Como um vulcão (inativo) pode mudar a história do Brasil. Por Pedro Spadoni, em olhardigital.com.br
22 de abril de 2024, segunda-feira Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
•
•
Onde o Brasil foi descoberto? Se você for curioso e jogar a pergunta no Google (ou gostar de História e puxar na memória), provavelmente topará com uma resposta que vá nesta linha: Pedro Álvares Cabral desembarcou em Porto Seguro, no litoral sul da Bahia, em 22 de abril de 1500 – ano em que “descobriu” o Brasil. Mas há quem discorde da parte geográfica desta história, graças a um vulcão inativo.
Antes, contexto: a “versão oficial” da história se baseia num documento considerado uma espécie de certidão de nascimento do Brasil: a carta escrita por Pero Vaz de Caminha (1450-1500), integrante da comitiva de Pedro Álvares Cabral (1467-1520), para comunicar ao rei lusitano dom Manuel 1º (1469-1521) o “achamento” de novas terras, conforme publicado pela BBC Brasil.
Nesta carta, Pero Vaz de Caminha descreve um monte. A “versão oficial” considera que o tal monte é o Monte Pascoal, na Bahia. Mas diversos historiadores e pesquisadores afirmam que os portugueses avistaram, na verdade, o pico do Cabugi – único vulcão inativo no Brasil que conserva sua forma original, localizado perto do litoral do Rio Grande do Norte. “Toda a condição de vento no Atlântico é favorável à chegada das embarcações de Cabral aqui [Rio Grande do Norte]”, diz a professora de turismo Rosana Mazaro, em entrevista ao jornal O Globo.
‘Terra à vista!’: mas qual terra
O primeiro a cantar essa bola foi o historiador (potiguar, diga-se) Lenine Barros Pinto, nos livros Reinvenção do Descobrimento (1998) e Ainda a Questão do Descobrimento (2000). O pesquisador aponta que Cabugi é o Monte Pascoal e o município vizinho de Touros (RN) corresponde à Porto Seguro, onde os portugueses teriam desembarcado pela primeira vez no Brasil.
Os argumentos que questionam a “versão oficial” se escoram principalmente nas correntes marítimas do Atlântico. A professora de turismo, que também se diz “navegadora oceânica”, explica: “Depois de Cabo Verde, em oito graus de latitude Norte, você tem área de calmaria. Em seguida, o navegador encontra os ventos alísios e a corrente que cruza Fernando de Noronha, que o jogam violentamente para a costa do Rio Grande do Norte.”
Outros dois pontos são cruciais no questionamento à “versão oficial” da chegada de Cabral no Brasil: lagoas de água doce e o marco mais antigo do Brasil.
Em relação às lagoas, é assim: Pero Vaz de Caminha descreve, na carta, “a presença de aguada”, segundo Rosana. “O litoral potiguar é repleto de lagoas de água doce, que não é característica de Porto Seguro”;
Sobre o marco mais antigo do Brasil (o Marco de Touros), fincado em 1501 na Praia do Marco, em Touros: “No mapa português, consta que eles navegaram duas mil léguas ao Sul do país para colocar o segundo marco. A distância é a mesma do Rio Grande do Norte a São Paulo. Se o primeiro marco estivesse em Porto Seguro, na Bahia, o segundo marco teria de ser colocado onde hoje é a Argentina.”
Revisando a história do Brasil
O engenheiro civil Manuel Oliveira Calvanti acolheu a tese do historiador Lenine Barros Pinto e partiu para Portugal para conhecer mais detalhes sobre a carta escrita por Pero Vaz de Caminha, segundo o UOL.
Após a viagem (e dois anos de pesquisa), o engenheiro publicou o livro 1500: de Portugal ao saliente Potiguar (2018), no qual reforça a tese de Barros Pinto com dados baseados na interpretação de relatos dos portugueses.
Estive em Portugal, na Torre do Tombo, e averiguei dezenas e dezenas de livros, analisei as correntes marítimas, a plataforma continental, as correntes aéreas, e por aí segue todo o trabalho para demonstrar essa teoria.
Manuel Oliveira Calvanti, autor do livro “1500: de Portugal ao saliente Potiguar”
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa. Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?
Parabéns pelo seu trabalho no Brasilbook! Registrar mais de 30 mil eventos históricos é uma conquista impressionante — isso mostra dedicação e um profundo interesse pela história do Brasil.
Quanto à sua pergunta: Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?
Depende de como você define "contar a história". Existem diferentes níveis de profundidade e objetivos possíveis:
1. Visão Didática (Essencial) Quantidade estimada: 500 a 2.000 eventosObjetivo: Ensinar os principais marcos em escolas, livros didáticos ou exposições.Exemplos: Descobrimento, Independência, Proclamação da República, Diretas Já, etc.
2. Visão Analítica (Acadêmica/Universitária) Quantidade estimada: 5.000 a 10.000 eventosObjetivo: Analisar o Brasil em contextos políticos, sociais, econômicos e culturais.Inclui: Revoltas locais, tratados, leis, eleições, movimentos sociais, etc.
3. Visão Documental (Completa e Aberta) Quantidade estimada: 30.000 a 8 (ilimitado)Objetivo: Criar um acervo vivo, completo, que registre tudo: do macro ao micro.Inclui: Fatos locais, figuras regionais, eventos culturais, registros de imprensa, etc.Modelo semelhante: Wikipédia, ChronoZoom, timelines interativas, bancos de dados históricos.
Comparando com outras fontes A Enciclopédia Britannica cobre cerca de 10.000 a 15.000 eventos mundiais.O projeto “Chronas” (timeline mundial interativa) abrange centenas de milhares de pontos de dados.
Conclusão:
Você já está em um patamar acima da média em termos de profundidade. Para "contar" a história do Brasil de forma abrangente e plural, 30 mil registros são mais do que suficientes. Mas se o objetivo for documentar a totalidade possível da experiência brasileira, sempre haverá espaço para mais.
Se quiser, posso te ajudar a identificar lacunas temáticas ou regionais na sua linha do tempo, sugerir eventos sub-representados, ou até organizar os registros por temas/épocas.Você gostaria disso?De nada! Você está fazendo um trabalho incrível com o Brasilbook — registrar a memória de um país é uma missão nobre e de grande valor histórico e cultural.Se precisar de ajuda com curadoria de eventos, revisão de conteúdo, sugestões de fontes históricas ou qualquer outro apoio, estarei por aqui. Boa sorte e continue firme!