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Mais de 10 mil sítios arqueológicos indígenas podem estar escondidos na Amazônia. Por Redação Casa e Jardim. Em revistacasaejardim.globo.com
    15 de outubro de 2023, domingo
    Atualizado em 08/06/2025 03:30:46

  


Um número entre 10 mil e 23 mil sítios arqueológicos indígenas pré-colombianos estão escondidos sob a densa Floresta Amazônica – é o que estima um estudo publicado recentemente na revista científica Science.

A pesquisa, liderada pelos brasileiros Vinicius Peripato e Luiz Aragão, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil (INPE), utilizou a tecnologia de sensoriamento remoto e emissão de faixas de lazer conhecida como LiDar (Light Detection and Ranging) para identificar 24 sítios até então não documentados.

Embora já fosse sabido que sociedades indígenas habitavam a bacia amazônica há pelo menos 12 mil anos, era difícil encontrar evidências desta presença no local devido à alta densidade da floresta.

A vantagem em utilizar o LiDar é que o seu sensor permite reconstruir os elementos da superfície em um modelo 3D com um nível extraordinário de detalhes, tornando possível remover digitalmente toda a vegetação e iniciar uma investigação precisa do terreno sob a copa das árvores.

O resultado? A revelação do estilo de vida de sociedades complexas que lá viveram há milhares de anos.

A combinação entre tecnologia de ponta em monitoramento remoto, dados arqueológicos e modelagem estatística avançada levou ao registro de extensos geoglifos e alterações em uma paisagem que corresponde a 0,08% da Amazônia, segundo a varredura inicial.

Realizadas entre 1.500 e 500 anos atrás, estas modificações foram moldando a floresta àquilo que se conhece hoje. Elas incluem aldeias fortificadas, estruturas cerimoniais, assentamentos em topos de montanha e geoglifos.

Outra descoberta foi quanto aos sinais de domesticação de plantas, que sugerem a prática de agrofloresta por parte de algumas sociedades. Isso significa que certas espécies vegetais foram intencionalmente manejadas para estarem mais próximas aos assentamentos, a fim de melhor prover alimentos e recursos.

Alguns exemplos do fenômeno em questão são a castanha-do-pará (Bertholletia excelsa), a macaúba (Acrocomia aculeata), o araticum (Annona montana), a pupunha (Bactris gasipaes) e o açaí (Euterpe oleracea), entre outras.

"Esses povos dominavam técnicas sofisticadas de manejo da terra e das plantas, em certos casos, ainda presentes nos conhecimentos e práticas dos povos atuais que podem inspirar novas formas de conviver com a floresta sem a necessidade de destruí-la", escreveu Carolina Levis, cientista da Universidade Federal de Santa Catarina e também envolvida no estudo.

Usando todos os registros de obras de terra encontrados até agora (961) através de metodologias mais tradicionais, a equipe também quantificou quantas estruturas podem ser encontradas – um número que corresponde à faixa de 10 mil a 23 mil sítios arqueológicos semelhantes e ainda desconhecidos na Amazônia.

Apesar da modificação das terras mapeadas pelos povos originários, é importante dizer que estas alterações não tinham caráter destrutivo – mas, sim, utilitário através da preservação. A domesticação das árvores, por exemplo, não comprometia o desenvolvimento florestal, segundo explicou Vinicius em entrevista à Agência Pública.

O trabalho é multidisciplinar e foi elaborado por 230 pesquisadores, de 156 instituições do Brasil e de mais 23 países. E ele é relevante e urgente por três razões: a primeira é a confirmação da existência de sociedades complexas e estruturadas na bacia amazônica muito antes da chegada dos europeus às Américas.

A segunda, por sua vez, é porque o trabalho lança previsões testáveis sobre locais pouco conhecidos da Amazônia, onde novos trabalhos de campo provavelmente descobrirão sítios arqueológicos de dimensões monumentais e ainda bem preservados dentro da floresta.

Já a terceira é devido ao atual contexto político referente ao marco temporal, aprovado recentemente pelo Congresso Nacional e segundo o qual os povos indígenas teriam direito de ocupar somente as terras que ocupavam ou disputavam em 5 de outubro de 1988 – data de promulgação da Constituição brasileira.

Acontece que, como demonstra o estudo, a presença indígena nas terras da Amazônia é anterior a 1988, data considerada arbitrária por alguns pesquisadores contrários ao marco temporal. Isso porque muitos dos indígenas descendentes dos povos originários amazônicos poderiam não estar em suas terras no momento da promulgação da Constituição devido à expulsão – e assim, não teriam direito à reivindicação do espaço, segundo a tese jurídica.

"Estes legados arqueológicos podem desempenhar um papel nos debates atuais em torno dos direitos territoriais indígenas. Eles servem como prova tangível da ocupação, do modo de vida e da relação de um ancestral com a floresta", dizem os autores no artigo.

A proteção de seus territórios, línguas, culturas e heranças, segundo os autores, deve ser compreendida como milenar, como são, e não ligada a uma data tão recente.

"Além de proteger os povos originários que permanecem, a instituição das Terras Indígenas também colabora com a conservação das florestas em tempos de debates sobre mudanças climáticas e de busca por soluções que minimizem os impactos ao clima e promovam a neutralidade carbônica", completam.





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