Ele próprio, Gabriel Soares, figurou entre os que se dedicaram a essa exploração, aproveitando o roteiro deixado por seu irmão João Coelho de Souza. No empenho de chegar às nascentes do São Francisco, tomou rumo do Paraguaçú, possivelmente para por meio dele alcançar a oeste o vale do São Francisco. A morte, porém, o deteve a maio de suas viagens, nas cabeceiras do Paraguaçu, zombando mais uma vez do esforço dos pesquisadores de ouro.
Ainda sobre as suas pegadas seguiria mais tarde Belchior Dias Moreya, primo de Gabriel Soares e habitante do sertão do Rio Real, em Sergipe. [Página 36]
Confirmando esses dados, o precioso manuscrito intitulado Livro que dá Rezão do Estado do Brasil escrito em 1612, informava que se não sabia onde nascia o São Francisco "posto que por ele acima se tem navegado mais de trezentas léguas, até que, espantados da multidão do gentio que encontraram, se tornaram atrás os navegantes".
Pelas medidas atuais, essas 300 léguas representariam o conhecimento do rio acima do Carinhanha e não muito longe da embocadura do Mangaí, dentro do território mineiro, o que de certo reforçaria a interpretação do "Mangai" com o famoso "Monayl" da expedição de Espinhosa. Convenhamos, porém, em que as avaliações antigas não apresentam tão grande exatidão.
De São Vicente, mais ou menos por essa época, saíra, à procura da região doo São Francisco, uma importante expedição, cujo comando se atribui a André de Leão. Não está perfeitamente apurado se se refere a essa entrada, ou a alguma outra um pouco posterior, o roteiro deixado por Wilhelm Glimmer e divulgado na obra de Piso e Markgraf.
O ponto de referência, para a fixação de sua data, é a chegada de D. Francisco de Sousa a São Vicente, como governador. O fato se repetiu em momentos diversos, em 1599 e em 1609, dentro das mesmas circunstâncias referidas no roteiro de Glimmer. Dai depreendeu Capistrano de Abreu a conclusão de que o itinerário se poderia referir à viagem de André de Leão, em 1601, como a alguma outra exploração de 1611. [O devassamento do Piauí, 1946. Barbosa Lima Sobrinho. Páginas 37 e 38]
O que nos interessa, porém, nesse roteiro, é que ele revela o devassamento de uma importante região do território atual de Minas. Conta que D. Francisco de Sousa recebera de "um brasileiro um certo metal extraído, segundo dizia, dos montes Sabaroason".
A bandeira promovida para o encontro dessa região, depois de um longo percurso, chegou a uma estrada larga e trilhada e a dois rios de grandeza diversa, que correndo do sul entre as serras Sabaraasu, rompem para o norte, e é minha opinião [O devassamento do Piauí, 1946. Barbosa Lima Sobrinho. Página 38]