refiria a um comerciante, Castro e Mendonça afirmava ter conhecimento de que fulano ousicrano fora mercador, mas que já não exercia mais a função, apenas sendo negociante “emgrosso”, o que era regra geral no Brasil. E, asseverava o capitão-general: “Quem informa ocontrário, ou não tem conhecimento d’América, ou forma d’ella huma idea tão chimérica,como a de suppor famílias subsistentes n’hum País, onde não há casas hereditárias não sendomantidas por commércio”73.O casamento foi instrumento indispensável para a manutenção e proliferação dospoderes, econômicos inclusive, das famílias da elite colonial paulista74. Por esse motivo, aunião entre a filha de uma família antiga da capitania e um negociante reinól eraperfeitamente possível75. É notável como, na defesa de seus escolhidos, Castro e Mendonçaenfatizava a decadência das famílias antigas da capitania. Mais significativo ainda é o fato deque, na “Relação” que elaborou, o governador, por outro lado, acentuava o parentesco dosoficiais promovidos. São comuns, inclusive para aqueles que possuíam negócios, expressõesdo tipo “aparentado pelo casamento com boa gente”, “aparentado com as melhores famílias”,ou “casado com uma das principais senhoras desta Cidade”. Caso exemplar é o de FranciscoJosé de Souza, apontado como mercador, e promovido por Castro e Mendonça a tenentecoronel do Regimento de Paranaguá. O capitão-general informava que propusera o oficialpara o posto “por ter servido muitos annos de Capitão”, destacando a inteligência e iniciativana execução do “Real serviço”76.O sogro de Francisco José de Souza era Cláudio de Madureira Calheiros, membro defamília antiga da capitania, casado com dona Ângela de Siqueira, filha de João da CostaAranha e ascendente de importante família paulista, com parentes exercendo ofícioseclesiásticos e seculares77. Cláudio de Madureira Calheiros foi o capitão-mor repreendido [p. 173]