando o cometa presentiu barulho de gente que seapproximava da cama; um infeliz pressentimento o fez levantar e ir dormir em umrancho de carneiros, que estava defronte, e sobre um couro. O quarto em que estava,e que a mulher lhe deu para pousar, era aquelle em que costumava dormir um filhod’ella, que também andava fôra, e que chegando tarde, e de nada sabendo, foi deitarse em sua cama.« O cometa, que estava de ouvido alerta, ouviu no quarto gritos que se deram: chegaa mulher, o dito está seguro; vem vêr o que era, e reconhece que o marido e a mulherpara o roubarem, julgando-o deitado na cama, que lhe tinham dado, ás escurascravaram no peito do filho muitas facadas, e o deixaram morto...» (Cearense, 1873c,p. 3, grifos do autor).Nele, se consagrava a produção e circulação71 de relatos sobre o crime, uma vezque o próprio debate político já tinha elencado a fórmula do fait divers, enquanto umaestratégia narrativa, no intuito de angariar simpatia e apoio às suas críticas aos adversários.Logo, nada mais natural que isso se estendesse aos outros espaços dentro dos jornais locais.70 Referia-se, nesse caso, ao trabalho de “caixeiro viajante” (Figueiredo, 1913, p. 419).71 Importa destacar como nesse momento para além dos relatos tradicionalmente produzidos com o intuito dechocar, provocar e combater seus adversários políticos diretos, os jornais dariam espaço cada vez maior paranarrativas no modelo do fait divers vindas de outras províncias, mesmo aquelas mais distantes, ou ainda deoutros países. O destaque já não era dado apenas às grandes tragédias e aos crimes que atingiam personalidadesdo período, mas aqueles cujo enredo parecesse ser mais bizarro, chocante ou macabro. [p. 51]
de junho e 19 de julho de 1850. Compreendeu, muito provavelmente, nove números (339-348) do jornal “O Cearense” que, naquele momento, saía apenas duas vezes por semana: àssegundas e às quintas-feiras.Esse folhetim, ao contrário de outros, não ocupou a primeira página em seunúmero inicial e alguns dos seus capítulos usaram apenas o espaço de frente da página. Traziana sua conclusão uma assinatura dentro do relato como Antonio Joaquim da Rosa, indicandoter sido publicado anteriormente no “Diario do Rio Grande”:A FEITICEIRANo anno de 1820 existia, nos suburbios desta villa de S. Roque, uma mulher ja idosade nome Escholastica Mendes, alcunhada Carà-Mendes.Solitaria e misteriosa era a vida dessa mulher, que habitava um casebre de miseravelperspectiva, e que tinha a reputação de ser grande feiticeira, pelo que era temida poruns e por outros procurada.Alta noite, vultos rebuçados, e disfarçados em rigoso(sic) incognito, penetravaonessa espeluuca(sic) mysteriosa, para consultar a grande alchymista, cuja mãopoderosa operava prodigios estupendos, prescrevia leis ao destino, e fasia curvarvontades de ferro ao mais leve aceno de seo irresistível poder. Era um amanteinfelis, que ia pedir um filtro magico, para abrandar os rigores de sua amada, e fasela acessivel ao seo amor. Era uma bela, que se apresentava em melancólicodesalinho, por ter sido abandonada do joven que amava, e que vinha pedir o liquormiraculoso, que o fisesse voltar aos belos dias de felicidade e amor. Era o malvado,cujo coração sedento de vingança vinha implorar um especifico de morte, ou desoffrimento, mais ou menos longos, mais ou menos intenso, contra aquelle a quemtributava a mais vil das paixões – o ódio.Seja como for, a crença popular se estribava na evidencia dos factos; porque, poucodepois do conjuro da velha, a moça, que desdenhava os agrados e desvelos doextremoso amante, outorgava-lhes venturas celestes do amor; o amante transviadovoltava aos pés da bellesa que abandonara, para queimar os perfumes de um novoamor, e a vingança do scelerado era saciada no grão, que prescripto fora pela velhasolitária (O Cearense, 1850a, p. 2, grifos do autor).A trama, após essa narrativa introdutória apresentando a famigerada figura de umapretensa feiticeira e a demonstração de seus consideráveis poderes, se concentravabasicamente nas desventuras de uma jovem mãe, perseguida pelo amante, que procurava osserviços daquela mulher idosa, tida como profetisa. O objetivo dessa moça era não apenasbuscar proteção, bem como tentar reatar seu relacionamento com seu companheiro, o qual elatraíra e que já tentara assassiná-la anteriormente. Para realizar esse intento a feiticeiraafirmava que seria necessário um grande sacrifício:– Mas vós conjurareis a tempestade que rebrama, e ella passará por cima de minhacabeça sem ofender me.– Estais enganada – disse a velha com voz secca. – Ella virà, e os seos tufõesimpetuosos vos arrastarão infalivelmente aos abysmos da sepultura.– Oh! naõ me abandoneis por piedade! Preparai um de vossos filtros mágicos, quefaça abrandar o coração de Astolfo, e olvidar o passado para sempre. Oh! tendecompaixão do meo desespero! [p. 113]
– Pois bem: compadeço-me de vós, e quero salvar-vos; mas para conseguir essegrande resultado, mister é um grande sacrifício.– A tudo me sujeito: exigi o que quiserdes, e sereis obedecida.– Véde bem o que prometeis – ponderou a feiticeira.– Naõ hesito, senhora, em reiterar a minha promessa.–Jurais?– Juro?(sic)– Pois bem: tocai na minha maõ para ractificar o juramento.A moça estendeo sua tremula dextra, que se prendeo entre as descarnadas mãos davelha. [...]Agora podeis tranquillivar vos(sic). Amanhan iremos a Caverna dos infantes, quefica em um sitio ermo e solitario; imolaremos vosso filho aos poderes invisíveis; epurificado ao depois com esse sacrificio, comporemos o filtro especioso, que fara ovosso amante esquecer o passado, como se tivesse bebido todas as agoas do Lethes,e amar-vos com esse extremo palpitar do coração, que todo se submerge nas deliciasencantadoras do primeiro amor.[...]A’s quatro horas da madrugada levantou-se a feiticeira, e approximando-se do lugaronde jasia a moça quase cadáver, disse com vos ríspida:– São Horas: acompanhai me.– Para onde? – interrogou a moça estupefacta, como se essa a revocasse àexistência.– Para a Caverna dos infantes.– Tende piedade de meo filho!.. suplicou a mãi desolada, desatando dos olhos umatorrente de lagrimas, e pondo-se de joelhos.– Lembrai-vos que Astolfo ao retirar-se, disse: Dou-vos esta noite.– Sim: mas, antes que amanheça, posso eu fugir com meo filho...oh! salvai-nos;salvai-nos!..– Apenas eu retirar de vós a minha proteção, estais na maõ de Astolfo, que bem deperto vos vigia os passos. Naõ há pois outro meio de salvação: cumpre resignar-vos.Acompanhai me.A moça, sem fazer mais objeções, levantou-se, e seguio resolutamente (O Cearense,1850b, p. 1-2).A partir desse momento, tornava-se notório que o sacrifício seria da vida do filhoda jovem Anacleta, o qual não era filho legítimo de Astolfo (seu companheiro). O cerne daobra se dava basicamente no sacrifício da criança recém-nascida, no enlouquecimento dajovem mãe e nos castigos sofridos pela bruxa. O que nos chama a atenção é como muitodaquelas constantes melodramáticas, presentes de forma explícita naquele texto, estavamfortemente entrelaçadas às nuances brutais dos faits divers naquela narrativa:A profetisa tomou a estrada de Sorocàmirim, e depois, desviando-se della, internouse pela espessura das mattas.Ao amanhecer, a feiticeira parou subitamente, e disse apontando com o dedo: – Eisaqui a Caverna dos infantes.A moça olhou para esse abysmo profundo, e recuou estremecendo como um débilcaniço, agitado por ventos impetuosos.– Cobarde!... exclamou a feiticeira, arrancando a criança, que a infelis mai apertavaconvulsamente sobre o peito, com todas as forças maternaes.A feiticeira, segurando pelas extremidades do corpo do menino, e puxando-oviolentamente para si, metteo d’encontro o joelho esquerdo no espinhaço desse débilcorpinho.Seos ossinhos cedêrão facilmente a esse choque encontrado, e estalaraõ.No mesmo instante a velha, pegando no inocentinho por um pé, fazendo-o tres vezesvoltear sobre sua cabeça, o arrojou afinal ao seio dessa horrivel caverna.Um vagido fraco e alquebrado rompeo as sinuosidades silenciosas desse abysmo, e [p. 114]
signos de civilização. A ênfase no combate ao obscurantismo e à charlatanice, tão comunsnaquele contexto, complementava o esforço de retificação moral e ordenação do todo social.A vontade de constranger o que se julgava atrasado, impedimento ao correto ‘pensar’,tornava-se uma mania para grande parte das elites locais.Provavelmente, já havia se consolidado certo gosto, mesmo de parte da elitecultural, no consumo de literatura de horror, ou no uso cotidiano das estórias e causoscontados por populares. Todavia, o espaço gráfico dos periódicos usou os elementos dofantástico e do horror, geralmente enquanto uma metáfora para o mal comum, oriundo dacriminalidade e dos “maus costumes”. Os faits divers foram transformados no espelho querefletia uma incômoda realidade, onde o horror cotidiano era reconstruído enquanto umartificio na reafirmação normativa. Da mesma maneira, eles serviriam de base para o gostorenegado pela leitura de tragédias cotidianas, transformadas em extraordinárias narrativas que,mais do que assustar, geravam incômodo e circulavam mediados pelo gosto e pelapopularização dos relatos macabros.O esforço em denunciar e combater essas crenças populares levava àestigmatização das populações menos abastadas, vistas sempre como suscetíveis ao crime e àdesordem. Embora estivesse inclusa em uma sociedade extremamente distante dos padrõesque tentavam construir, a elite letrada — responsável pelos jornais locais — construiu umaforte ojeriza pelo comportamento dos setores populares. Se durante aquela época, os discursosoficiais por meio das autoridades jurídico-policiais, religiosas e intelectual-científicas,tentaram estabelecer um lugar para cada grupo na sociedade, por mais transtorno quecausasse, lidar com a cultura, o imaginário e as práticas populares rurais, foi o lugar onde sefalhou em construir um verdadeiro espaço de contenção.Os jornais foram a tentativa mais próxima de estabelecer uma rede discursivacapaz de neutralizar hábitos, costumes, modos e relações vistas como inadequadas, a umanova lógica social que se quis erigir naquela época. Eles moldaram o meio pelo qual as regrasque se tentavam impor podiam chegar mais longe na malha social. Até mesmo notas,aparentemente inofensivas, foram elaboradas para dar uma chave de leitura acerca do que sedeveria considerar como inadequado ou impróprio à “boa sociedade”. A construção da cidadeordeira, moralizada e pacífica que se almejava alcançar passava por desfazer mesmo o“populacho” das suas crendices e de seus “maus modos”. Então, por isso, tantas vezes assuperstições seriam associadas à loucura, à indecência e ao crime:S. Paulo. – [...] O Ipanema de Sorocaba refere o seguinte:"A grande seita dos envenenadores, com o pretendido nome de feiticeiros, vai [p. 215]
textos, agindo mediante a sua própria subjetividade, certamente, ele também era conduzidopela existência dos leitores e as suas escolhas falavam, também, dos interesses e das visões demundo que se mantinham circulando na província, naquele momento.O gosto dos cearenses por textos que beiravam o fabuloso ou o burlesco, tal comose acompanha nas passagens anteriores, parece ter se consolidado ao final do século XIX. Apresença dos folhetins, a profusão de textos literários, publicações demandadas por leitoresocasionais ou assinantes, tudo isso não tirou o lugar cativo desses relatos dentro dosperiódicos. Essas notas ganharam, não raras vezes, a primeira página desses hebdomadários,ocupando espaço muito disputado pelas notícias da política e da economia.Em uma cidade ainda integrada pela oralidade no seu cotidiano, os boatos, fofocase mesmo a maledicência circulavam rapidamente. Essa presença marcante da oralidade,evidenciou-se até mesmo em obras literárias e memorialísticas do período (Oliveira, 2000),enquanto referência, ora incômoda, ora jocosa. Não se admira, portanto, que as informações eos assuntos curiosos presentes nos jornais também circulassem. Na elite, os homens o fariamno espaço das tavernas, cafés e armazéns; para mulheres as salas e cozinhas das vizinhas oudentro dos salões dos clubes durantes as festas. Para a população pobre, de ambos os gêneros,as ruas, os chafarizes, o mercado, as praças e as rodas de conversa, aquelas narrativas seespraiavam pela repetição oral e deviam chegar aos mais recônditos lugares da sociedade.
Assim, não surpreende que estivessem emoldurando muitas daquelas estóriasfabulosas, tantas outras pequenas notas extraordinárias e insólitas que moviam a curiosidade do público leitor, bem como aquelas primeiras sobre maravilhas da natureza (Cearense, 1887). Essas maravilhas da sociedade eram geralmente pessoas com grande longevidade, compersonalidade ou caráter excêntrico, que passavam por experiências bizarras, ou mesmo, eram momentaneamente famosas por seus feitos.
S. Paulo. – [...]– Na cidade de Caldas existe um preto que conta 135 annos de idade 168.
– O Mosaico de Guaratinguetá, dá a seguinte noticia:
Existe em S. José do Paraíso, provincia da Bahia, uma mulher, vulgo Isabel doMorro, que conta actualmente 111 anos, mais ou menos, ainda viaja a pé distanciade uma legua, goza ainda faculdades mentaes, ouve missas todos os dias, de joelhos,cose muito bem e lê livro perfeitamente. Conserva-se ainda no estado de solteira, enunca conheceu varão.
Realmente a Sra. Isabel do Morro é uma preciosidade. Virgens de 111 anos não sãocouzas que andem por ahi a granel neste seculo das luzes.
MACROBIO. – Lê-se no "Commercio do Paraná":
– No dia 8 do corrente falleceu na freguezia de Guaraksaba(sic), Joaquim de Fariascom 115 annos !Dizem-nos que ainda n’essa idade occupava-se no seu officio de carpinteiro, e faziaviolas como nenhum outro. Admira como se pode viver tanto n’esta época.
Lê-se o Espirito Santense:
Do Riacho nos enviaram a seguinte noticia:
"Morreu no dia 26 de Setembro na barra do Riacho, freguezia de S. Benedicto ocrioulo livre de nome Silvestre de tal, na idade de 145 annos, 3 mezes e 11 dias.Gozava de todas as faculdades intellectuais e uma prodigiosa memoria. Servia 60annos, mais ou menos, como pedestre nesta provincia. Nasceu nos arrebaldes daVictoria. Lembra-se do tempo em que Victoria era uma villa e Governadores Robime Pontes Leme. Deixa numerosa familia: 12 filhos, 80 netos, 100 bisnetos e 40tataranetos. Este macróbio botou a barra adiante de quantos se tem mencionado ultimamente."(Pedro II, 1881, p. 1; Cearense, 1877a, p. 2; Pedro II, 1861b, p. 3, grifos do autor).
O gosto pelas notas exóticas, pode ser entendido não apenas pelas limitadasformas de entretenimento escritas, disponíveis aos leitores, contudo, porque essas estóriascurtas podiam jogar com a ludicidade e curiosidade dentro de um suporte material queansiava, cada vez mais, atrair leitores/consumidores. Essas narrativas esquisitas e curiosas,geralmente mais curtas, encampavam uma leitura menos demorada e, portanto, cabiam dentrodos hábitos de leitura que começavam a se intensificar e diversificar no contexto cearense defins dos oitocentos (Pinheiro Filho, 2014):
Caso celebre. – Pessoa fidedigna communicou-nos o seguinte:
"Na Alagoa do Espirito Santo, termo do Ouricury, provincia de Pernambuco, morãodous individuos q’ha poucos(sic) praticarão o acto mais imoral de que tenho noticia.Ricardo casado com Antonia engraça-se de Eugenia mulher de Joaquim Gomes, cujamulher era moça e bonita, pede volta: Ricardo não se fez esperar, entrega-lheAntonia, um cavallo, uma carga de farinha e cinco mil réis e recebe Eugenia mulherde Joaquim Gomes.Vivem como casados, e se visitão e são amigos; se amisade póde existir em taisalmas.Factos de tal ordem não se commentão."S. Paulo [...]O Parahyba, de Guaratinguetá, refere em data de Outubro o seguinte facto:"Em dias da semana passada apresentou-se ao delegado de policia desta cidade,Anna Maria de Jesus, queixando-se de que seu marido Benedicto de tal vulgoGuatambú, todas as noites obrigava-a a amamenta-lo, deixando-a em tal estado deprostração e debilidade, que por diversas vezes, ao levantar-se do leito, cahira porterra.
Ella e seu filho, criança tenra e rachetica, morreriam de fraqueza e de fome, e nãoserem os socorros prestados pela Sra. D. Anna Jacintha Guimarães, em cuja fazendadepararam os recursos precisos para o restabelecimento.".Rio de Janeiro [...]
– A "Estrella do Oeste", da cidade de Brotas, refere o seguinte:
"Aqui apresentou-se Pedro José do Prado queixando-se ao Dr. delegado de policiaque, tendo dado hospedagem a João Barbosa e a José Benedicto de Sant’anna,ambos casados, estes, abusando da confiança, raptaram suas filhas menores denomes Maria e Gertrudes, fugindo com as mesmas.O infeliz pai tem engulido lagrimas acerbas diante de tão grande desgraça. Constanos hoje que os raptores foram se asylar no termo da Constituição, onde estão 168 Cf. Item 5.1 deste capítulo. [p. 224, 225]
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.