Paul Ricoeur foi um dos grandes filósofos e pensadores franceses do período que seguiu a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Foi professor da Universidade de Sorbonne, na França, e investigou durante seus estudos questões sobre a natureza da história, utilizando elementos da filosofia, da linguística e da psicanálise. Para o filósofo, os acontecimentos históricos não têm um sentido intrínseco e não acompanham uma progressão linear ou seguem um objetivo final previamente determinado. Seu trabalho define a história como resultado da capacidade humana de narrar e dar sentido à própria existência. Esta pesquisa reflete sobre o trabalho de Ricoeur, procurando investigar as implicações dos estudos filosóficos (sobre temas como narrativa e existência) no seu pensamento historiográfico.1Qual pergunta a pesquisa responde?Qual resposta ao problema do sentido aparece na filosofia da história de Paul Ricoeur?2Por que isso é relevante?A história tem um sentido? Ou será que os acontecimentos se sucedem no tempo de forma caótica, contingente e sem qualquer propósito que os reúnam? A pergunta pelo sentido tem um profundo significado existencial. Do ponto de vista da filosofia ricoeuriana, “a vida é uma narrativa em busca de narrador”, o que significa dizer que narrar histórias é uma das capacidades que nos fazem humanos, além de ser uma necessidade existencial e ética. O que diferencia a vida humana de um simples fenômeno biológico é a qualidade pré-narrativa da experiência, a estrutura simbólica da ação humana que oferece as condições para que essa ação possa receber os sentidos elaborados narrativamente pelos seres humanos. Para Ricoeur, a estrutura narrativa não é uma projeção arbitrária da linguagem sobre a vida, mas uma demanda da própria existência. Seus estudos oferecem a perspectiva de que os seres humanos estão sempre emaranhados em histórias e narrativas, a tal ponto que existe uma identidade entre o que nós somos e a nossa própria história.3Resumo da pesquisaA pesquisa teve como tarefa investigar o problema do sentido na filosofia da história de Paul Ricoeur (1913-2005). A hipótese central do trabalho é que o problema do sentido na filosofia ricoeuriana poderia ser interpretado a partir da combinação entre o modo historiográfico de pensar sobre a existência e uma filosofia da linguagem. Ou seja, que a compreensão da existência humana, para o filósofo, demandaria a mediação pelos significados produzidos pela linguagem, assim como os significados produzidos pelo discurso ganhariam seu verdadeiro sentido quando trouxessem orientação para a experiência. Dessa forma, para ele, o sentido operaria uma mediação entre existência e linguagem sem desembocar em uma síntese final ou saber absoluto: uma dialética imperfeita, aberta e fragmentária, sob o signo do inacabamento.4Quais foram as conclusões?As ponderações de Ricoeur sobre o problema do sentido apresentam uma alternativa às perspectivas mais céticas e niilistas, sem recair em uma abordagem determinista ou em um otimismo ingênuo acerca do sentido da história. Em outros termos, para ele, a reflexão sobre o sentido da história não pode desconsiderar as experiências de falta de sentido.Além disso, um dos legados da obra ricoeuriana é indicar que a filosofia da história não deve se restringir a uma análise das condições históricas como conhecimento científico, objetivo e descritivo. O diálogo com a filosofia da existência permite que os estudos sobre como se organiza e se conta a história levem em consideração que ela está irremediavelmente atrelada a diferentes perspectivas e narrativas, produzidas por diferentes indivíduos e sociedades, e por isso em constante construção.5Quem deveria conhecer seus resultados?Historiadores, filósofos, linguistas e pesquisadores da área de humanidades.Breno Mendes é professor adjunto na Faculdade de História da Universidade Federal de Goiás. Autor dos livros “A representação do passado histórico em Paul Ricoeur” (Editora FI) e “Limiar: estudos de teoria, metodologia e ensino de história” (CEGRAF UFG).ReferênciasRICOEUR, Paul. A memória, a história e o esquecimento. Trad. Alain François et al. Campinas: Editora da Unicamp, 2007.________. Tempo e narrativa. Trad. Claudia Berliner. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2010. 3 v.LÖWITH, Karl. O sentido da História. Lisboa: Edições 70, s/d.PORÉE, Jérôme. L’existence vive: douze études sur la philosophie de Paul Ricoeur. Strasbourg: Presses Universitaires de Strasbourg, 2017.SCHAPP, Wilhelm. Envolvido em histórias: sobre o ser do homem e da coisa; tradução: Maria da Glória Lacerda Rurack, Klaus-Peter Rurack. – Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Ed., 2007.
Eu sempre acreditei em números. Em equações. E na lógica que leva a razão. Mas depois de uma vida em tal busca eu pergunto: O que é mesmo a lógica? Quem decide o que é racional? Tal busca me levou através da física, da metafísica, do delírio, e de volta. E então eu fiz a descoberta mais importante da minha carreira. A descoberta mais importante da minha vida: É somente nas misteriosas equações do amor, que alguma lógica real pode ser encontrada. Eu só estou aqui essa noite por sua causa. Você é razão pela qual existo. Você é toda minha razão.
Data: 01/12/1994 Fonte: Discurso de John Forbes Nash Jr. (1928-2015) ao receber o Prêmio de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel*