Contribuições empreendedoras e pioneiras do Major Maneco Leão - jornalcruzeiro.com.br
29 de julho de 2025, terça-feira Atualizado em 30/10/2025 21:23:29
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Contribuições empreendedoras e pioneiras do Major Maneco LeãoPor Angeles Paredes ToralMuito pouco se tem falado sobre figuras importantes que moldaram Sorocaba e uma delas é o Major Maneco Leão. Sua história de empreendedorismo e pioneirismo no final do século XIX infelizmente tem sido esquecida, contudo, devido a publicações antigas como o jornal O 3 de Março, cuja redação ficava na rua Leite Penteado, 13 e a Administração na rua da Penha, 426 — 3º andar, fundado pelo jornalista Arlindo Previtali, colaborador na fundação do jornal Folha Popular e que entre 1957 e 14/09/1958 publicou sessenta edições dominicais.
Bem recebidas pelo público em geral continham biografias de sorocabanos e artigos de colaboradores como o meu Patrono Antônio Francisco Gaspar. Seu lema era: “Semanário independente do povo para o povo”. No jornal do dia 10/03/1957 na Sessão Vultos de Sorocaba há uma matéria sobre o Major Manoel Ferreira Leão, conhecido como Major Maneco Leão, bisavô do sr. Marcelo Ferreira Leão, amigo de longa data da nossa família, que trouxe à luz a história de seu empreendedorismo e pioneirismo no final do século XIX na nossa cidade.
O major nasceu nesta cidade em 16/07/1872, na Chácara Leão, ao final da rua da Penha. Filho do português Francisco Ferreira Leão (Coimbra) e Constância Angélica de Jesus Ferreira que tiveram numerosa prole. Teve participação ativa na vida política e empresarial de Sorocaba, ocupou vários cargos políticos e pioneiro em várias realizações: criou o Velódromo Sorocabano onde eram celebradas as cavalhadas, congadas, corridas de velocípedes, praça de touros, quadras de basquete, pista de corridas.
Transformou esse terreno em campo de futebol para acolher o E.C. Sorocabano que teve seus melhores anos nesse local. Anos depois construiu 100 casas populares, vendendo-as a preços populares. Com a crise de 1929 e essas famílias não conseguirem pagar suas dívidas, devolveu o dinheiro pago por elas e fez doação das casas às mesmas. Foi pioneiro trazendo em 1919 dez automóveis Ford para utilização no serviço de táxi. Exerceu o cargo de inspetor de quarteirão durante a revolta de Custódio de Melo e Saldanha da Gama no governo de Floriano Peixoto, recebendo a condecoração de major.
Em 1924 foi suplente de delegado e vereador pelo partido Republicano Paulista cuja fidelidade levou até a morte. Um dos seus grandes feitos foi em 1924: construir o Teatro São José, vendendo-o para a empresa Pires e Caracante, onde se apresentaram as companhias teatrais e os filmes mais famosos do mundo. Construiu a igreja católica de Salto de Pirapora e às suas despensas a rede de águas e esgotos foi levada até o bairro do Cerrado. Por muito tempo foi encarregado da limpeza pública feita por tração animal.
Faleceu em 24/08/1946 e está sepultado no cemitério da Saudade. No pioneirismo industrial de Sorocaba, lembramos que aqui nasceu a metalurgia brasileira, sob os comandos de Adolfo de Varnhagen no período de 1814 a 1821, impondo a primazia do “aço de Sorocaba” como padrão de qualidade; o óleo de caroço de algodão cuja oficina estava na rua Álvaro Soares substituía o azeite para a população mais pobre, pois este tinha valor maior por ser importado; a primeira fábrica de tecidos de algodão, localizada no Além Ponte e a primeira fábrica paulista de tecidos de seda; e como não falar da fábrica de chapéus; a primeira serraria nacional de mármore no Itupararanga e os primeiros fornos de cal.
Temos ainda outros pioneirismos como a primeira locomotiva nacional, a primeira Faculdade de Medicina do interior de São Paulo, sem falar das primeiras feiras de muares e das nossas redes sorocabanas que tanto sucesso fizeram nesses trajetos tropeiros. O Major Manoel Ferreira Leão teve pioneirismo na cidade que se modernizava e recebia tudo o que havia de mais novo para a época.
Foi um homem que se preocupou com o bem-estar da população em geral, de coração nobre e idealista, trouxe melhorias na saúde, no ócio, nos esportes e na vida cotidiana da cidade. O primeiro exemplar do jornal trazia em sua página inicial as palavras de Arlindo Previtali, seu fundador: “Apresentando-se — Em 3 de março, dia em que Sorocaba comemora seu 296º aniversário de fundação legal, esta publicação surge para reverenciar tão significativa efeméride.”
Angeles Paredes Toral, é sócia efetiva da Academia Sorocabana de Letras
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