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Revista Ponto de Fusão
    2015
    Atualizado em 17/04/2025 23:27:39

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Metalúrgicos se estabeleceram na região em 1589, seis décadas antes da chegada de Baltazar Fernandes, fundador de Sorocaba, Por Paulo Andrade

Mais de 60 anos antes da chegada de Baltazar Fernandes, fundador de Sorocaba, trabalhadores metalúrgicos já forjavam minério de ferro e construíam vilas operárias na região. O primeiro povoado da categoria foi formado no final do século 16, no morro de Araçoiaba. O segundo, no início do século seguinte, onde hoje fica o bairro Itavuvu, zona norte de Sorocaba.

Em 1589, uma expedição liderada pelos Afonso Sardinha, pai e filho, sendo o pai português, conhecido como “o Velho”; e o filho mameluco, chamado de “o Moço”, chegou ao morro de Araçoiaba, onde encontrou farta quantidade de magnetita, que chegava a brotar do solo. Hoje o morro é parte integrante da Floresta Nacional de Ipanema (Flona).

Contando com a mão de obra vinda de São Paulo, de onde também vinham os Sardinha, foram construídos no morro, na região do Vale das Furnas, dois fornos rústicos de fundição, do tipo catalão, e uma forja. A fábrica começou a funcionar em 1591.

Segundo Jackson Marcos Siqueira Campolim, professor de história, pesquisador e guia de visitantes na Flona há 17 anos, os trabalhadores da fundição eram bandeirantes, mamelucos e índios escravizados. A fundição despertou o interesse do governador geral do Brasil, DomFrancisco de Souza, que visitou o empreendimento em 1598.

No ano seguinte, o governador voltou para o morro e lá se estabeleceu por cerca de seis meses, período em que mandou erguer no local um pelourinho, símbolo da Coroa Portuguesa. O povoado de metalúrgicos foi elevado à condição de vila, com o nome de Nossa Senhora de Monte Serrat do Itapevuçu.

A produção de ferroOs fornos catalães alcançavam 700 graus centígrados e o minério, além de conter muitas impurezas, não chegava ao estado líquido (O ponto de fusão do ferro é 1.538 °C). O combustível era o carvão obtido da peroba, abundante no morro. O ferro era refi nado com a ajuda de um malho, acionado por uma roda d’água, e moldado em uma forja. Assim eram fabricados arreios, ferramentas e utensílios como facas e colheres. O engenho de fundição fi cava a cerca de [Páginas 34 e 35]

A Vila no Itavuvu

Nos primeiros anos do século 17, o governador já tinha voltado para a Corte e os Sardinha haviam partido para outras empreitadas. Com a ausência dos empreendedores, os moradores começaram a procurar outros locais para se estabelecerem. Parte dos metalúrgicos voltou para São Paulo. Outra parcela continuou mantendo a fábrica, que produziu até 1615. Um terceiro grupo mudou-se para “uma região melhor, às margens do Rio Sorocaba, conhecida então como Itavuvu, cerca de 12 quilômetros a leste do Araçoiaba”, conta Salazar em seu livro O “Esconderijo do Sol”, uma das principais referências literárias sobre o assunto.

O povoado do Itavuvu foi reconhecido em 1611 como vila. Ali também a coroa portuguesa autorizou a instalação de um pelourinho e batizou a localidade como Vila São Felipe.

As ruínas dos fornos dos Sardinha foram descobertas em 1977. Já os vestígios da vila operária de Monte Serrat não foram encontrados.

Pelourinho transferido

Em meados do século 17, o capitão bandeirante Baltazar Fernandes aprisionava índios no caminho de Peabiru, que passava pela região de Sorocaba, e foi nomeado proprietário das terras locais pela realeza. Em 1654, vindo de Santana do Parnaíba, Baltazar mudou-se para a região com familiares e escravos índios e fundou o povoado de Sorocaba. Nessa época, a fábrica de ferro dos Sardinha estava abandonada havia quase quatro décadas.

O povoado fundado pelo bandeirante atraiu antigos habitantes daregião, incluindo os moradores remanescentes do Itavuvu, que se deslocaram para locaismais próximos donúcleo de Sorocaba.Em março de1661, o povoado de Baltazar foielevado à Vila deNossa Senhora daPonte de Sorocaba. O despacho defundação permitiu a transferência dopelourinho do Itavuvu, que fi cava a 10km do centro da nova vila.Atual polo metalúrgicoHoje os 14 municípios cobertospelo Sindicato dos Metalúrgicos deSorocaba e Região reúnem 43 mil trabalhadores da categoria, sendo 85%deles na cidade de Sorocaba. Eles estãodistribuídos em centenas de fábricase outras centenas de ofi cinas, que formam um dos principais polos do setormetal-mecânico no Brasil.Mas a origem dessa vocação remonta aos metalúrgicos que operavamfornos quase primitivos, no alto de ummorro, a duas semanas de viagem dacapital da província, a pé e no lombode mulas, por trilhas antes conhecidassomente pelos tupiniquins. [Página 36]

Enquanto Baltazar fundava Sorocaba, a Coroaportuguesa voltou a se interessar pelas jazidas deferro do morro Araçoiaba. Por isso, em 1660 elaproibiu a exploração do local por particulares, sobpena de morte, mas não realizou nenhum empreendimento.Revogada a proibição, em 1680 os irmãos Moreira Cabral reativaram a produção de ferro nomorro. Essa experiência durou cinco anos.Em 1765, uma sociedade liderada por Domingos Ferreira Pereira construiu outra fábrica de ferro no Araçoiaba, cerca de 3 quilômetros distantedo engenho dos Sardinha, seguindo o curso doRibeirão do Ferro.A fundição rústica de Domingos durou seisanos. Os motivos do fechamento teriam sido asdifi culdades para tirar as impurezas do minério eos altos impostos cobrados pela Coroa.Em 1785, D. Maria I, a Louca, proibiu a manufatura no Brasil, impedindo qualquer iniciativafabril que concorresse com produtos portugueses,incluindo o ferro.A Real Fábrica de FerroEm 1808, quando a família real mudou-se parao Brasil, fugindo do exército de Napoleão, o ReiD. João VI ordenou a especialistas que projetassem uma grande siderúrgica na colônia brasileira.Em 1810, foi criada, por carta régia, no sopédo morro Araçoiaba e próxima ao Rio Ipanema,a Companhia Montanística das Minas Gerais deSorocaba, que pouco depois foi renomeada RealFábrica de Ferro de São João de Ipanema.A represa que atendia à produção foi a primeira do gênero no Brasil.A fábrica começou a operar com 14 estrangeiros assalariados e muitos escravos negros.O período da Real Fábrica de Ferro é bem maisconhecido e documentado do que as iniciativasanteriores. A siderúrgica foi desativada em 1895.Boa parte das construções do século 19, bemcomo equipamentos utilizados na época, sãoabertos à visitação. Alguns sítios arqueológicosno morro também podem ser visitados. Porém,somente com acompanhamento de monitor.No século 16, os principais habitantes da região de GLOSSÁRIOSorocaba eram os tupiniquins, que deram nomesa muitas localidades. A região tem infl uênciadas línguas Tupi e Guarani e suas ramifi cações.Especialistas divergem sobre a junção de vocábulosindígenas que foram transcritos pelos europeus. Porisso há interpretações diferentes sobre o signifi cadode alguns nomes.Araçoiaba Esconderijo do solIpanema Rio imprestável, sem peixesItapevuçu Pedra grande e chataPeaberu Caminho pisado, caminho de grama amassadaIperó Casca amarga/Águas profundasItavuvu/Itapebuçu Caminho de pedra / Caminho de pedra pretaSorocaba Terra Rasgada [Página 37]





Altos fornos
Data: 01/01/2015
Créditos/Fonte: catalãosmetal.org.br
Simulação da rotina de trabalho em um engenho rústico de ferro, com forno(Fazenda Ipanema


ID: 5888


  


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