29 de janeiro de 1970, quinta-feira Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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O caminhoneiro Waldomiro Dias Baptista sempre colocava um retrato no bolso do paletó antes de sair de casa. O ritual era uma tentativa de encontrar o garoto de 15 anos de idade presente na fotografia, de porte físico atarracado e cabelos penteados para o lado.
A imagem continha o rosto de seu filho, o sorocabano Marcos Antônio Dias Batista, reconhecido pelo governo brasileiro como o mais jovem desaparecido político do regime militar no País. O estudante, militante da Frente Revolucionária Estudantil, vinculada à Vanguarda Armada Revolucionária (VAR) Palmares, foi visto pela última vez entre março e maio de 1970 no norte de Goiás- atual estado do Tocantins. Os seus restos mortais nunca foram encontrados.
O nome de Marcos Antônio é um dos 362 que integram a lista oficial da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, vinculada à Secretaria de Direitos Humanos. O sumiço do estudante ocorreu há 44 anos e até hoje o governo federal não conseguiu responder três perguntas à família: a data precisa do desaparecimento, a causa da morte e a localização do corpo.
As circunstâncias do desaparecimento são relacionadas à participação de Marcos Antônio na VAR Palmares pelos lados do Centro-Oeste do País. A organização guerrilheira, considerada de extrema esquerda, era formada por vários grupos de resistência ao regime. Um dos seus integrantes foi a atual presidente do Brasil, Dilma Rousseff. O objetivo era combater o sistema vigente, com simples contestações verbais até a utilização de táticas de guerrilha, que incluíam sequestros e assaltos.
O sumiço de Marcos Antônio, que sonhava com uma revolução socialista, transformou a vida de seus pais em uma busca incansável por respostas. Waldomiro Dias Baptista, nascido em Salto de Pirapora, e Maria de Campos Baptista viajaram por todos os cantos do País na tentativa de encontrar alguma notícia relacionada ao estudante.
Percorreram presídios de Goiânia, Brasília e Juiz de Fora, para onde eram levados presos políticos. Tentaram localizá-lo inclusive fora do Brasil. Com a Lei da Anistia, em 1979, recepcionaram exilados em saguões de aeroportos na esperança de revê-lo.
O patriarca da família chegou a visitar Porto Velho, capital de Rondônia, pois soube que um padre da cidade havia abrigado um rapaz com o mesmo nome. Ao chegar lá, descobriu que a pessoa em questão não tinha as características físicas de seu filho.
Waldomiro morreu atropelado em 1992, aos 86 anos, sem ter notícias de Marcos Antônio. A assistente social Maria de Campos prosseguiu a busca pelo filho. Em 15 de fevereiro de 2006, ela teve um encontro com o então ministro da Defesa e vice-presidente da República, José Alencar. A audiência ocorreu por meio de uma decisão judicial e serviu para a família pedir mais empenho nas investigações.
Após a reunião em Brasília, Maria de Campos seguiu de carro rumo a Goiânia. No trajeto, o veículo se envolveu em um acidente na BR-060. A batida provocou a morte da mãe de Marcos Antônio, aos 78 anos de idade, e encerrou uma luta de mais de três décadas pela verdade.
Militância
Marcos Antônio iniciou a militância em 1968, na capital de Goiás, junto com um de seus irmãos, Waldomiro Antônio de Campos Batista, o Mirinho- quatro anos mais velho. A decisão ocorreu em um momento considerado como o catalisador das manifestações de rua contra o regime autoritário.
Esse despertar aconteceu em 28 de março do mesmo ano com o assassinato do jovem Edson Luiz de Lima Souto, 16, morto no Rio de Janeiro com um tiro no peito por policiais militares após um protesto pela má qualidade da alimentação fornecida pelo restaurante universitário Calabouço - subsidiado pelo governo - aos estudantes.
Logo Marcos Antônio entrou para a clandestinidade, graças ao cerco feito pela repressão. Adotou os codinomes Miguel e Claudio, que aparecem juntamente com o seu nome verdadeiro em um edital publicado em 25 de julho de 1972 no Diário Oficial do Estado de Goiás e nos jornais O Popular e Folha de Goiaz.
O documento é assinado por José Xavier do Bonfim, chefe do setor de Ordem Política e Social da Divisão de Polícia Federal de Goiás, vinculado ao Ministério da Justiça. O texto revela um inquérito policial instaurado para apurar crimes praticados contra a segurança nacional e exige o comparecimento do estudante sorocabano à repartição no prazo de dez dias. O curioso é que Marcos Antônio estava desaparecido havia dois anos.
Mirinho, hoje com 63 anos, lembra com detalhes os últimos encontros com Marcos Antônio ocorridos em 1970. O também integrante da VAR Palmares morava em um aparelho situado na 409 superquadra sul de Brasília, na clandestinagem. Foi a um ponto com Helvécio Ratton (que em 1995 dirigiu o filme O menino maluquinho), cujo codinome era Clemente, e soube que o irmão mais novo estava na cidade.
Outro ponto foi marcado na W3 Sul, em frente ao prédio da Rádio Nacional. Para a surpresa de Mirinho, quem apareceu foi Marcos Antônio. "Ele (Marcos Antônio) falou que o Clemente tinha lhe dado o ponto para o encontro comigo. Disse estar sem dinheiro e precisava arrumar algum lugar para dormir", comenta. "Eu respondi que em casa não dava, pois se a polícia chegasse prenderia os dois." O destino foi a residência do então vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Honestino Guimarães.
Em 29 de janeiro de 1970, Mirinho foi surpreendido com um som do lado de fora do seu apartamento. Pegou dois trabucos e, ao abrir a porta, deu de cara com Marcos Antônio. "A gente se abraçou e chorou muito", lembra.
Mirinho tentou convencer o irmão a ir ao Rio de Janeiro para erguer a organização naquela região. A resposta de Marcos Antônio foi taxativa: "Já tenho um propósito na vida, que é de quem faz revolução. E quem faz revolução é camponês." Na sequência, se despediu: "Mais à frente, na luta, a gente se encontra."
Depois desse dia, Mirinho nunca mais viu Marcos Antônio. O desaparecimento motivou o militante a mergulhar no estudo da atividade camponesa na região central do país.
O foco foi a Revolta de Trombas e Formoso, ocorrida na região norte de Goiás entre 1950 e 57. Após o golpe militar de 64, os camponeses dessa localidade foram seguidamente torturados e perseguidos.
No governo do presidente Fernando Henrique Cardoso foram liberadas as informações, até então sigilosas, da Revolta de Trombas e Formoso. Em suas pesquisas, Mirinho descobriu o depoimento de um integrante da VAR Palmares à Polícia Federal, que teria se encontrado com Marcos Antônio em maio de 1970, em Goiás. O estudante sorocabano teria dito a seguinte frase ao colega: "Estou com medo porque o Gimenez sabe onde eu estou. Fiquei sabendo que o Gimenez está preso."
De acordo com Mirinho, a pessoa citada seria Armando Gimenez, um jornalista de Santos que esteve em Trombas ao se unir com estudantes da Escola Técnica de Piracicaba. "Acredito que essa informação leve a gente a pensar que o meu irmão desapareceu naquela região", conta.
O principal suspeito por sua morte é Marcus Antônio de Brito Fleury, ex-diretor regional da Polícia Federal, ex-superintendente do Departamento Estadual de Ordem Política e Social (DEOPS) e ex-chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI) de Goiás. Ele faleceu em 2012.
Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]
Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.
Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.
meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.
Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.
Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.
Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele: 1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689). 2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife. 3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias. 4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião. 5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio. 6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.
Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.
Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.
A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.
Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.
Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.
A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."
(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.
"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba
Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.