'SANTO ANTÔNIO DE JACUTINGA: A ASCENSÃO DE UM LUGAR A PARTIR DE SEUS AGENTES. Denise Vieira Demétrio - 01/01/2016 Wildcard SSL Certificates
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SANTO ANTÔNIO DE JACUTINGA: A ASCENSÃO DE UM LUGAR A PARTIR DE SEUS AGENTES. Denise Vieira Demétrio
    2016
    Atualizado em 13/02/2025 06:42:31

  


Isso significa que não havia um pároco fixo e vitalício em Jacutinga, mas apenaspárocos encomendados, ou seja, que ficavam alguns anos e eram substituídos poroutros. Assim, as côngruas não eram pagas pela Real Fazenda, como ocorria com asparóquias coladas, mas sim por particulares. Estes dados nos fazem pensar, de imediato,na força do poder local (das elites locais) em arcar com tais despesas, pois do contrárioexistia o risco da freguesia ser aniquilada, expressão usada pelo próprio Pizarro quandose reportou ao caso da freguesia de Sarapuí, desmembrada de Jacutinga em 1674, masque por falta de recursos dos fregueses em manter seus párocos, foi “aniquilada e unidanovamente à de Santo Antônio de Jacutinga”, em 1736.10A contribuição dos fregueses foi, então, decisiva para a perpetuidade dafreguesia de Jacutinga e atuação de seus párocos, pois estes dependiam da quantiarecebida pela realização dos sacramentos para seu sustento. As informações prestadaspelos bispos no final do século XVIII se coadunam aos problemas enfrentados por Arturde Sá e Meneses um século antes, governador da capitania do Rio de Janeiro (1697-1702) no sentido de viabilizar o povoamento do Recôncavo da Guanabara. Em cartaescrita pelo governador ao secretário de estado Roque Monteiro Paim, afirma Artur deSá queé impossível que nestas povoações haja estabilidade nas freguesias, nemcerteza nas côngruas que costumam dar os fregueses, porque a forma depovoar por estas partes é muito diferente do que se pratica em Portugal,tirando os portos do mar, porque nas mais partes, inda que se erija umafreguesia, e naquele circuito haja fregueses bastantes, em poucos anos se vaiextinguindo aquela povoação, e se mudam para diferentes partes, buscando asterras mais [pingues] para as suas lavouras, para onde mudam as suasfamílias, deixando aquelas que já estão cansadas, e desta sorte se [espacem]pelos sertões ficando tão distante das freguesias que se erigiu que não pode opároco pastoreá-los, e é impossível que S. Majestade possa por párocos emtodo o sertão por ser tão dilatado e povoado por esta gente que tão distantefica uma da outra e para as côngruas dos vigários não bastará todo opatrimônio real.11Nesse sentido, considero fundamental a contribuição dos fregueses para amanutenção das matrizes e realização dos sacramentos, em um período em que a malhaparoquial era diminuta. Na ocasião da morte dos fregueses, por exemplo, os padrestinham a missão de realizar missas pela alma do defunto. No testamento de ToméCorreia Vasques, este pede que “se me digam três mil missas por minha alma pelos sacerdotes que [meus] testamenteiros ordenarão e elegerem com a brevidade que otempo o permitir”12.Outra participação importante dos fiéis era a filiação às irmandades.Neste caso, Tomé Correia Vasques, por exemplo, pede em seu testamento(...) para darem da Ordem de São Francisco de quem sou irmão, peço aoSenhor irmão Ministro, e mais irmãos de mesa, queiram mandar dar umasepultura na dita capela onde forem servidos, a fazerem-me os mais sufrágiosque se costumam fazer por todos os mais irmãos da mesma ordem; (...) souirmão da irmandade de Santo Antonio de Jacutinga e de Nossa Senhora doRosário e das almas, e de Nossa Senhora do Socorro e do Pilar, todas damesma freguesia, e sendo que lhe deva alguma coisa mando que se pague ebem assim o que dever a irmandade de Nossa Senhora da Ajuda da Igreja deSão João em Sarapuí e tudo o mais que se achar à disposição de meustestamenteiros.13

Tomé Correia Vasques se tornou alcaide-mor por volta de 1702; seu pai, Martim Correia Vasques, mestre de campo em 1696 e governador interino de Artur de Sá e Meneses; seu irmão, Salvador Correia de Sá, foi coronel; e seu irmão Manuel Correia Vasques juiz da alfândega em 1705. Todos pertenciam ao grupo dos senhores de engenho da freguesia de Jacutinga e contribuíram, de alguma forma, com os rendimentos da paróquia e manutenção dos seus párocos, assim como fizeram outros fregueses.

A estrutura religiosa disponível e a atuação dos senhores de escravos são fatoresque interferiram, em maior ou menor medida, no acesso dos escravos aos sacramentosdo batismo e do matrimônio. No período de 1686 a 1721 realizaram-se 696 batismos deescravos, entre adultos e inocentes, e 84 casamentos na igreja matriz de Jacutinga e emsuas capelas14, números muito inferiores aos que foram computados para a freguesia deIrajá, que, ao contrário de Jacutinga, fora criada por alvará régio15, somando 2.010registros de batismo de escravos16. Esta freguesia tinha, em 1687, 200 fogos e 1.800pessoas de comunhão, enquanto Jacutinga, no mesmo ano, possuía 100 fogos e 212pessoas de comunhão, ou seja, em termos populacionais parece que as diferenças entreambas eram grandes, explicando, em parte, os números dos sacramentos realizados17. [Páginas 3 e 4]

Martim Correia Vasques era filho de Manuel Correia e Maria deAlvarenga. Manuel era filho de Gonçalo Correia da Costa eMaria Ramirez. Maria filha de Tomé Alvarenga e Maria deMariz. Maria de Mariz era filha de Manuel de Mariz e IsabelVelha. (Rheingantz, I, 370 e II, p. 519) [Página 7]





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1696ID: 1513
Martim Correia Vasques, mestre de campo em 1696 e governador interi...
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Manuel Correia Vasques juiz da alfândega
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